CONFECÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO INCLUSIVO NO ENSINO DE QUÍMICA PARA DEFICIENTES VISUAIS
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
de Brito, A.D. (IFMT- CUIABÁ BELA VISTA) ; do Nascimento Ferreira Cunha, J. (IFMT- CUIABÁ BELA VISTA)
Resumo
A educação inclusiva está direcionada as diferenças individuais encontrada no ambiente educacional, entendendo esta como uma construção pessoal e intransferível. No ambiente de aprendizagem são definidas estratégias que visam facilitar o acesso ao ensino de portadores de deficiências, adequando as condições que contemplem as necessidades desses. Neste intuito o presente trabalho teve como objetivo produzir um material didático inclusivo para os alunos cegos na disciplina de Química orgânica. O trabalho está sendo desenvolvido no Instituto Federal de Mato Grosso-Cuiabá Bela Vista, na produção do material didático utilizou-se placas de MDF, pérolas e tampinhas de garrafas. Constatou-se que o material foi muito bem avaliado por alguns alunos e professores.
Palavras chaves
ensino de Química; material didático; inclusão
Introdução
A educação inclusiva pode ser entendida como processo de inserção de alunos com necessidades educacionais especiais, em todos os seus níveis, na rede comum de ensino (GLAT & NOGUEIRA, 2007). Este é um dos mais discutidos temas em todo o mundo. Neste sentido, a educação inclusiva está direcionada as diferenças individuais que se encontram no ambiente educacional, entendendo esta como uma construção pessoal e intransferível. Segundo Correia (2003), uma das maiores polêmicas a respeito da educação inclusiva é que esta não pode ser tratada como um mero programa político, não sendo o termo “inclusão” dito em vão. Neste cenário, o preâmbulo normativo do Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de janeiro de 2008, declara que o processo de educação inclusiva deve permitir a igualdade de acesso a cada indivíduo ao sistema escolar brasileiro. Desta forma, os indivíduos com algum tipo de deficiência devem estar em pé de igualdade de acesso e oportunidades. A educação inclusiva deve ser capaz de receber qualquer pessoa, independentemente das condições físicas, sociais, culturais, intelectuais entre outras (CARVALHO, 1998). Visto as limitações das escolas inclusivas regulares, em suprir esta carência de ensinar pessoas com deficiência visual, foram criados Centros de Apoios que devem ser compostos por equipes de educadores especializados e outros profissionais. De acordo com Oliveira (2017) há três condições necessárias para inclusão de um aluno deficiente na escola: a parte estrutural e física, a metodologia de ensino e a capacitação dos professores. Através da revisão de literatura observou-se que o ensino de Química é considerado difícil para a maioria dos alunos, principalmente para aqueles que apresentam algum tipo de deficiência.
Material e métodos
O trabalho foi realizado no Instituto Federal de Mato Grosso, campus Cuiabá Bela vista através de um projeto de pesquisa denominado Inclusão dos deficientes visuais para o ensino de Química. Para a montagem deste material foi utilizado placas de MDF, pérolas de tamanhos diferentes para representar os elementos hidrogênio, oxigênio e nitrogênio e tampinhas de garrafa pet, do mesmo tamanho encapadas com tecido da cor preta, representando o carbono. As pérolas foram tingidas com um corante de tecido de acordo com as cores pré-estabelecidas pela União Internacional de Química pura e aplicada (IUPAC). Para retratar as ligações químicas utilizou-se tinta em alto relevo. Após esse procedimento reproduzimos no MDF as Funções Orgânicas Oxigenadas e Nitrogenadas, posicionando as tampinhas e as pérolas de acordo com a cadeia carbônica de cada substância, em seguida as legendas foram representadas em braile com pérolas pequenas. Após o término da confecção, o material foi avaliado pelos professores da educação básica, alunos videntes do curso de Química integrado ao ensino médio, e por alguns professores do Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso (ICEMA).
Resultado e discussão
É possível observar a dificuldade e os obstáculos dos estudantes
deficientes visuais, na integração do ensino médio e superior, pois nem
sempre as condições estão adaptadas às suas necessidades, faltam materiais
didáticos inclusivo que auxilie neste processo.
O material didático inclusivo confeccionado na placa de MDF apresenta uma
substância em alto relevo para cada função orgânica e a legenda em braile,
trazendo exemplos do cotidiano para facilitar a aprendizagem dos alunos, a
intenção é que estes aprendam de forma eficiente e lúdica. Acredita-se que
a produção do respectivo material contribuirá significativamente neste
processo, suprindo suas dificuldades na área da Química Orgânica,
proporcionando uma melhor compreensão, tornando a aprendizagem mais
prazerosa e promovendo de fato a inclusão. O material é direcionado para os
alunos que estejam cursando o ensino médio, mas poderá ser utilizado nos
cursos superiores que contemplem a disciplina de Química Orgânica. Na
avaliação do material aplicamos um questionário com vários itens a serem
avaliados como qualidade na confecção, design do material, caráter
inovador, criatividade e relevância do conteúdo. O avaliador atribuiu uma
nota de 0 a 10 em cada item. Verificou-se que 80% dos professores do
Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso-ICEMA deram nota 10 no item
qualidade na confecção, caráter inovador e criatividade, 60% atribuíram
nota 10 e 40% atribuíram nota entre 8 e 9 em design do material, e 100%
conferiram nota 10 na relevância do conteúdo. Já em relação aos alunos do
campus - Cuiabá Bela Vista, 73% deram nota entre 9 e 10 nos itens qualidade
de confecção, design e criatividade, 93% concederam nota 8, 9 ou 10 no
caráter inovador, já no quesito relevância do conteúdo 66% atribuíram entre
7 e 10.
Conclusões
Pode-se concluir que o material didático confeccionado foi muito bem aceito pelos alunos videntes do campus IFMT- Cuiabá Bela Vista e pelos professores do ICEMAT, constatando que este promoverá uma melhoria significativa no ensino da Química Orgânica possibilitando um aprendizado eficiente e incluindo os deficientes visuais de forma efetiva. Percebe-se com este trabalho a necessidade de refletir e fomentar ainda mais as discussões sobre a inclusão no ensino, pois ainda se observa uma grande lacuna na formação inicial dos professores, impedindo que a educação seja realmente inclusiva.
Agradecimentos
Referências
FIELD’S, Karla; CAVALCANTE, Kamylla; MORAIS, Warlandei; BENITE, Claudio;
BENITE, Anna. Ensino de Química para Deficientes Visuais: Sobre Intervenção
Pedagógica em Instituição de Apoio. Salvador-BA, 2012.
OLIVEIRA, Rafael; LAMEGO, Luiz; DELOU, Cristina. Ensino da química para deficientes
visuais. Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense: RJ, Brasil, 2017.
PINHEIRO, Maria Inês da Silva; SILVA, Edileusa Regina; RODRIGUES; Luciléia Rosa. O ir e vir dos deficientes visuais: barreiras arquitetônicas e académicas na UFMT. Inclusão Social. V.3, nº1, pp. 48-65. Mato grosso, Brasil,2008.
SOARES, Karla; CASTRO, Helena; DELOU, Cristina. Astronomia para deficientes visuais: Inovando em materiais didáticos acessíveis. Revista Electrónica de Enseñanza de las
Ciencias, v. 14, n. 3, 377-391, 2015.