Discutindo a educação ambiental em aulas experimentais de ciências através do uso de materiais alternativos.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

Gonçalves, L.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assunção, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Lobato, S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Carneiro, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo mostrar sugestões metodológicas de aulas experimentais de ciências utilizando materiais alternativos, abordando a Educação Ambiental (EA), como tema transversal para o desenvolvimento dos conteúdos, em uma perspectiva socio- ambiental participativa do aluno, evidenciando os problemas do seu cotidiano. Foram desenvolvidos 03 (três) experimentos durante as aulas de ciências em 06 (seis) turmas do 9° ano do ensino fundamental de 02 (duas) escolas públicas localizadas no município de Abaetetuba-PA. Para a avaliação da proposta, foram aplicados questionários com perguntas objetivas, onde os resultados demonstraram que a ultilização de experimentos alternativos voltados para o cotidiano do aluno podem contribuir para o ensino de ciências.

Palavras chaves

Educação Ambiental; Materiais alternativos; Experimentos de ciências

Introdução

A ciência no ensino fundamental é uma disciplina que pode ser bastante explorada, uma vez que esta pode ser trabalhada em diferentes aspectos e olhares. De acordo com Santos et al (2013), o ensino de ciências apresenta um papel fundamental para o educando, no que diz respeito a conhecer desde os conceitos mais simples, até os mais complexos. Porém a forma como vem sendo abordado os conteúdos, mediante o tradicionalismo, leva ao não entendimento destes pelos alunos, acarretando em vários problemas para o processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma um método de ensino que tem se mostrado eficiente, é a experimentação, a qual pode ser utilizada para proporcionar uma maior eficiência no processo de ensino- aprendizagem, a medida que facilita a aprendizagem de inúmeros conceitos que permeiam as ciências, os quais em suma são abstratos, permitindo a contextualização dos mesmos, e consequentemente despertando o interesse do educando pela aula. De acordo com Reginaldo (2012, p. 2) “A realização de experimentos em Ciências, representa uma excelente ferramenta para que o aluno faça a experimentação do conteúdo e possa estabelecer a dinâmica e indissociável relação entre teoria e prática”. Atualmente o uso e o reaproveitamento de materiais alternativos fazem parte de uma discursão que vem ganhando espaço, assim, a Educação Ambiental (EA) vem assumindo novas dimensões proporcionando um desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para a humanidade. Mediante isso os docentes da área da educação básica devem trazer discurssões para a escola e para a comunidade a fim de propiciar aos educandos uma nova consciência diante das problemáticas ambientais. Brumati (2011), diz que [...] o estudo da educação ambiental através do ensino de ciências pode contribuir para a formação de novos valores e conhecimentos, formando asssim cidadãos capazes de analisar as relações que os cercam. A utilização de experimentos feitos com materiais alternativos demonstra como o reaproveitamento destes podem contribuir para o ensino, tendo em vista que através dos mesmos, podem ser trabalhados conteúdos de ciências e a EA. “[...] fazer uso de materiais alternativos e de fácil obtenção para aplicar uma aula experimental, ameniza as dificuldades de infraestruturas encontradas na maioria das escolas” (OLIVEIRA; GABRIEL; MARTINS, 2017 p. 239, 240). Os experimentos utilizados neste trabalho foram: Filtro caseiro, máquina a vapor, sabão caseiro e Lixeira ecológica de garrafa pet, onde estes puderam ser relacionados com os seguintes assuntos: Separação de misturas, Estados físicos da matéria e Saponificação, respectivamente. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar uma discussão sobre como a utilização de experimentos com materiais alternativos pode ser de fundamental importância na construção dos conhecimentos sobre EA no ensino básico.

Material e métodos

O trabalho consistiu em um estudo de natureza qualitativa e quantitativa, onde as atividades foram desenvolvidas em duas escolas de educação básica da rede pública de ensino no município de Abaetetuba-PA. Através de uma metodologia baseada na aplicação de atividades experimentais nas aulas de ciências, utilizando materiais alternativos, foi possível interligar a teoria à prática e, deste modo, promover a discussão dos conceitos da EA. As atividades foram realizadas em 06 (seis) turmas do 9°ano do ensino fundamental, nos turnos manhã e tarde, com o total de 177 alunos participantes. As Atividades experimentais foram executadas em 4 etapas: A primeira foi o planejamento, onde foram selecionados os experimentos trabalhados, a segunda foi uma discussão em forma de palestra voltada para o tema EA e experimentação no ensino de ciências, a terceira etapa foi a realização dos experimentos listados a seguir: i) Máquina a vapor: Em uma base de madeira foram fixados alguns pregos que serviram de apoio para a latinha, em seguida confeccionou-se uma hélice com o corpo de outra latinha e retirou-se o fundo da mesma que serviu como recipiente para o álcool, a hélice foi fixada no suporte com o auxílio de um clipe enfrente a latinha. A partir daí, com o auxilio de uma seringa, foi retirado o refrigerante e colocado a água para dentro da latinha e acendeu-se o fogo. Então, esperou-se aquecer e a hélice girar. ii) Sabão caseiro: Em um balde de plástico, foi adicionado 5L de óleo de cozinha usado e 1L de detergente, em seguida acrescentou-se 1L de pinho e posteriormente a soda caústica já diluída em água. Depois de tudo misturado foi despejado sobre uma bandeja de plástico, para esperar solidificar, e, então cortar. iii) Filtro de água caseiro: Uma garrafa plástica foi cortada em dois pedaços, de forma que a metade de cima ficasse um pouco menor que a de baixo. Na parte da garrafa que fica o bico, colocou-se uma camada de algodão e sobre ela uma camada de areia fina, posteriormente uma camada de areia grossa, e por fim o seixo. Depois arrumou-se a parte de cima da garrafa dentro da outra metade, como se fosse um funil e então a água suja foi despejada dentro do filtro, para ocorrer a filtração. iv) Lixeira ecológica de garrafa pet: Nesse experimento, foram feitos alguns furos nas laterais da garrafa em cima e embaixo e as envolveu com um arame fino. Esse procedimento foi realizado em todas as garrafas e depois as juntamos e amarramos em forma de círculo. E, por fim, foi aplicado um questionário, a fim de analisar se os alunos gostariam ou não de ter essas ferramentas utilizadas em sala de aula, e verificar o conhecimento dos mesmos com relação às temáticas abordadas na palestra. O questionário foi composto por 7 questões objetivas e as perguntas contidas nele foram relacionadas com: a EA, o uso de materias alternativos no ensino de ciências e a utilizaçao da experimentações para facilitar o ensino.

Resultado e discussão

Como já foi ressaltado, o presente trabalho foi realizado em duas escolas de educação básica da rede pública de ensino no município de Abaetetuba-PA, onde foram aplicados questionários aos alunos, com perguntas objetivas respondidos por 177 alunos. A imagem 1 mostra as perguntas contidas no questiónario. A imagem 2, refere-se aos resultados obtidos sobre as perguntas aplicadas. Ao abordarmos à respeito da EA (questão 1), notou-se que a maioria dos alunos já tinham conhecimento à respeito dessa temática, segundo relatos orais dos mesmos, essas informações não foram adquiridas em sala de aula e sim, através de outros meios como: televisão, revistas e livros. E após a palestra, concluiram que é relevante estudar sobre esse tema como mostra no gráfico a questão 2. Quando instigados sobre o reaproveitamento de materiais alternativos em aulas de ciências, praticamente todos os alunos, após a palestra, afirmaram que consideram importante essa prática, pois a utilização desses materiais em experimentos, ajudam a preservar o meio ambiente e pode ainda proporcionar conhecimento. Porém, no seu cotidiano a maioria dos educandos relataram não reutilizar quaisquer tipo de materiais como demonstram o gráfico das questões 3 e 4 respectivamente. Mello (2017), afirma que as instituições de ensino, têm por obrigação transmitir informações e conhecimentos à respeito do meio ambiente, visto que formarão jovens críticos e conscientes, que levarão os conhecimentos adquiridos para seu cotidiano, sugerindo ideias e soluções que ajudarão no desenvolvimento sustentável e na diminuição dos danos causados ao meio ambiente. Ao serem questionados se já desenvolveram algum tipo de experimentos em sala de aula, a maioria dos alunos afirmaram que não, devido os professores não terem o hábito de utilizar essa metodologia e algumas instituições de ensino não terem laboratório. Porém, ao término da palestra eles sinalizaram que seria importante o uso dessa metodologia, pois através dela consegueriam aprender melhor, tanto na teoria quanto na prática, o que é evidenciado nos dados dos graficos 5, 6 e 7. O uso de experimentação tem sido defendido por muitos autores como uma metodologia que contribui para a educação, porém é uma metodologia pouco usada em sala, devido alguns professores alegarem como principais causa: a falta de infra-estrutura e sobrecarregamento de tarefas escolares.

Imagem 1 - Questionário aplicado aos alunos.

Fonte: Dos autores, 2018.

Imagem 2 - Gráfico demonstrando os resultados.

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Conclusões

Após a realização das aulas experimentais, verificou-se que é possível utilizar materiais alternativos no Ensino de Ciências, para discutir os conceitos da EA, instigando os alunos a terem interesse pelo tema abordado e inserindo-os ativamente no processo de ensino-aprendizagem. O presente trabalho mostrou aspectos relevantes, tendo em vista que todos os experimentos realizados foram adaptados à realidade das escolas com a utilização de materiais alternativos, assim notou-se que a execução de experimentos mais acessíveis, são capazes de despertar o interesse dos alunos, bem como a consciência para os problemas ambientais. Os resultados obtidos através da aplicação do questionário contendo 7 questões objetivas, tinham por finalidade analisar se os alunos gostariam ou não de ter essas ferramentas utilizadas em sala de aula, e ainda, verificar sobre o conhecimento dos mesmos em relação as temáticas abordadas na palestra, como observa-se por exemplo na questão 2: “Você acha importante estudar sobre a educação ambiental?” 90,96% dos alunos afirmaram que sim, bem como na questão 3: Você acha importante o reaproveitamento de materiais alternativos nas aulas de ciências? que 98,30% dos alunos disseram que sim, confirmando portanto, a importância do reaproveitamento destes materiais. Outro aspecto importante do trabalho, pode ser demonstrado na questão 6: Para você a utilização da experimentação contribui com a aprendizagem? na qual, 96,04% dos alunos sinalizaram positivamente, o que nos leva a conclusão, genericamente, de que a proposta metodológica sugerida neste trabalho, para este público alvo, pode ser bem efetiva em termos de aceitabilidade por parte dos alunos. Desta forma, espera-se que esta metodologia possa contribuir com professores e estudantes que desejem explorar o tema, ou ainda, como base para trabalhos futuros, que venham a ser realizados sobre usos de metodologias diferenciadas no processo de ensino- aprendizagem.

Agradecimentos

A Universidade do estado do Pará – Campus XVI (Barcarena) e aos diretores e professores das escolas públicas onde foi executada a atividade.

Referências

BRUMATI, K.C.; A Educação Ambiental no ensino em ciências. Disponível em: <http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2594/1/MD_ENSCIE_2011_1_08.pdf> Acesso em: 10 de Julho de 2018.

MELLO, G.L. A importância da educação ambiental no ambiente escolar. Disponível em: <http://www.ecodebate.com.br/2017/03/14/importancia-da-educacao-ambiental-noambiente-escolar-artigo-de-lucelia-granja-de-mello/> Acesso em: 08 Março de 2018.

OLIVEIRA, D.G.D.B.; GABRIEL, S.S.; MARTINS, G.S.V. A Experimentação Investigativa: Utilizando materiais alternativos como ferramenta de ensino-aprendizagem de Química. Disponível em: < http://revistas.ufcg.edu.br/cfp/index.php/pesquisainterdisciplinar/article/download/358/pdf> Acesso em: 10 de Julho de 2018.

REGINALDO, C.C.R.; SHEID, N.J.; GÜLLICH, R.I.C. O Ensino de Ciências e a Experimentação. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/2782/286> Acesso em: 10 de Julho de 2018.

SANTOS, A.H. et al. As dificuldades enfrentadas para o Ensino de Ciências Naturais em escolas Municipais do Sul de Sergipe e o processo de Formação Continuada. XI Congresso Nacional de Educação. Curitiba, 2013. Disponível em: <educare.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/9474_6573.pdf> Acesso em: 08 Março de 2018.

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