A RELAÇÃO DA QUÍMICA COM O COTIDIANO: APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO PARA ENTENDER A COMPREENSÃO DA QUÍMICA PRESENTE NO COTIDIANO E DOS FATORES PARA FACILITAR TAL RELAÇÃO
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Gonçalves, A.F. (UFPA) ; Cunha, C.G. (UFPA) ; Feijó, G.S. (UEPA) ; Conceição, J.C. (UFPA) ; Silva, L.M.S. (UFPA) ; Ribeiro, L.N. (UFPA) ; Carvalho, V.S. (UFPA) ; Bezerra, S.H.O. (UFPA)
Resumo
O presente trabalho tem como sujeitos pessoas que já estudaram química, buscando analisar suas visões no cotidiano e suas opiniões para quais metodologias possuem a capacidade de sanar as possíveis dificuldades de relacionar a química estudada no ensino médio com os fatos do nosso dia a dia.
Palavras chaves
Química no cotidiano; Metodologias; Ensino de química
Introdução
O docente de química frequentemente é questionado sobre onde a química é encontrada no cotidiano e qual seria sua influência no futuro trabalho dos alunos (CARDOSO, 1999). Esta pesquisa visa identificar se há uma relação da química com nosso dia a dia sendo discutida em sala de aula, visto que, grande parte dos professores não sabe responder o questionamento sobre a relação da química com o cotidiano por não pensar na importância da relação ou mesmo responderem de forma simplista (CHASSOT, 1990). Analisar o conhecimento acerca da química presente em nossas vidas e como é abordada recai em um impasse, e em virtude disso, pode-se questionar se a metodologia utilizada visa a facilitação no reconhecimento do conteúdo presente nos atos recorrentes da nossa rotina. A atual metodologia recorrente em salas de aulas é tratada como um ensino bancário onde o professor somente deposita conteúdo (FREIRE, 2011), para relacionar com a sociedade, esta metodologia se torna um tanto quanto falha. Pode-se utilizar o artificio da experimentação pelo fato de ser uma maneira eficiente, na qual consegue-se ensinar relacionando o conteúdo a um experimento que possibilita os alunos a verem na prática (ALMEIDA et al., 2008), entre tantas metodologias optar por empregar técnicas investigativas pode auxiliar na relação do conteúdo com o cotidiano, por fomentar discussões de hipóteses sobre o conteúdo e gerar possíveis teorias a serem compartilhadas entre os alunos (SCHWARTZ; LEDERMAN ; CRAWFORD, 2004)
Material e métodos
Foi elaborado um questionário online, contendo questões que indagavam sobre a química em fatos corriqueiros de nosso cotidiano, buscando saber se havia a compreensão dos mesmos sobre a parte química que explicava os fatos. As questões eram de múltipla escolha, onde foi respondido por 160 pessoas. Segue o questionário: 1- você consegue identificar a química presente no cotidiano e relacionar os fatos aos conteúdos estudados em sala de aula? a)sim, pois durante as aulas havia a relação do conteúdo com o cotidiano b)não, pois as aulas focavam apenas na parte teórica, deixando de abordar as aplicações 2-pode-se afirmar que existe química presente nessa paisagem natural?(imagem De uma praia) a)sim, há química b)não, não há química c)não sei 3-você sabe qual o fator que fornece a coloração dos fogos? a)sim, a queima da pólvora b)sim, a queima dos elementos de sua composição c)sim, a coloração se dá de acordo com o fabricante d)não sei 4-qual o fator que proporciona a maior velocidade do cozimento do feijão, levando em consideração uma panela de pressão? a)a temperatura, pois quanto maior, mais rápido cozinha b)a pressão, pois quanto maior a pressão mais rápido cozinha c)ambos, pois quanto maior a temperatura, maior será a pressão, tornando o cozimento mais rápido 5-com relação a química orgânica, você consegue identificar processos relacionados a ela em nosso dia a dia? a)Sim b)não há processos c)possuo dificuldades em identificar 6-após responder o questionário, qual metodologia dentro de sala de aula possibilitaria entender a química no dia a dia de uma forma mais proveitosa? a)utilizando experimentos para mostrar no dia a dia b)utilizando técnicas investigativas, fazendo com que conversemos sobre o conteúdo c)manter a forma tradicio
Resultado e discussão
A tabela mostra que 90 pessoas (56,3%)não conseguiam identificar a química no
cotidiano, pois os professores não faziam a relação dos assuntos com o
cotidiano. Diante desse número, seguindo as questões, foi analisado que 63
pessoas (39,4%) não conseguiam saber se a química estava presente na paisagem ou
afirmavam que não havia química. 74 pessoas (46,2%) não conseguiram identificar
o que proporcionava a coloração dos fogos de artifício. A questão que possui um
dos resultado mais positivo foi a de número 4, onde buscava saber relações
físico-químicas que existiam em um cozimento de feijão por uma panela de
pressão, 85 pessoas (53,1%) conseguiram relacionar o aumento da temperatura com
o aumento da pressão dentro da panela, pouco menos da metade (46,9%) não
souberam fazer esta relação, respondendo que somente uma das variáveis afetava o
cozimento. A última questão relacionada a conteúdo questionava se sabiam
identificar a presença da química orgânica no dia a dia, as respostas mostraram
o seguinte resultado, apenas 54 pessoas (33,8%) afirmaram saber identificar a
química orgânica no cotidiano, 18 pessoas (11,2%) afirmaram não haver química
orgânica em nosso dia a dia e 88(55%) das 160 pessoas analisadas responderam não
saber identificar a mesma. Visto que os seguintes resultados foram analisados, a
última pergunta do questionário buscava saber qual metodologia teria a
capacidade de sanar as possíveis dificuldades de reconhecer a química presente
em nossas vidas, 122 pessoas (76,3%) disseram que experimentação auxiliaria na
compreensão, 35 pessoas (21,9%) optaram pela metodologia investigativa e apenas
3 pessoas (1,9%) optaram por manter a metodologia tradicional.
Mostra a porcentagem de pessoas que afirmam saber relacionar a química com o cotidiano e quantas não conseguem
mostra a porcentagem de pessoas que escolheram como metodologia: experimentação, investigação ou a forma tradicional de ensino para sanar o problema
Conclusões
Ao analisar que mais da metade das pessoas (56,3%) não sabiam identificar a química no cotidiano e confirmando isso com os resultados das questões posteriores, a proposta de aplicar metodologias diferentes das tradicionais, tais como experimentações e investigação busca sanar as dificuldades, e por eles é aceita, visto que 98,1% prefere a variação de metodologia para facilitar o ato de relacionar o conteúdo aos fatos que acontecem no ambiente em que vivemos.
Agradecimentos
agradeço a Universidade Federal do Pará
Referências
ALMEIDA, E. C. S.; SILVA, M. F. C.; LIMA, J. P; SILVA, M. L.; BRAGA, C. F.; BRASILINO, M. G. A. Contextualização do ensino de química: motivando alunos de ensino médio, 2008
CARDOSO, S. P.; COLINVAUX, D. Explorando a motivação para estudar química, 1999
CHASSOT, A. I. A Educação no Ensino de Química, Livraria Inijuí. Editora Rio Grande do Sul, 1990.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 50. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
SCHWARTZ, R. S; LEDERMAN, N. G.; CRAWFORD, B. A. Developing views of nature of Science in na authentic context: An explicit approach to bridging the gap between nature of Science and scientific inquiry. Science Education, Hoboken, Vol. 88, Ed. 4, 2004