O ENSINO DE QUÍMICA E OS RECURSOS DIDÁTICOS: UMA CONTRIBUIÇÃO NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS CEGOS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Alves, E.B. (IFMA) ; Lima, I.M. (IFMA) ; Morais, M.L. (IFMA) ; Silva, E.L.M. (IFMA) ; Quinzeiro, S.F.L. (IFMA) ; Santos, M.R.P. (IFMA) ; Pessoa, P.A.P. (IFMA)

Resumo

A sociedade brasileira enfrenta um grande desafio de promover uma educação especial de boa qualidade para alunos cegos. A Química é uma das matérias mais difíceis, tanto para quem ensina, quanto para quem estuda e este desafio se torna muito mais complexo quando o aluno possui necessidades específicas que limitam a aprendizagem. Diante do exposto o objetivo desta pesquisa foi desenvolver recursos didáticos acessíveis para serem utilizados em salas de aula inclusivas do IFMA, Campus Caxias. Para isto realizou-se revisão da literatura com o intuito de verificar práticas metodológicas que envolvessem turmas inclusiva e uma a pesquisa de campo no IFMA, Campus Caxias, em turma inclusiva. Utilizando tais recursos foi possível a compreensão e assimilação, por parte do aluno cego.

Palavras chaves

Ensino de Química; Recursos didáticos; Cegos

Introdução

Um dos grandes desafios que a sociedade enfrenta, é o de promover uma educação especial e de boa qualidade, em específico para os alunos cegos (SILVA, 2006). Desta forma a disciplina Química se torna uma matéria complicada, quando é voltada à alunos cegos, pois ela requer observação (ARAGÃO, 2012). Sabe-se que a legislação é explícita, quanto à obrigatoriedade em matricular todos os alunos, independentemente de suas necessidades ou diferenças. Por outro lado, é importante ressaltar que não é o suficiente, mas que tais alunos tenham condições efetivas de aprendizagem e desenvolvimento de suas potencialidades (SANTOS, 2009). Segundo Mantoan 2003 a “inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades de aprender, mas todos os demais. De acordo com o Censo 2010 realizado pelo IBGE há no Brasil mais de 6 mi de pessoas com deficiência visual, dos tais mais de 500 mil são cegos (IBGE, 2016). Segundo um levantamento realizado em 2014, quase 900 mil estudantes cegos estavam matriculados sendo que 79% em classes comuns e em escolas públicas esse número é maior cerca de 93% (IBGE,2016). Diante desses dados é necessário refletir sobre a importância de metodologias que visem o aprimoramento do conhecimento desses alunos. O êxito dos alunos cegos, depende da maneira como essa disciplina é abordada. Portanto o objetivo desta pesquisa foi encontrar meios didáticos que ajudem no processo de aprendizagem de alunos cegos na disciplina de Química do IFMA, Campus Caxias. Os resultados obtidos foram positivos, uma vez que, o aluno cego conseguiu compreender e assimilar, por meio dos recursos, sendo: a elaboração de uma apostila em conjunto com experimentos palpáveis.

Material e métodos

A pesquisa foi realizada com um aluno cego de uma turma do 1º ano do curso técnico em informática integrado ao Ensino Médio do IFMA, Campus Caxias. Aplicou-se questionários avaliativos com o aluno e professor de Química a fim de verificar a relação ensino e aprendizagem. A partir deles foram realizadas atividades extraclasse para explicação dos conteúdos, utilizando metodologias acessíveis para a aquisição e compreensão dos assuntos ministrados em sala de aula. Essas metodologias foram elaboradas de acordo com limitação visual que aluno possui, assim sendo, precisou-se preparar experimentos que o discente pudesse usar o tato. Para a execução dessas metodologias experimentais utilizou-se o laboratório de Química em conjunto com materiais do cotidiano do aluno, como: garrafa PET, bexiga, vinagre, bicarbonato de sódio. Também houve seleção de assuntos transcritos em braille que facilitassem a aprendizagem de Química. Para melhor assimilação dos conteúdos por parte do aluno, o uso de dinâmicas cooperou significativamente para sua desenvoltura na matéria, como por exemplo o recurso de aulas em áudio.

Resultado e discussão

Observou-se que a pesquisa teve relevância, pois o aluno cego pôde acompanhar seus colegas de sala nas atividades compreendendo a matéria e levando o mesmo a não ter um sentimento de desistência. Aplicando os questionários com os professores de química foi possível perceber que os mesmos não fazem atividades que integrem o aluno cego na sala de aula. Para facilitar a compreensão, os professores relataram que o método mais utilizado é o material transcrito em braille. Contudo, a leitura em braile para aluno é cansativa, demorada e não consegue alcançar os seus colegas, prejudicando o aluno com necessidades especiais. Foi perceptível o que os professores não sabiam como promover recursos para ajudar na compreensão deste aluno na aluna de química. Partindo desses resultados, foram elaborados materiais didático como apostila, de acordo com conteúdo ministrado em sala de aula, para que aluno pudesse ter algo para se apor nos seus estudos, porém não teve sucesso, pois o aluno não gosta de ler, e como já foi citado, a leitura em braile leva tempo e paciência apesar dele ter domínio sobre o braille, então foi algo bem demorado devido essa situação, com isso fez-se necessário incentivar a leitura, mesclando leitura e áudio do assunto da apostila, só assim ele conseguiu assimilar melhor os conteúdos. Os áudios facilitaram a compreensão dos conteúdos abordados na apostila em braille. Com a aplicação dos experimentos (Figura 1) observou-se uma melhor compreensão da teoria.

Figura 1 - Realização de experimentos

Experimento "Enchendo a Bexiga" com bicarbonato de sódio e vinagre em PET para compreender sobre formação de gases.

Conclusões

Observou-se que os recursos didáticos ajudaram o aluno cego, na compreensão dos assuntos abordados. Também foi percebido que só os recursos não iriam ajudar o aluno a ter um acompanhamento igual à da sua turma, então tem que ter recursos e acompanhamento em para obter um melhor resultado.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Deus, ao IFMA pela bolsa de IC, ao Campus Caxias pela contribuição na pesquisa. Ao Sr. Cenir, Revisor de Braile.

Referências

ARAGÃO, A. S. Ensino de química para cegos: desafios no ensino médio. São Carlos. 2012. 116 p.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 40.ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios em 2010. Disponível em: <htttp://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 12 dez 2016.
SILVA, A. F. d. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006. 67 p.

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