A UTILIZAÇÃO DE MÉTODOS CLÁSSICOS DE EXTRAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ÓLEOS ESSÊNCIAS: UM PROJETO PARA QUÍMICA ORGÂNICA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

de Barros, W.O. (UFPI) ; Oliveira, A.G.S. (UFPI) ; de Melo, C.D.S. (UFPI) ; Silva, A.K.A. (UFPI) ; Barros, A.L.C. (UFPI) ; Silva, A.F. (UFPI) ; Sousa, E.S. (UFPI) ; de Lima, S.G. (UFPI)

Resumo

A utilização de métodos clássicos de extração e caracterização de óleos essenciais são propostas no presente trabalho. Descreve a extração do óleo essencial da Mentha villosa Huds. através da hidrodestilação em processo contínuo no aparelho Clevenger, seguido da análise do mesmo por meio da cromatografia a gás acoplada a espectrômetro de massas. O experimento utiliza material vegetal acessível, foi realizado a extração em 3h, e pode ser aplicado com sucesso na disciplina de química orgânica experimental, com o apoio dos laboratórios de pesquisa, para estudantes de graduação, proporcionando-os um primeiro contato com técnicas de cromatografia.

Palavras chaves

Óleo essencial; Extração; Caracterização

Introdução

A família Lamiaceae possui cerca de 4000 espécies distribuídas em 220 gêneros, cujas espécies são representadas em geral por ervas, subarbustos ou arbustos e encontram-se distribuídas em quase todas as regiões do globo, especialmente na região do Mediterrâneo e Ásia central (ALMEIDA et al, 2002). Dentre os inúmeros gêneros pertencentes a essa família, destaca-se o gênero Mentha em função de agrupar grandes números de espécies e híbridos que produzem óleo essencial com elevado valor comercial. A Mentha villosa Huds. é originária da Europa também conhecida como hortelã- comum, hortelã-de-tempero, hortelã- rasteira ou mentrasto. Apresenta indicação digestiva, estimulante e tônica em geral. É carminativa, antiespasmódica, estomáquica, expectorante, antisséptica, colerética, colagoga e vermífuga. Usada também na alimentação como condimento, e industrialmente é extraída uma essência, geralmente empregada na perfumaria e na fabricação de bebidas e doces (MARTINS et al, 2002). O óleo essencial extraído de espécies do gênero Mentha, quando de alta qualidade consiste, principalmente, de mentol (30–55 %); seguido de moderada proporção de seu precursor, mentona (14–32 %); e de baixos teores de pulegona (<4 %), mentofurano (1–9 %) e acetato de mentila (2,8– 10 %) (BEHN et al, 2010). Entretanto, os teores dos constituintes químicos são variáveis, conforme a localização geográfica do cultivo ou o resultado da combinação de diversos outros fatores, tais como genótipo, ontogenia, luz, temperatura, água e nutrientes (MARTINS et al, 2002). O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e composição do óleo essencial da Mentha villosa Huds. comercializada na cidade de Teresina–PI, comparando os resultados obtidos com os da literatura.

Material e métodos

Foram utilizadas para o procedimento espécies de Mentha villosa Huds. comercializadas em supermercados da cidade de Teresina-PI. O óleo essencial foi obtido exclusivamente das folhas, submetidas à hidrodestilação em processo contínuo no aparelho Clevenger, durante 3 h. O cálculo de rendimento foi realizado através da relação entre volume de óleo volátil obtido e a massa de material vegetal utilizada na extração (FARMACOPÉIA BRASILEIRA, 1992). Em seguida o OE foi submetido a análise química, sendo diluído na razão de 1:100 (V/V) em éter etílico, e a solução submetida à cromatografia a gás acoplado a um espectrômetro de massas, o GC-MS – QP5000 (Shimadzu), sendo a ionização obtida pela técnica de impacto eletrônico e no padrão de fragmentação observado nos espectros de massas, por comparação deste com amostras autênticas ou dados obtidos nas literaturas com a espectroteca WILEY229.LIB.

Resultado e discussão

O rendimento do óleo essencial (OE) foi aproximadamente 0,017 %. Foram identificados 35 constituintes, representando cerca de 90,0 a 99,9 % do conteúdo total do óleo volátil. A quantidade relativa dos seis constituinte mais abundantes está apresentada na Tabela 1. O OE apresentou predominância de compostos da família dos terpenos e sesquiterpenos de série cíclica. O componente óxido de piperitenona, com abundância relativa de 35,12 %, apresenta efeitos amebicida e giardicida. O componente terpine-4-ol, com abundância relativa de 18,38 %, exibe efeitos miticidas, anti-inflamatórios, antibacterianos e antifúngicos. Os componentes trans-cariofileno e germacreno-D, respectivamente, com abundância relativa 16,55 e 13,89 %, substâncias geralmente encontradas em plantas como agente de defesa, tendo efeitos anti-inflamatório, antialérgico, bactericida, repelente. O componente fitol, com abundância relativa de 9,36 %, é um produto do metabolismo de clorofila nas plantas, em humanos possui um efeito benefico na circulação e estabiliza a insulina do corpo quando de uso constante. O componente viridiflorol, com abundância relativa de 6,7 %, possui propriedades antisepticas e cicatrizante.

Tabela 1

Dados de caracterização do óleo volátil de folhas das espécies de Mentha villosa Huds.

Conclusões

A espécie analisada apresentou rendimento de aproximadamente 0,017%, com predominância de compostos da família dos terpenos e dos sesquiterpeno cíclicos. O composto de maior abundância relativa foi o óxido de piperitenona, este composto, juntamente com os demais, apresenta efeitos amebicida, giardicida, anti-inflamatórios, anticeptico, antialérgico, bactericida e antifúngicos.

Agradecimentos

Agradeço ao professor Sidney Gonçalo de Lima e ao estagiário por, ao ministrar a disciplina de Química Orgânica I na UFPI-Teresina, realizar este experimento que atri

Referências

ALMEIDA, C. F. C. B. R.; ALBURQUERQUE, U. P. Check-list of the family Lamiaceae in Pernambuco, Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 45 (3), 343-353, 2002.
MCKAY, D.L.; BLUMBERG, J.B. A review of the bioactivity and potential health benefits of peppermint tea (Mentha piperita L.). Phytotherapy Research, v.20, p.619‑633, 2006.
MARTINS, E. R.; CASTRO, D. M.; CASTELLANI, D. C.; DIAS, J. E. Plantas Medicinais, 4th ed., Viçosa: Editora UFV, 2002.
BEHN, H.; ALBERT, A.; MATX, F.; NOGA, G.; ULBRICH, A. Ultraviolet-B and photosynthetically active radiation interactively affect yield and pattern of monoterpenes in leaves of peppermint (Mentha × piperita L.), J. Agric. Food Chem., 58, 7361–7367, 2010.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA; 4ªed., Atheneu: São Paulo, 2001; OMS: Quality control methods for medicinal plant materials, Organisation Mondiale de La Sante: Geneve, 1992. Série de Informes Técnicos.

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