DOMINORG: UM JOGO DIDÁTICO COMO PROPOSTA DE ENSINO NO CONTEÚDO DE FUNÇÕES INORGÂNICAS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Souza, N.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Silva, W.O. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Eleutério, C.M.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA) ; Jovito, R. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA)

Resumo

Sabe-se que uma barreira para o ensino da química é a motivação dos estudantes. Este trabalho descreve a construção de um jogo didático baseado em um dominó como instrumento auxiliar para o ensino do conteúdo de funções inorgânicas. Este foi aplicado a estudantes de ensino médio e universitários. A avaliação se fez através de um questionário, que pretendia obter informações sobre a percepção dos envolvido, quanto ao seu conhecimento do tema e quanto ao jogo em si. Os resultados mostraram que o jogo aumentou o interesse pelo conteúdo e houve grande aceitação do instrumento. Diante disso, conclui-se que o jogo criado contribui para o aperfeiçoamento do processo cognitivo, social e de aprendizagem, estimulando os estudantes e induzindo o raciocínio.

Palavras chaves

Ensino de Química; Ludicidade; Funções Inorgânicas

Introdução

Muitos alunos apresentam dificuldades de compreensão dos conteúdos nas disciplinas de ciências da natureza, bem como na Física e na Química (MILCHELINI; SILVA; ALVES, 2016). Atualmente, ser um educador de Química é complicado devido à falta de estrutura na maioria das escolas públicas, sem contar que alguns professores são destinados a ministrar disciplinas fora de sua área (QUEIROZ; DIÓGENES; FECHINE, 2016). É nesta perspectiva que Trevisan e Martins (2008) comentam o quão importante é examinar a prática pedagógica dos professores na área da química e entender as metodologias usadas, pois essa análise pode colaborar no vínculo entre teoria e prática no trabalho docente e proporcionar melhoria na aprendizagem. O lúdico proporciona recursos auxiliares ao desenvolvimento de metodologias inovadoras e atraentes para ensinar de forma prazerosa e interessante. Ainda, possibilita a formação integral do aluno, tornando-os mais motivados. Vale ressaltar que lúdico não é somente o uso de jogos. Soares (2008), afirma que o lúdico é toda atividade que produz o prazer, de modo que divirta o brincante durante sua ocorrência. Pode-se verificar vários exemplos que constituem a ludicidade, mas quando se fala de jogo propriamente dito, trata-se de lúdico contendo regras. A prática de jogos permite ao professor a condição de condutor, que estimula e avalia o processo de aprendizagem de seu educando. Dessa forma, os jogos tem utilidade como auxílio na formação de conhecimentos em qualquer área de ensino (CUNHA, 2012). Diante das dificuldades encontradas no ensino de funções inorgânicas, decidiu-se trabalhar com o lúdico através de jogos. Assim sendo, este trabalho apresenta a construção de um jogo didático como instrumento para o ensino de química inorgânica.

Material e métodos

Foi feito um levantamento sobre os jogos existentes e então elaborou-se um jogo didático, baseado em um dominó, abordando o conteúdo de funções inorgânicas. Foram pensadas suas regras e como ele seria construído. Partiu- se então para produção do primeiro protótipo do jogo. Este foi fabricado em papel cartão, contendo 40 peças, as quais possuíam um cátion e um ânion representados. Este protótipo, em conjunto com as primeiras regras, foi testado com licenciandos e licenciados em química, a fim de ajustar as regras para aplicação. Após os primeiros testes, as regras foram aperfeiçoadas e foi produzido um novo conjunto de peças, agora em madeira, contendo novamente 40 peças de dominó e, após sugestões, pequenas peças contendo números foram acrescentadas. O jogo foi aplicado, em 3 oportunidades: em uma turma de primeiro ano do ensino médio, para 38 estudantes que estavam estudando o conteúdo abordado pelo jogo; para 15 estudantes da disciplina Instrumentação para o Ensino de Ciências e Química do CESP/UEA; e com 26 estudantes de uma turma de primeiro período do CESP/UEA, formada em grande maioria por recém-egressos do ensino médio. Para todos os envolvidos foi solicitada a avaliação do jogo apresentado, a partir de um questionário com perguntas abertas e fechadas, onde se pretendeu obter informações sobre a percepção dos jogadores quanto ao seu conhecimento do tema do jogo, suas opiniões sobre o jogo em si (suas regras, dinâmica, auxílio na aprendizagem, nível de divertimento) e sugestões para que o instrumento se tornasse mais útil e fosse atingido o objetivo de ensinar de modo lúdico. Os resultados dos questionários de avaliação foram tabulados e analisados visando avaliar o instrumento e propor possíveis melhorias.

Resultado e discussão

Foi produzido um jogo de dominó partindo da união entre cátions e ânions, trabalhando a neutralização das cargas e nomenclatura dos compostos químicos formados. Após a fase de desenvolvimento, chegou-se ao conjunto de peças mostrado na Figura 1. Este foi primeiro aplicado em uma turma de ensino médio, onde pode-se perceber alguns alunos desinteressados. Observou-se que o excesso de participantes, regras pouco desenvolvidas e o curto período de aplicação geram problemas. Assim partiu-se para uma segunda aplicação, agora em uma turma da disciplina Instrumentação para o Ensino de Ciências e Química, do sexto período do curso de Licenciatura em Química do CESP/UEA. Ficou claro que o número de vezes que o jogo é utilizado pelo mesmo grupo de pessoas melhora muito a aceitação, tornando o jogo mais dinâmico e divertido.Ouvidas as sugestões, realizou-se a terceira aplicação do jogo, agora em uma turma de calouros da universidade em início de semestre. Observou-se uma aplicação tranquila, os brincantes não sentiram tantas dificuldades, pois as regras já estavam mais esclarecidas e mostraram, de forma geral, interesse no jogo, interagindo e discutindo sobre o conteúdo abordado. Os desafios propostos induziram uma construção coletiva de conhecimentos, o que mostra que o lúdico ajuda no aprendizado estimulando o raciocínio dos estudantes. Analisando os questionários respondidos pelos estudantes nas 3 aplicações realizadas Pode-se constatar que mais da metade dos estudantes utilizaria o instrumento fora do ambiente escolar, o que ampliaria o seu alcance e é uma prova de que o objetivo de ser lúdico foi atingido. A experiência dos aplicadores também afetou os resultados, pois a medida que repetiam-se as aplicações, as regras iam sendo aprimoradas.

Conclusões

Foi construído um jogo didático, do início ao fim, com ideia inicial, desenvolvimento e aplicação. A proposta de utilização e aplicação do jogo Dominorg como recurso didático, complementar alternativo e facilitador na aquisição e socialização do conhecimento de funções inorgânicas, causou aumento de interesse e contribuiu para os alunos, licenciandos e licenciados, pois a aplicação do jogo proporcionou uma melhor compreensão dos conhecimentos explorados.

Agradecimentos

Ao Centro de Estudos Superiores de Parintins, CESP/UEA.

Referências

CUNHA, M.B. Jogos no ensino de química: considerações teóricas para sua utilização em sala de aula. Química nova na escola. Jogos no ensino Vol. 34 Nº. 2, p. 92-98, Maio, 2012.
MICHELINI, L.J; SILVA, N. A. N; ALVES, D.A. Dominó do Laboratório: Uma proposta lúdica para o Ensino de Boas Práticas de Laboratório no Ensino Médio e Técnico. XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ), Florianópolis, SC, Brasil – 25 a 28 de julho de 2016.
QUEIROZ, B. V; DIÓGENES, F. J. M. O; FECHINE, P. B. A. Jogos das soluções: Simulando um experimento no laboratório de Química utilizando uma proposta lúdica para o ensino médio. Revista Virtual de Química, 21 de novembro de 2016.
SOARES, M. H. F. B. Jogos e atividades lúdicas no ensino da Química: teoria, métodos e aplicações. IN: Anais, XIV Encontro Nacional de Ensino de Química. Departamento de química da UFPR, Curitiba-PR, 21 a 24 de julho de 2008.