ANÁLISE DOS TEMAS “ÁCIDOS E BASES” EM LIVROS DIDÁTICOS DE QUÍMICA DO PNLD 2015 – 2017
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Costa, I.P. (UEMA) ; Silva, A.L.P. (UEMA) ; Albuquerque, D.S. (UFMA)
Resumo
Neste trabalho, objetivou-se analisar como os conceitos de ácidos e bases são tratados nos quatro livros didáticos de química selecionados no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2015. Está análise foi realizada utilizando-se como metodologia a Análise Textual Discursiva – ATD (MORAES, 2003). Os resultados mostram que, apenas dois livros, LDQ1 e LDQ2 se aproximaram dos critérios para um ensino adequado, a partir das perspectivas descritas pelos documentos oficiais (PCNEM). O LDQ3 por não apresentar um capítulo específico, e nenhum conteúdo com a História da Química e as teorias ácidos-base, seguido de LDQ4, que não apresentou nenhum experimento em relação ao tema, devem ser complementados pelos livros LDQ1 e LDQ2, para um melhor processo ensino aprendizagem.
Palavras chaves
Livro Didático; PNLD 2015; Ácidos e Bases
Introdução
Ultimamente as pesquisas e reformas na educação têm exigido que os novos livros didáticos correspondam às atuais exigências da sociedade contemporânea, de “uma Educação no século XXI, no qual o conhecimento, os valores, as capacidades de resolver problemas, aprender a aprender, assim como a “alfabetização científica e tecnologia” são elementos essenciais” (NÚNEZ et al., 2003, p. 1). Quando se fala em livro didático (LD), é natural associá-lo a todos os impressos que circulam na escola. Isso ocorre porque o LD, por ser tão comum, e recorrente no contexto escolar, acaba não chamando a atenção para sua singularidade, no que se refere à sua produção e consumo, por esse motivo tem sido pouco utilizado como objeto de interesse de pesquisas que queiram delimitá-lo, sendo analisado apenas enquanto revelador das práticas escolares (SILVA et al, 2014). A importância da nossa análise se dá, principalmente, devido ao alto índice de reprovação das obras selecionadas para o PNLD 2015 (69%, 9 obras) entre as editoras que participaram do processo avaliativo, tendo finalizado com apenas 4 obras selecionadas correspondendo a 31% para o componente curricular Química. Nesta perspectiva nosso trabalho teve como objetivo, analisar de forma detalhada as possibilidades e limitações pedagógico-metodológicas dos LD, quanto aos assuntos ácidos e bases, utilizados no livro do Ensino Médio, principalmente no que diz respeito a qual concepção de contextualização é empregada; como são abordados os aspectos históricos; a proposição de experimentos; da qualidade das ilustrações; e, dos problemas propostos. Tornando, desta forma, o aprendizado mais prazeroso, menos enfadonho e favorecendo, a aprendizagem significativa de Química numa perspectiva de formação crítica para a cidadania.
Material e métodos
Nossa metodologia baseou-se nas sugestões de Moraes (2003), onde selecionamos os documentos de interesse (Livros Didáticos de Química do Ensino Médio (PNLD 2015 – 2017), que se constituíram num corpus para apreciação, sendo escolhido um elemento desse corpus (Funções inorgânicas (ácidos e bases)), que foi submetido à Análise Textual Discursiva – ATD (MORAES, 2003). Assim como nossa pesquisa a ATD constitui uma forma de análise, no âmbito da pesquisa qualitativa, visando a construir respostas a questionamentos propostos. Nossa análise constitui-se de três etapas: unitarização, categorização e comunicação (MORAES, 2003). A unitarização, primeira etapa da Análise Textual Discursiva, caracterizou- se por uma leitura cuidadosa e aprofundada dos dados em um movimento de separação das unidades significativas. Na segunda fase, a categorização, foi feito um “processo de comparação constante entre as unidades definidas no processo inicial da análise, levando ao agrupamento de elementos semelhantes” (MORAES, 2003, p. 197). A terceira e última fase da nossa analise houve à captação do novo emergente, ou seja, a construção de um metatexto tecendo considerações sobre as categorias por nós construída. Para simplificar a nossa discussão na análise e nos resultados, adotou-se um sistema de símbolos onde foram atribuídas as seguintes abreviaturas aos livros: LDQ1 – ANTUNES, M. T. Ser protagonista: química. v. 1. 2. ed. São Paulo: Edições SM, 2013. LDQ2 – SANTOS, W. L. P.; MOL, G. S. (Coord.). Química cidadã. v. 1. 2. ed. São Paulo: Editora AJS, 2013. LDQ3 – MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química, 1. São Paulo: Scipione, 2010. LDQ4 – FONSECA, M. R. M. Química, volume 1. São Paulo: Ática, 2013.
Resultado e discussão
Quanto aos conceitos de química, observamos que, os autores do LDQ1 e LDQ4
definem apenas a teoria de Arrhenius, para conceituar ácidos e bases, o que
difere de LQD2 que descreve todas as teorias, como as de Bronsted–Lowry e de
Lewis. LQD3 não apresentou nenhum capítulo específico quanto aos ácidos e
bases, e por consequência sobre a História da Química.
Já nos aspectos históricos, LDQ1 e LDQ2, apresentaram uma série de recortes,
enfatizando a evolução de alguns conceitos, a biografia de cientistas,
profissões que exerceram, além das suas principais contribuições para a
Ciência, assim, percebe-se a evolução linear das ideias dos principais
químicos sobre a teoria ácido-base. Os livros LDQ3 e LDQ4, não fizeram
nenhuma referência a história da química.
Nas experimentações verificamos que os livros LDQ1 e LDQ2 apresentam o mesmo
e único experimento. O LDQ1, descreve apenas materiais alternativos, já LDQ2
cita materiais poucos encontrados em laboratórios de escola como água
destilada e pipeta. LDQ3 e LDQ4 não demostraram experimentos.
Nos problemas propostos, obtivemos um total de 119 atividades, exercícios e
questões. Em LDQ1, LDQ2 e LDQ3, tivemos 110 questões (92,4% do total)
relacionadas ao tema, a maioria, ou seja, 102 questões propostas aos alunos,
são dos próprios autores, parte dessas, ou seja, 64 (63% dos autores),
caracterizam-se apenas como questões de memorização. Já em LDQ4, temos 9
questões, 8 destas questões de vestibulares.
Observamos um total de 47 imagens e figuras, nos quatro livros analisados.
Esse baixo números de imagens, também se reflete na relação das mesmas com o
tema proposto e quanto a ideia real que deveriam transmitir, uma parte
considerável das imagens, 34 (72,34% do total) se resumem ao uso de bases e
ácidos no cotidiano.
Conclusões
Percebemos em nossa análise uma diferença na abordagem dos temas “Ácidos e Bases”, tanto na parte qualitativa, quanto quantitativa. Enquanto em LDQ1 e LDQ2 todos os critérios (Teoria ácido-base, imagens, História da Química, experimentos, exercícios propostos) foram analisados, em LDQ3 e LDQ4 não existentes, como a teoria ácidos-base, e os experimentos, o que por si só causa um desnível dentro da pesquisa. Conclui-se que essas limitações em LDQ3 e LDQ4 podem ser supridas, pela complementação dos livros LDQ1 e LDQ2, para um melhor processo ensino- aprendizagem.
Agradecimentos
Referências
ANTUNES, M. T. Ser protagonista: química. v. 1. 2. ed. São Paulo: Edições SM, 2013.
FONSECA, M. R. M. Química, volume 1. São Paulo: Ática, 2013.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003.
MORTIMER, E. F.; MACHADO, A. H. Química, 1. São Paulo: Scipione, 2010.
NÚNEZ, I.B.; RAMALHO, B.L.; SILVA, I.K.P. da; CAMPOS, A.P.N. A seleção dos livros
didáticos: um saber necessário ao professor. O caso do ensino de ciências. Revista
Iberoamericana de Educación, Madrid, n. 31, abr. 2003.
SANTOS, W. L. P.; MOL, G. S. (Coord.). Química cidadã. v. 1. 2. ed. São Paulo: Editora AJS, 2013.
SILVA, A. L.; LARENTIS, A. L.; CALDAS, L. A.; RIBEIRO, M. G. L.; ALMEIDA R. V.;
HERBST M. H. Obstáculos Epistemológicos no Ensino-Aprendizagem de Química Geral e
Inorgânica no Ensino Superior: Resgate da Definição Ácido-Base de Arrhenius e Crítica ao
Ensino das “Funções Inorgânicas”. Química Nova na Escola, v. 36, n. 4, p. 261-268. 2014.