APLICAÇÕES MEDICINAIS DA ESPÉCIE PHYLLANTHUS NIRURI L. (QUEBRA-PEDRA: DIÁLOGOS ETNOGRÁFICOS
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Produtos Naturais
Autores
Lima, K.M. (UEA) ; Conceição, R.R. (UEA) ; Pinheiro, A.S. (UEA) ; Silva, C.M. (UEA) ; Dutra, R.D.G. (UEA) ; Assis Júnior, P.C. (UEA) ; Santos, M.J. (UEA) ; Eleuterio, C.M.S. (UEA)
Resumo
Este estudo foi desenvolvido por alunos do Curso de Química com a intenção de mostrar o diálogo entre o conhecimento tradicional de plantas medicinais e os conhecimentos da química moderna. Para isso, foram entrevistadas 20 pessoas de três bairros distintos, com idade entre 30 a 90 anos na cidade de Parintins-AM. A entrevista possibilitou coletar informações sobre as propriedades curativas da espécie Phyllanthus niruri L. (quebra-pedra). A estratégia metodológica do estudo foi denominada de “Diálogos Etnográficos” por permitir o contato, o diálogo com as pessoas detentoras do conhecimento sobre plantas medicinais e por possibilitar a comparação com estudos já realizados em instituições de pesquisa. O estudo se configurou uma nova maneira de apresentar a química na escola e na universidade.
Palavras chaves
PHYLLANTHUS NIRURI L. ; APLICAÇÕES MEDICINAIS; DIÁLOGOS ETNOGRÁFICOS
Introdução
Este estudo tem a finalidade de evidenciar as aplicações medicinais da espécie vegetal Phyllanthus niruri L. conhecida na região do Baixo Amazonas como “quebra-pedra”. De acordo com Michiles (2004) a Organização Mundial da Saúde – OMS vem estimulando o uso da medicina tradicional nos sistemas de saúde de forma integrada às técnicas da medicina ocidental moderna. Na Amazônia existem várias espécies vegetais que são utilizadas na medicina tradicional dentre elas, a Phyllanthus niruri L. De acordo com o Centro de Informações sobre Medicamentos Plantas Medicinais e Tóxicas – CIMPLAMT (2012), determinadas populações utilizam folhas e raízes no preparo de chás para afecções do fígado, icterícia, cólicas renais, moléstias da bexiga, retenção urinária e eliminação de ácido úrico. Os frutos, as sementes e as folhas no combate do diabetes, para dor nos rins e bexiga e como diurético. De acordo com Aita (2009), as folhas de quebra-pedra são litolíticas, isto é, possuem propriedades de dissolver cálculo renal e de bexiga e são eupépticas facilitam uma boa digestão. Para confirmar os estudos desenvolvidos por Marques (2010), Veiga Júnior (2008), Michiles (2004) e outros pesquisadores, foi realizada uma investigação a respeito da Phyllanthus niruri em três bairros periféricos da cidade de Parintins-AM. Foram envolvidos na pesquisa professores e alunos do 1º período do Curso de Química da Universidade do Estado do Amazonas, Campus Parintins. A metodologia utilizada foi denominada de “Diálogos Etnográficos”, subsidiada pela técnica de entrevista. Os resultados foram satisfatórios, confirmando as aplicações medicinais da espécie investigada e a possibilidade de contextualização na educação básica e no processo de formação inicial de professores de Química.
Material e métodos
Este estudo de caráter qualitativo se fundamenta na pesquisa do tipo etnográfica. De acordo com Vieira e Zouain (2005) a pesquisa qualitativa atribui importância fundamental aos depoimentos dos atores sociais envolvidos na investigação, aos discursos e aos significados transmitidos por eles, preza pela descrição detalhada dos fenômenos e dos elementos que os envolve. A pesquisa do tipo etnográfica, de acordo com Souza e Barroso (2008), consiste num estudo profundo e exaustivo sobre o contexto e o comportamento de pessoas investigadas. Este tipo de pesquisa exige do investigador habilidade que possibilite enxergar tudo que está à sua volta. O enxergar, no sentido etnográfico, vai além da visão, alcança o âmbito de perceber o ambiente e as interações com todos os sentidos e apreendê-lo nas diversas dimensões possíveis. De acordo com Gertz (2014), o fazer a etnografia é comparada à leitura de um manuscrito estranho, ou mais especificamente à construção da leitura deste manuscrito. Para confirmar as informações teóricas evidenciadas neste estudo, relacionadas com as aplicações medicinais da espécie vegetal Phyllanthus niruri L., alunos do Curso de Química da Universidade do Estado do Amazonas, Campus Parintins, visitaram 20 residências distribuídas em três bairros periféricos para conhecer a aplicabilidade da espécie investigada. Foram contactadas aproximadamente 20 pessoas, homens e mulheres, com idade entre 30 a 90 anos. A coleta de informações se deu por meio de uma entrevista, com perguntas pré-definidas. A metodologia deste estudo foi denominada de “Diálogos Etnográficos” por ter permitido o contato, o confronto e o diálogo com o outro (sujeitos investigados). Os resultados foram satisfatórios corroborando estudos já desenvolvidos e publicados.
Resultado e discussão
Na parte introdutória deste trabalho foram evidenciadas informações sobre a aplicação da espécie Phyllanthus niruri L. De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS, 85% da população de países desenvolvidos utilizam plantas medicinais nas preparações de chás, extratos, unguentos e outros (TEIXEIRA et al., BRASIL, 2006). A espécie Phyllanthus niruri L. (Figura 1) é conhecida na região do Baixo Amazonas como quebra-pedra e é utilizada nos aldeados indígenas, nas comunidades tradicionais e em áreas urbanas como medicamento alternativo. Os resultados das entrevistas (relatos etnográficos) e o estudo desenvolvido por Lionço et al. (2001), comprovaram a utilidade dessa planta (Figura 2). De acordo com Oliveira (2012) e Lionço et al. (2001), todas partes da Phyllanthus niruri L., incluindo as raízes são utilizadas na preparação de chás para tratar cálculos renais e urinários, infecções intestinais, diabetes e hepatite, ações antivirais e urolitiásica. Durante o estudo, os alunos tiveram a curiosidade de buscar outras informações que comprovassem o princípio ativo dessa planta pois, desejavam realizar um diálogo entre o Etnoconhecimento e alguns conteúdos da Proposta Curricular do Curso de Química. Os estudos desenvolvidos por Marochio e Olguin (2013), permitiam essa possibilidade tomando como referência para a contextualização o princípio ativo da Phyllanthus niruri L., o estradiol (Figura 3). De acordo com Marochio e Olguin (2013), este tipo de atividade deixa evidente a presença da química em distintas situações do no nosso dia-a-dia. Realizar uma pesquisa sobre os princípios ativos de plantas medicinais é estabelecer relação entre o Etnoconhecimento e o conhecimento da química.
Conclusões
Esta investigação contribui com o conhecimento dos alunos de Química, pois a partir dos resultados, perceberam a importância dos estudos que envolvem as propriedades, potencialidades e aplicações das plantas medicinais. Foi relevante conhecer as especificidades da espécie Phyllanthus niruri L. as propriedades bioativas que ajudam no tratamento de certas doenças. Espera-se que este estudo contribua para a divulgação da estratégia metodológica “Diálogos Etnográficos” e incentive professores e alunos a buscarem novas formas mostrar a química na escola e na universidade.
Agradecimentos
Aos sujeitos investigados que contribuíram com o estudo; aos professores Renner Dutra e Dilce Pio pelas valiosas orientações.
Referências
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