PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO, SOBRE PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS RELAÇÕES COM O ENSINO DA QUÍMICA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Silva, L.V.C. (IFMA/CAMPUS CODÓ) ; Aprigio, S.S.O. (IFMA/CAMPUS CODÓ) ; Cantanhede, L.B. (IFMA/ CAMPUS CODÓ) ; Cantanhede, S.C.S. (UFMA/CAMPUS CODÓ)
Resumo
A escola, por dispor de um espaço que visa à construção de um conhecimento sistematizado e formal, é um ambiente propício para a disseminação de competências e habilidades que norteiam os fundamentos da educação ambiental, desde que inseridos de maneira permanente, organizado e não fragmentado. Nessa perspectiva, o ensino de química pode oportunizar aos alunos, associarem aspetos inerentes da educação ambiental aos conteúdos dessa disciplina. Assim, o presente trabalho aborda uma análise da abordagem e percepção dos alunos do ensino médio, sobre a educação ambiental no âmbito escolar e, para tanto, foi aplicado um questionário, no formato Likert. Foi possível obter um panorama satisfatório sobre a percepção dos alunos (84%), aos conhecimentos que eles apresentam sobre a educação ambiental.
Palavras chaves
Educação Ambiental; Ensino de Química; Escala Likert
Introdução
A Educação Ambiental (EA), objetiva proporcionar as pessoas, conhecimento para uma compreensão crítica do meio ambiente, com a aquisição de visões de mundo que possibilitem o respeito pela vida, a fim de ajudar a elucidar valores que contribuem para da utilização adequada dos recursos naturais e melhoria da qualidade de vida (SILVA, 2012). Desse modo, amplia-se a necessidade de transformações para a superação dos desrespeitos ambientais, da apropriação da natureza e da própria humanidade como objeto de exploração e consumo (BRASIL, 2007; PEREIRA; HORN, 2009). Nesse entendimento, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, enfatizam que os conhecimentos propagados no ensino da Química devem contribuir para uma visão de mundo mais planejada e menos fragmentada, contribuindo para que o aluno se perceba inserido em um mundo que ocorrem constantes mudanças (BRASIL, 2000). Os saberes associados a essa disciplina, tem implicações diretas sobre o cotidiano, estabelecendo fundamentos e procedimentos na vida da sociedade, seja via fármacos, aditivos alimentares, versatilidade de matérias e fontes de energia. Assim, o grau da ciência e tecnologia na sociedade atual mostra a importância de envolver no ensino de química discussões entorno das práticas sociais (LEAL, 2010). Assim, reconhecendo a importância da educação ambiental como uma prática educativa primordial para a transformação social, o presente trabalho apresenta uma análise quanto à disseminação de conhecimentos acerca da EA no ambiente escolar, em particular no ensino médio, associados com o estudo da disciplina de química. Nesse contexto, pretende-se refletir, discutir e problematizar a articulação, compreensão de conceitos e a percepção do saber ambiental dos alunos na última etapa da educação básica.
Material e métodos
Para o levantamento de dados desta pesquisa com relação à prática da educação ambiental na escola, foi investigado um grupo de 25 alunos da 3ª série do Ensino Médio de uma escola da rede Estadual do municipal de Codó/MA. A coleta de dados foi realizada através de um questionário contendo 12 itens, dos quais 7, correspondem a questões fechadas no formato da escala Likert, baseado no grau de concordância do respondente: Concordo Plenamente, Concordo, abordados neste trabalho como Índices Positivos de Análise (IPA), Discordo Plenamente, Discordo e Indeciso, considerados neste trabalho como Índices Negativos de Análise (INA), 3 perguntas abertas e duas perguntas fechadas com múltipla escolha. O questionário aplicado para os alunos teve como finalidade verificar quais informações eles possuíam a respeito da educação ambiental e se o uso e descarte do plástico, bem como a poluição causada por esse material, foi alvo de estudo na escola. Como técnicas de análise de dados, foram utilizadas a análise estatística e de conteúdo. A análise estatística, foi utilizada para o tratamento de dados obtidos com as respostas dos alunos ao questionário no formato Likert. Para tanto, foram utilizadas representações gráficas, no formato de histogramas de distribuição de frequências absolutas e relativas, gerados a partir das repostas dos alunos no questionário aplicado. Para a análise das perguntas abertas, foi utilizada a análise de conteúdo, pois, essa técnica de análise demonstra as características e os significados teóricos presentes nos dados obtidos (OLIVEIRA, 2011).
Resultado e discussão
A análise das concepções dos alunos a respeito de questões socioambientais
no âmbito escolar corresponde um mecanismo importante para entender a
maturidade do conhecimento do aluno a respeito dessa temática. Na Tabela 1,
são apresentadas as distribuições das frequências percentuais e absolutas
das respostas dos alunos para o questionário aplicado.
O exame da distribuição das frequências aponta que os IPA (A e B) obtiveram
valores percentuais consideráveis em relação aos INA (C, D e E), com uma
frequência acumulada de 84,6%. Assim, os dados evidenciam que, no geral, os
alunos apresentam conhecimento sobre os conceitos da Educação Ambiental. Na
Tabela 2 apresenta uma visão mais detalhada sobre cada uma das afirmativas.
Os dados revelam um posicionamento positivo sobre a percepção ambiental dos
alunos. Na afirmativa n3, percebe-se que o debate de questões
socioambientais através de projetos temáticos é aceitável pelos alunos, com
IPA de 92%. Quanto à importância de relacionar conteúdos às experiências dos
alunos (n5), 72% dos alunos reconhecem a existência de uma abordagem na
disciplina de Química que contempla esse aspecto.
Quando perguntado aos alunos se a escola já desenvolveu algum projeto sobre
o impacto ambiental que o plástico provoca, 48% dos respondentes afirmaram
que a sua escola nunca desenvolveu nenhum trabalho voltado a essa temática,
enquanto que, 44% dos responderam que o tema já havia sido alvo de trabalhos
desenvolvidos pela escola. No entanto, percebe-se no discurso de alguns
alunos, que o estudo dessa problemática não é comum e nem contínuo, como
observado em algumas respostas expressas pelos alunos, como: “Não, já
fizemos sobre o mau uso da energia elétrica” (Aluno 1); “já desenvolveu, só
que não foi pra frente, seria bom se continuasse” (Aluno 2).
Frequência das respostas para o questionário aplicado com os alunos
Media, desvio padrão e percentual das respostas obtidas na aplicação do questionário com os alunos.
Conclusões
É notório, que mesmo com um enfoque que privilegia a temática ambiental nas escolas, esses procedimentos muitas vezes se constituem de atividades pontuais, e não rara às vezes, são realizadas sem o cuidado de englobar a realidade, desprovidas de conexão com as experiências do aluno. Assim, as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais, esclarece que, oportunizar aos estudantes o reconhecimento dos problemas que envolvem sua realidade bem como os que acontecem num contexto geral deve ser figura indispensável na educação básica (BRASIL, 2006).
Agradecimentos
Ao IFMA/Campus Codó, a UFMA/Campus Codó e ao Grupo de Pesquisa em Ensino de Química do Maranhão – GPEQUIMA.
Referências
BRASIL, Educação na diversidade: o que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad/ MEC) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Brasília, 2007.
______. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais ensino médio: Bases Legais. Brasília, 2000.
______. Secretaria de educação básica. Orientações Curriculares para o
Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas a Tecnologias. Brasília:
MEC/SEB, 2006.
LEAL, M. C. Didática da Química: fundamentos e práticas para o Ensino Médio. Dimensão. Belo Horizonte, 2010, 120 p.
OLIVEIRA, M. F. de. Metodologia científica:um manual para a realização de
pesquisas em Administração / Maxwell Ferreira de Oliveira. -- Catal.o: UFG, 2011.
PEREIRA, Agostinho Oli Koppe; HORN, Luiz Fernando Del Rio (orgs.) Relações de consumo: meio ambiente. Caxias do Sul, RS: Educs, 2009.
SILVA, A. C. A.; FRANCO, R. L; SILVA, P. D. S. A educação ambiental nos livros didáticos de química: os livros indicados pelo PNLD/2012. Divisão de ensino de química da sociedade brasileira de química. 2012.