A EXPERIMENTAÇÃO COMO UMA PROPOSTA DIDÁTICA NO ENSINO DE TERMOQUÍMICA COM ÊNFASE NOS PROCESSOS EXOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Neto, D.R.N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Santos, G.L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carvalho, J.A. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, R.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Araújo, H.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Sabe-se que a Química é a ciência da matéria a qual tem como objetivo estudar suas propriedades e transformações. Entretanto, percebe-se que tais conceitos químicos são vistos pelos alunos de modo bastante abstrato e, inclusive, bem longe de sua realidade, o que torna o ensino de química desinteressante e desafiador aos alunos. Assim, é imprescindível que professores adotem uma postura mais efetiva no processo de ensino-aprendizagem de química, postura essa que venha atender as necessidades e demandas do aluno atual. Na busca por um recurso pedagógico que rompesse com o tradicionalismo e atrelasse teoria à prática, foi realizada uma experimentação como proposta didática acerca do conteúdo de Termoquímica com a finalidade de possibilitar novos olhares e maior interesse por parte dos alunos.

Palavras chaves

Ensino de Química; Experimentação; Termoquímica

Introdução

A Química é uma Ciência que estuda as mais diversas transformações e reações que ocorrem com as diferentes substâncias existentes no universo. Seus conhecimentos estão baseados em observações ou experimentações a partir das quais se constroem seus princípios, suas leis e suas teorias (BUONFIGLIO, 2011). A disciplina de Química na formação intelectual dos estudantes do Ensino Médio é importante e inquestionável, porém observa-se que muitos estudantes demonstram uma acentuada desmotivação por seu estudo, devido às aulas estritamente expositivas e ao completo descaso com a parte experimental. (MATEUS, 2010). Para Alves (2007), quando são utilizadas apenas aulas expositivas, elas acabam se tornando monótonas, fazendo com que seus conteúdos sejam de difícil compreensão. Por outro lado, se o ensino for conduzido somente por meio de aulas experimentais, os conhecimentos trabalhados não serão assimilados de forma satisfatória, pois a prática do experimento necessita de um embasamento teórico para dar sustentação à compreensão dos conteúdos. Todavia, para Silva e Machado (2008), o aprendizado de Química tornou-se muito difícil para os alunos e, possivelmente, uma das causas desta constatação seja a completa falta de uma concepção didática capaz de promover a associação entre os aspectos teóricos e práticos da disciplina. Nessa conjectura, objetiva-se neste trabalho apresentar, através da prática experimental, uma abordagem ao conteúdo de Termoquímica, com ênfase nos processos exotérmicos e endotérmicos, a fim de demonstrar aos alunos que a experimentação pode ser aliada à teoria, uma vez que o conteúdo de Termoquímica é visto pelos alunos como um assunto de difícil compreensão e assimilação.

Material e métodos

Para trabalhar o conteúdo de Termoquímica através das reações exotérmica e endotérmica, realizou-se dois experimentos. No primeiro experimento (reação exotérmica, adotada como “fritando um ovo sem usar fogo”), mediu-se 10g de NaOH, utilizando o vidro de relógio, em seguida adicionou-se as 10g de NaOH com 50 ml de água no béquer; logo após cobriu-se com papel alumínio dentro do béquer sobre a solução de NaOH, na qual, o papel alumínio serviu de “panela” para quando for adicionado o ovo. Posteriormente, adicionou-se o ovo sobre o papel alumínio e aguardou o processo de “fritura” do ovo sobre a solução de NaOH. No segundo experimento (reação endotérmica, adotada como “uma aventura congelante”), mediu- se 11g de NH4Cl e 32g de Ba(OH)2 cada um em um vidro de relógio, os quais foram adicionados no balão de fundo chato e agitados até que formasse uma solução líquida. Em seguida, umedeceu-se a superfície de uma base de madeira na qual sobrepôs o balão de fundo chato com a solução sobre a base de madeira e aguardou cerca de 30 segundos para que se obtivesse os resultados do processo.

Resultado e discussão

Durante a realização do experimento I: “fritando um ovo sem usar fogo”, buscou-se discutir os conceitos relacionados aos processos exotérmicos, que são reações em que ocorre liberação de energia (ANTUNES, 2013). Utilizando-se reagentes e materiais bem acessíveis aos professores e alunos, como NaOH, água, papel alumínio e clara de ovo, os quais ao entrarem em contato entre si, provocou o aumento da temperatura da solução, ao passo que o sistema aqueceu a tal ponto de fornecer energia térmica suficiente para “fritar” o ovo, conforme a Figura 1. No experimento II: “uma aventura congelante”, o qual teve como objetivo estudar os conceitos relacionados aos processos endotérmicos, que são reações que ocorrem com absorção de energia (ANTUNES, 2013), foi utilizado alguns reagentes tipicamente encontrados nos laboratórios das escolas, como o Ba(OH)₂ e o NH₄Cℓ, os quais ao serem agitados formam uma solução líquida, provocando assim, uma diminuição da temperatura a tal modo que o sistema resfriou e congelou a água contida na madeira que foi utilizada para que os alunos pudessem perceber a “reação congelante” acontecendo, de acordo com a Figura 2. Assim, a realização dos experimentos mostrou-se eficaz visto a grande acessibilidade para obter os reagentes, além de ser possível desenvolvê-los tanto no laboratório quanto em sala de aula. Outro fator importante foi o tempo da atividade, com duração média de 15 minutos, possibilitando atrelar teoria à prática. Os experimentos foram aplicados em uma turma de Licenciandos em Ciências Naturais com Habilitação em Química da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Ao longo da atividade, foi observado a possibilidade desta atividade ser apresentada de forma demonstrativa devido as quantidades, relativamente, grandes de reagentes utilizados.

Experimento I: “fritando um ovo sem usar fogo”

Figura 1: Solução de (NaOH) e água, acrescentada de um ovo envolto de papel alumínio, o qual foi “frito” após aproximadamente 30s.

Experimento II: “uma aventura congelante”

Figura 2: Solução de hidróxido de bário Ba(OH)₂ e cloreto de amônio (NH₄Cℓ), a qual, após agitação, provoca uma diminuição da temperatura.

Conclusões

As observações efetuadas nesse trabalho indicam que teoria e prática podem unir-se para proporcionar atividades unificadas que possibilite aos alunos uma permanente construção do conhecimento, e não apenas a uma breve memorização de fórmulas e equações para fins de avaliação escolar. Os métodos experimentais mostraram-se eficazes com respeito ao conteúdo a ser explanado sobre os processos exotérmicos e endotérmicos, nos quais os alunos poderão ter uma melhor visualização dos processos que lhes são demonstrados na teoria. Uma opção valiosa para propiciar um ensino satisfatório de química.

Agradecimentos

Referências

ALVES, W. F. A formação de professores e as teorias do saber docente: contexto, dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, v. 33. n. 2. p. 263-280, 2007.
ANTUNES, M.T. Ser protagonista: Química Ensino Médio 3ºano. 2ºEd. Edições SM. São Paulo, 2013.
BUONFIGLIO, A. Uma didática história da química: da filosofia grega à contribuição dos alquimistas da antiguidade, as ideias, os experimentos e teorias que configuraram a química como ciência. ComCiência, s/v, n. 130, p. 1-2, 2011.
MATEUS, A. L. Química na Cabeça 2: mais experimentos espetaculares para você fazer em casa ou na escola. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L. Experimentação no ensino médio de química: a necessária busca da consciência ético-ambiental no uso e descarte de produtos químicos: um estudo de caso. Ciência & Educação, v. 14, n. 2, p. 233-249, 2008.

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