Prática do feijão: integrando saberes químicos.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Oliveira, L.A.T. (IFAM) ; Santos, M.S.L. (IFAM) ; Cardoso, M.S. (IFAM) ; Silva, B.M.H. (IFAM)
Resumo
O presente trabalho se beneficiou de uma pratica simples, mas de grande impacto para o ensino/aprendizagem, pois integra interdisciplinaridade e contextualização, além de fomentar uma das atividades do Técnico em Agropecuária. Trata-se da germinação e desenvolvimento do feijão. Com a experiência realizada na turma do 1º ano do IFAM, campus Maués, nos distanciamos do ensino tradicional. É sabido que este modelo não desperta o interesse do aluno, pois neste processo de ensino, o mesmo não percebe o significado ou a importância do que ele estuda. Nosso objetivo foi desenvolver o ensino de química que evidencie a sua aplicabilidade, relacionando teoria e prática, tornando os conteúdos úteis às rotinas do Técnico em Agropecuária. Atividade exitosa, pois trouxe grande benesses aos discentes.
Palavras chaves
Cotidiano; Ensino; Interdisciplinaridade
Introdução
A disciplina química é uma matéria integradora, sendo fácil a sua relação com outras disciplinas e com o cotidiano do discente, mas o que muitas vezes se observa é um ciclo engessado entre livro, exercício e avaliação fora de sua realidade. Essa metodologia não desperta o interesse do aluno, pois neste processo de ensino, o mesmo não percebe o significado ou a importância do que ele estuda. O modelo de ensino tradicional não é admitido nos cursos técnicos, pois necessitam de conexão entre os conteúdos da base nacional com as disciplinas técnicas. É justamente essa inter-relação que vai fortalecer a sua prática profissional, caso contrário, o futuro técnico fica com a impressão que o conhecimento é compartimentado, distantes uns dos outros o que não colabora para a sua aprendizagem e nem o prepara para o mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2016). Uma atividade simples e de grande alcance, que integra interdisciplinaridade e contextualização é a experiência da germinação e desenvolvimento do feijão (Phaseolus vulgaris L.). Nesta praxe há riquezas de temáticas que podem ser apoderadas, em nosso trabalho, demos um maior destaque nos alimentos das plantas. A planta é um ser vivo e como todo ser vivo necessita de alimento para viver, após a germinação do feijão, existe a necessidade de alimentá-lo. O hidrogênio e oxigênio provêm principalmente da água, o carbono vem do CO2 do ar atmosférico, os demais nutrientes do solo (MALAVOLTA, 2002). Os nutrientes são, na verdade, elementos químicos que de acordo com a quantidade aplicada por hectares podem ser classificados como macronutrientes e micronutrientes. Desse modo o objetivo do trabalho foi apresentar um ensino de química que evidencie a sua aplicabilidade, relacionando teoria e prática, tornando os conteúdos úteis às rotina
Material e métodos
As atividades práticas aconteceram no Instituto Federal do Amazonas, campus Maués, na turma do Curso Técnico em Agropecuária do 1º ano, nas aulas de química. Materiais utilizados na experiência: balança de precisão, régua, caneta, papel e o quite da germinação (02 feijões, 02 copinhos de café de 50 mL e 02 bolas de algodão). O projeto foi dividido em três etapas: 1º Etapa: Explicação do projeto. Neste a turma foi dividida em quatro grupos formados por oito componentes, cada equipe recebeu dois feijões com o seguinte questionamento. O que o grão de feijão precisa para germinar? Após as respostas verificou-se a massa dos grãos de feijões e explanou-se o procedimento técnico para a germinação e a entrega do quite. 2º Etapa: Cálculo da massa e da altura do feijoeiro após uma semana. Verificou-se em cada grupo, o quanto de massa um dos grãos ganhou e a altura, pela diferença das massas iniciais e finais. Com isso, foram feito os seguintes questionamentos: De onde o grão de feijão ganhou massa? Com o plantio no solo, o que o feijoeiro precisa para o seu melhor desenvolvimento? Quais são os macros e micronutrientes? O que o grupo aprendeu com a experiência. O segundo feijoeiro de cada grupo foi plantado ao final da aula. 3º Etapa: Alimento das plantas e relatório. Fechado o projeto explanamos a importância da química para o desenvolvimento da agricultura modera.
Resultado e discussão
No primeiro questionamento, buscamos os saberes primários. Os alunos trazem de seu cotidiano as necessidades que o grão precisa para germinar e se desenvolver, como regar diariamente.
Na prática, os alunos perceberam o ganho de massa dos grãos. Uma das sementes tinha massa de 0,445g e após uma semana estavam com 2,158g (Figura 1), com relação à altura do feijoeiro um deles chegou a 25cm (Figura 2). Uma explicação na diferença de altura se deu em decorrência do atraso no início da experiência de alguns grupos e na incidência de luz.
Água e luz na quantidade certa, possibilitaram o processo de germinação, mesmo no algodão. Com uma semana, a massa do grão do feijão ganhou gramas, mas de onde? Esse questionamento possibilitou, a inclusão da disciplina Biologia, explanando o processo da fotossíntese. Sendo a resposta da maioria dos grupos, indicativo que aos saberes básicos, os saberes técnicos estão sendo incorporados.
Com o plantio definitivo no solo, o vegetal requer mais que água e luz, necessita de um solo rico em nutrientes. A terceira pergunta introduz conteúdos como atomística, tabela periódica, ligações químicas e funções inorgânicas, para um melhor entendimento sobre os macros e micronutrientes. Essa conexão fez os discentes perceberem a importância dos saberes químicos na produção de vegetais.
Os grupos responderam que as plantas necessitam de adubos, com a prática fizemos eles enxergarem que esses fertilizantes são substâncias químicas e associando aos saberes da disciplina Produção Vegetal, integramos as matérias.
Todos os grupos aprovaram a experiência, pois conseguiram ver a aplicabilidade dos saberes químicos na sua área de trabalho, dizendo ser importante metodologias de ensino que relacionam teoria à prática.
Fonte: Oliveira, L.A.T. 2017
Fonte: Oliveira, L.A.T. 2017
Conclusões
A água é importante é ela que dá o gatilho para a germinação, com o plantio definitivo, regar continua tendo o seu valor, mas o vegetal requer um solo adubado para o seu melhor desenvolvimento. Aprenderam que as plantas necessitam de elementos químicos os chamados essenciais, que estão agrupados em dois grupos os macro e os micronutrientes, que não estão na forma isolada, mas formando substâncias, na maioria inorgânicas. Conseguimos o esperado, nos distanciamos de uma metodologia engessada, mostrando a aplicabilidade dos saberes químicos as rotinas do Técnico em Agropecuária.
Agradecimentos
A Direção Geral, ao DEPE, DAP, CGE pelo apoio e aos discentes da turma Agropecuária do 1ºano.
Referências
MALAVOLTA, E; GOMES,F.P; ALCARDE,J.C. Adubos &Adubações – São Paulo: Editora Nobel, 2002.
OLIVEIRA, L.A.T. A contextualização do ensino de química no curso técnico em agropecuária utilizando a adubação do guaranazeiro (Paulínia cupana var. sorbilis) como tema integrador. 2016.88f. Dissertação de Mestrado –Universidade Federal do Rio de Janeiro, Seropédica, 2011.