Iniciação à Pesquisa Científica nos 6º e 7º anos do ensino fundamental: Uma abordagem com foco em química e biologia.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Borges, F. (UFRGS) ; Dorneles Silveira, B. (PUCRS) ; Machado, D.R. (PUCRS) ; Mundstock Jahnke, S. (UFRGS)
Resumo
Este estudo teve por finalidade orientar a investigação científica realizada por alunos do 6º e 7º anos do ensino fundamental do Colégio Dom Feliciano, Gravataí-RS. A metodologia utilizada foi composta de atividades teórico- práticas em período extraclasse com foco em assuntos ligados à biologia e à química. A participação dos alunos em Feiras de Ciências, organizadas pelo colégio e promovidas por instituições de ensino de nível médio e superior da região, marcaram a culminância do projeto. Ao longo do trabalho, evidenciou- se o envolvimento das famílias e o aumento da preocupação dos educandos pela busca de informações em fontes de pesquisa confiáveis. Conclui-se que os alunos desenvolveram senso de curiosidade investigativo fundamentais para a postura científica.
Palavras chaves
Iniciação científica; Ensino fundamental; Prática docente
Introdução
A iniciação científica na educação básica como proposta pedagógica tem sido discutida assim como a ideia de “professor pesquisador” (MOURA, BARBOSA e MOREIRA, 2010). A concepção é que se torne um método capaz de permitir ao aluno tornar-se protagonista de seu aprendizado (LIMA & ANDRADE, 2015). Segundo os autores, permite que o estudante aprofunde seu conhecimento, com orientação adequada do professor, em assuntos de seu interesse, pois se trata de um processo investigativo, que extravasa os limites da sala de aula. Desenvolve habilidades fundamentais para a vida adulta, como estar atento para observar e questionar o mundo que o cerca, para que assim possa intervir positivamente na sociedade. Apesar de ser uma prática inquestionavelmente eficiente para despertar o interesse dos estudantes para a aprendizagem, encontram-se ainda poucos registros de relatos de aplicação prática dessa metodologia na educação básica (QUEIROZ & ALMEIDA, 2004; MASSI & QUEIROZ, 2010). Assim, o foco deste trabalho foi executar e registrar o desenvolvimento de investigações científicas com foco nas áreas de química e de biologia realizada em caráter extracurricular com alunos do 6º e 7º anos do Colégio Dom Feliciano, no município de Gravataí, no Rio Grande do Sul.
Material e métodos
As aulas de Iniciação Científica foram de caráter extracurricular, semanalmente com duração de 1 h e 30 min. Os alunos que compuseram a turma foram selecionados mediante inscrição por formulário, preenchido pelos integrantes do grupo, descrevendo o assunto que desejavam estudar e o motivo da escolha. No primeiro encontro os alunos foram orientados sobre a Metodologia Científica características que um cientista desenvolve durante a formação acadêmica, como ser observador e curioso. A técnica de mapas mentais foi utilizada para aprimorar a capacidade de elaboração de perguntas por cada estudante. Tal atividade permitiu o aprofundamento de um aspecto dos grandes temas inicialmente escolhidos, que, por serem muito amplos, foram sendo restringidos de acordo com as perguntas e pesquisas preliminares, obtendo-se assim o assunto de cada grupo de pesquisa (Tabela 1). A investigação científica aconteceu através da busca das respostas às perguntas feitas pelos próprios alunos. Foram oportunizados momentos com consulta de livros, em sites como Google Acadêmico, entrevistas com profissionais de áreas correlatas, além de uma visita orientada ao Museu Interativo de Ciência e Tecnologia da PUCRS. Nessa oportunidade cada grupo recebeu um roteiro personalizado composto por orientações sobre as exposições que deveriam visitar. O trabalho contemplou uma etapa prática, na qual os alunos puderam, de acordo com a atividade mais adequada ao assunto escolhido, desenvolver protótipo, maquete, material explicativo ou ainda o acompanhamento de ciclo de vida de um animal (Tabela 1). Os pais dos estudantes também participaram, auxiliando na construção do protótipo ou maquete, além do cuidado com os animais. É relevante destacar que todas as etapas do trabalho foram registradas em caderno de campo.
Resultado e discussão
O registro dos aprendizados se deu na forma de elaboração de um pôster, que
posteriormente, foi utilizado como material de exposição em Feiras de
Ciência (Figura 1). Neste os alunos registaram suas pesquisas num formato
proposto para apresentação científica, de artigos ou pôsteres, constando de
uma introdução, descrição do desenvolvimento do trabalho, apresentação dos
resultados e conclusão, com inserção de referência bibliográfica. A
sistematização do trabalho realizado mostrou-se uma etapa relevante para o
desenvolvimento cognitivo dos educandos.
A exposição das pesquisas na Mostra de Ciências e Tecnologia do colégio foi
ressaltada por todos os grupos, como sendo um dos principais momentos de
todo o trabalho feito ao longo do ano. Dois dos quatro grupos de pesquisa
foram premiados como Trabalhos Destaque.
Além disso, todos puderam participar da IFCITEC, a Feira de ciências
promovida pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus Canoas. Um dos
grupos ainda foi selecionado para expor sua pesquisa na Feira de Ciências da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Descrição dos trabalhos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa.
Pôster produzido pelos alunos para apresentação nas Feiras de Ciências.
Conclusões
A satisfação dos alunos de participarem do Grupo de Iniciação Científica foi evidenciada pelo relato de outros professores. Além disso, a atividade se mostrou inclusiva, visto que um dos alunos do espectro autista apresentou grande desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, conclui-se que os estudantes foram protagonistas de seu aprendizado, pois demonstraram domínio do assunto mesmo não assistindo qualquer aula teórica convencional. Os alunos foram instigados a se tornarem autodidatas, habilidade fundamental para sua contínua formação ao longo da vida.
Agradecimentos
Referências
LIMA, S. M. P.; ANDRADE, M. A.; Discutindo a iniciação científica e pesquisa e a tecnologia educacional P3D como práticas inovadoras no ensino médio Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2015
MASSI, L.; QUEIROZ, S. L.; Estudos sobre iniciação científica no Brasil: Uma Revisão, Cadernos de Pesquisa, v. 40, n. 173-197, 2010.
MOURA, D. G., BARBOSA, E. F., MOREIRA, A. F., “O Aluno Pesquisador”. Anais do XV ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino, Belo Horizonte, 2010.
QUEIROZ, S. L.; ALMEIDA, M. J. P. M.; Do fazer ao compreender ciências sobre o aprendizado de alunos de iniciação científica em química, Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p. 41-53, 2004.