Uso do extrato alcoólico de Centrosema brasilianum como indicador natural: um recurso alternativo para o ensino de ácidos e bases
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, E.J. (UFOPA) ; Rabelo, A.C. (UFOPA) ; Santos, F.R.R. (UFOPA)
Resumo
O ensino de ciências sofre com o desinteresse dos alunos, com isso é necessário que os professores utilizem de meios para trazer os alunos para a sala de aula e despertar neles o interesse. Assim as aulas experimentais são as mais escolhidas. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo geral investigar o potencial de produção de um indicador ácido-base natural através do extrato alcoólico de centrosema brasilianum que será utilizado em aulas experimentais pelos alunos de ensino médio. As flores foram coletadas as margens da rua Dom Frederico Costa na cidade de Santarém- Pará, seu extrato foi produzido e testado em soluções de HCl e NaOH a 0,1 mol/L e água deionizada tendo sua coloração modificada em função do pH o extrato se mostrou eficaz podendo substituir indicadores industriais
Palavras chaves
indicador natural; ensino-aprendizagem; ácido-base
Introdução
A partir da observação da maneira como o ensino de Química se desenvolve nas escolas do ensino básico, é possível notar que existe uma falta de interesse doa estudantes pelos conteúdos explorados nessa disciplina, além de que eles adquirem uma imagem completamente distorcida sobre a mesma, chegando ao ponto de considerá-la como uma atividade que não tem relação com o seu cotidiano (PORTO e KRUGER, 2013). Percebe-se a clara necessidade dos alunos se relacionarem com os fenômenos sobre os quais se referem os conceitos, justificando a experimentação como parte do contexto escolar, sem que represente uma ruptura entre a teoria e a prática (PLICAS et.al., 2010). Nesse contexto cabe ao professor a responsabilidade de inserir práticas experimentais com materiais alternativos para promover a ligação entre teoria e prática junto ao cotidiano do aluno possibilitando a criação de modelos que tenham sentidos para ele, a partir de suas próprias observações (HESS, 1999). Segundo (FRANCISCO-JR et.al., 2008), é difícil para os alunos compreenderem as teorias de ácidos e bases e distinguirem em seu cotidiano ácido de base. O uso de indicadores feitos com extrato de flores facilita o processo de ensino aprendizagem despertando o interesse dos estudantes devido à coloração natural das espécies químicas contidas nos tecidos vegetais e suas mudanças de cor em função do pH (CORTES et al., 2007). Com esse intuito de ensino contextualizado aliado à praticas com materiais de baixo custo foi estudado o potencial de produção de um indicador natural através do extrato da flor centrosema brasilianum para utilização nas escolas de ensino médio no ensino de ácidos e bases.
Material e métodos
As flores foram coletadas as margens de uma rodovia na cidade de Santarém – Pará, armazenadas em um recipiente protegido da luz foram transportadas para posterior produção do extrato. O extrato foi produzido macerando as pétalas da flor de centrosema brasilianum imersa em etanol como descrito por Dias (2003), após essa etapa o extrato foi filtrado por gravidade e armazenado em frasco âmbar. Os testes foram feitos gotejando cerca de 2 mL de extrato em alíquotas de 20 mL de soluções de HCl e NaOH ambas a 0,1 mol/L, suco de limão, água sanitária e água deionizada.
Resultado e discussão
De acordo com os resultados obtidos pode-se verificar a variação de
coloração do extrato em função do pH, apresentando três mudanças de cloração
sendo essas da esquerda para a direita, verde em meio básico, transparente
em meio neutro e rosa em meio ácido, como mostrado na imagem abaixo.
Desta forma a utilização do extrato natural de centrosema brasilianum é mais
viável para o uso em aulas experimentais quando comparados com o indicador
fenolftaleína por ser mais barato e apresentar mais mudanças de coloração em
função do pH.
Mudança de coloração em função do pH, coloração em meio básico(verde), neutro(transparente) e ácido (rosa).
Conclusões
O uso do indicador natural pode servir para facilitar a relação entre teoria e prática no ensino de ciências, sendo um aliado para o ensino de ácido-base devido sua fácil produção e alta eficiência, podendo ser um substituto dos indicadores industriais. Vale ressaltar ainda que seu uso é importantíssimo para a valorização da flora brasileira.
Agradecimentos
à UFOPA
Referências
CORTES, M. S.; Ramos, L. A. & Cavalheiro, E. T. G. (2007). Titulações espectrofotométricas de sistemas ácido-base utilizando extrato de flores contendo antocianinas. Química Nova, 30(4), 1014- 1019
DIAS, Marcelo Vizeu; et. al. Corantes Naturais: Extração e emprego como indicadores de pH. Química Nova na Escola. Niterói, n. 17, p.27-31, 2003. FRANCISCO-JR, W. E.; FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R. Experimentação Problematizadora: Fundamentos Teóricos e Práticos para a Aplicação em Salas de Aula de Ciências. Química Nova na Escola, n. 30, p. 34 – 41, 2008.
HESS, S. Experimentos de química com materiais domésticos: ensino médio. São Paulo. Moderna, 1997.
PLICAS, L. M. A. et al, O uso de práticas experimentais em Química como contribuição na formação continuada de professores de Química. Instituto de Biociências, letras e Ciências Exatas – UNESP, São José do Rio Preto, 2010.
PORTO, E. A. B.; KRUGER, V. Breve Histórico do Ensino de Química no Brasil. In: ENCONTRO DE DEBATES SOBRE O ENSINO DE QUÍMICA, 33, 2013, Ijuí. Anais do 33º EDEQ. Ijuí: Unijuí, 2013.