CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS DE DISCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE SOBRAL-CE SOBRE LIGAÇÕES QUÍMICAS
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Rodrigues, F.I.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Rodrigues, A.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Souza, J.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ) ; Leite, L.R. (UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ)
Resumo
O estudo das ligações químicas tem suma importância no ensino de química, pois permite compreender fenômenos e transformações decorrentes dos processos de interação entre os átomos. Por tratar-se de um conteúdo muito abstrato, é comum a existência de concepções alternativas sobre o tema. Desse modo, neste trabalho, buscou-se identificar as concepções alternativas de 46 alunos, do 1° ano do Ensino Médio, de uma escola da rede pública de Sobral-CE sobre o conteúdo ligações químicas. Foram aplicados questionários a esses sujeitos e os resultados obtidos indicam que os discentes apresentam conflitos nos conhecimentos sobre ligações covalentes, iônicas e regra do octeto, além da presença de concepções alternativas conhecidas como substancialismo e antropomorfismo.
Palavras chaves
Concepções alternativas; Ensino de química; Ligações químicas
Introdução
O estudo das ligações químicas possui grande importância no leque de conhecimentos inerentes ao ensino de Química, haja vista que versa sobre explicações do modo como os átomos interagem entre si para formar moléculas e substâncias. O entendimento da ocorrência de processos químicos contribui para uma formação técnica científica do aluno e para a compreensão de mundo. Por consistir no estudo de modelos abstratos e microscópicos, o estudo das ligações químicas se torna complexo, e o aluno tem dificuldades em compreender como ocorrem estes processos de ligações entre os átomos, emergindo a ocorrência de concepções alternativas sobre o tema. De acordo com Fernandes e Marcondes (2006), as dificuldades conceituais sobre o tema ‘ligações químicas’ são atribuídas a problemas básicos, como a compreensão da natureza dos átomos e moléculas. Concepções alternativas são, portanto, as representações que cada indivíduo tem sobre a realidade que o cerca. São ideias que não condizem com as aceitas pelas comunidades científicas, entretanto são importantes para aqueles que as possuem, isto é, à medida que se adéquam a seu cotidiano. Essas concepções alternativas influenciam, e muito, no aprendizado de conceitos científicos (LIMA, 1996). Deste modo, o presente trabalho objetivou conhecer e analisar as concepções alternativas apresentadas por 46 discentes, matriculados em uma turma de 1° ano, de uma escola de rede estadual, frente ao conteúdo de ligações químicas, bem como suas diferenças e como estabelecê-las.
Material e métodos
O presente trabalho trata-se de um estudo de campo desenvolvido com 46 (quarenta e seis) alunos de uma turma de 1° ano do Ensino Médio, de uma escola da rede pública localizada na cidade de Sobral, Ceará. A pesquisa apresenta caráter qualitativo-quantitativo e como coleta de dados foi utilizado um questionário misto, contendo questões objetivas e subjetivas. O trabalho de campo foi desenvolvido em duas etapas: aplicação de questionário aos alunos e análise e discussão dos resultados. O questionário aplicado possuía 06 (seis) questões. Após a coleta, os dados foram organizados e agrupados a fim de uma melhor visualização, e foram interpretados, buscando compreender e atribuir- lhes sentido.
Resultado e discussão
A partir da análise dos dados sobre as concepções alternativas notou-se que,
dentre os 46 alunos analisados, 35% (16) apresentaram conflitos na diferença
entre ligação iônica e covalente; 22% (10) possuíam concepção alternativa
denominada ‘antropomorfismo’; 13% (6) ‘substancialismo’ e 30% (14)
apresentaram compreensões equivocadas em relação à Regra do Octeto. No
quadro 01 são ilustradas algumas das concepções dos estudantes. Os alunos A1
e A2 fazem menção ao que dizem Fernandes e Marcondes (2006), na qual o
conceito de ligação química não está diferenciado, e os discentes se mostram
confusos quanto à diferença entre forças intermoleculares. Nas respostas dos
alunos A3, A4 e A5 encontramos a concepção ‘antropomorfismo’, um conceito
filosófico que atribui características humanas a seres inanimados, o que
condiz com “o carbono querer fazer quatro ligações” (BARKER; MILLAR 2000).
De acordo com Lopes (1992), esta concepção alternativa permite uma
aproximação do aluno com o assunto, facilitando a operacionalização de
conceitos sem a necessidade de entendimento. Na compreensão do aluno A6 o
discente vê a substância não como um modelo, mas como cópia da própria
realidade (MORTIMER; MOL; DUARTE, 2000). Nas respostas dos alunos A7 e A8
entende-se que a razão para os elétrons serem transferidos é o objetivo de
ter uma camada completa ao invés de falarem sobre as atrações
eletroestáticas dos íons que resultam da transferência de elétrons (TABER,
1998). Eles veem a regra do octeto como o motivo das ligações químicas
ocorrerem e não como um conceito que explica a sua ocorrência e desta forma
a concepção alternativa aparece não como um erro conceitual, mas como a
própria representação do discente sobre o objeto de estudo.
Concepções Alternativas dos licenciandos sobre ligações químicas.
Concepções alternativas sobre ligações químicas.
Conclusões
As principais concepções alternativas apresentadas pelos discentes analisados foram: confusão entre as ligações covalentes e iônicas; substancialismo; antropomorfismo e regra do octeto. Mostra-se precípuo destacar que modelos ou explicações equivocadas deixam para as fases posteriores a difícil tarefa de tentar modificar as concepções originadas no próprio processo de ensino. Característica que ressalta a importância dos docentes buscarem identificar as concepções alternativas dos discentes e utilizá-las em favor da construção de uma aprendizagem efetiva.
Agradecimentos
UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
Referências
BARKER, V.; MILLAR, R. Students’s reasoning about basic chemical thermodynamics and chemical bonding: What changes occur during a context-based post-16 chemistry course? International Journal of Science Education, v. 22, p. 1171-1200, 2000.
FERNANDEZ, C.; MARCONDES, M. E. R. Concepções dos Estudantes Sobre Ligação Química. Química Nova Na Escola, n. 24, nov. 2006.
LIMA, M. E. C. C. Formação continuada de professores de química. Química Nova na Escola, n. 4, nov. 1996.
LOPES, A. R. C. Livros didáticos: obstáculos ao aprendizado da Ciência Química. Química Nova. v. 15, n. 3, p. 254-261, 1992.
MORTIMER, E. F.; MOL, G.; DUARTE, L. P. Regra do Octeto e Teoria da Ligação Química no Ensino Médio: Dogma ou Ciência? Química Nova, v. 17, p. 243-252, 1994.
TABER, K. S. An alternative conceptual framework from chemistry education. International Journal of Science Education, v. 20, 1998.