INDICADORES ÁCIDO-BASE NATURAIS A PARTIR DAS PLANTAS DO JARDIM. UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
da Silva, A.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA) ; Manochio, V.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA)
Resumo
O Presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta pedagógica para o ensino das funções inorgânicas ácido e base através dos indicadores naturais (antocianinas) extraídos de três espécies de plantas encontradas no jardim do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - campus Juína. Para avaliar o potencial como indicador ácido-base, os extratos obtidos foram comparados com o extrato de repolho roxo, um indicador natural de pH muito utilizado nas aulas práticas de química. Os resultados foram significativos, pois os extratos obtidos das espécies estudadas apresentaram mudança de coloração frente à diferentes pHs, podendo assim serem didaticamente empregados no ensino das funções inorgânicas.
Palavras chaves
indicadores ácido-base; potencial hidrogeniônico; antocianinas
Introdução
Indicadores ácido-base ou indicadores de pH são substâncias orgânicas fracamente ácidas (indicadores ácidos) ou fracamente básicas (indicadores básicos) que apresentam cores diferentes para suas formas protonadas e desprotonadas, isto é, que mudam de cor em função do pH. O uso de indicadores de pH é uma prática bem antiga que foi introduzida no século XVII por Robert Boyle (TERCI e ROSSI, 2002). Inúmeras espécies de plantas, flores e frutas possuem em sua seiva, um grupo de substâncias denominadas antocianinas que mudam de cor conforme o pH do meio em que estão inseridas, sugerindo que tais espécies podem atuar como indicadores ácido-base. Estes indicadores naturais estão se revelando como um potencial recurso didático utilizado em algumas regiões do país. Vários indicadores naturais ácido-base extraídos de partes das plantas, já foram relatados na literatura como indicadores de pH, dentre os quais o mais destacado é o extrato do repolho roxo (SOARES; SILVA; CAVALHEIRO, 2001), muitas vezes de elevado valor comercial e difícil de ser encontrado nas prateleiras dos supermercados em certos municípios do país em virtude da logística de transporte. É nesta finalidade que o presente trabalho tem como objetivo extrair indicadores ácido-base naturais (antocianinas) de plantas encontradas no jardim do IFMT campus Juína, para serem utilizados futuramente para identificação do caráter ácido ou básico de produtos comerciais em aulas experimentais de química podendo substituir o extrato do repolho roxo e os indicadores sintéticos para tal finalidade.
Material e métodos
As espécies estudadas são popularmente conhecidas como Terramicina (Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze), Hera-roxa (Hemigraphis alternata (Burm. f.) T. Anderson) e Trapoeraba-roxa (Tradescantia pallida (Rose) D.R. Hunt var. purpurea). As folhas foram coletadas no jardim do IFMT campus Juína e encaminhadas ao laboratório de Química para extração dos indicadores naturais de pH, seguindo metodologia adaptada de GEPEQ (1995). Pesou-se 10g das folhas em um béquer e adicionou-se 100mL de água destilada, levando à fervura até a redução da água à metade do volume inicial, filtrando a solução em seguida. Afim de avaliar a possibilidade do emprego dos extratos obtidos para a utilização como indicadores ácido-base, construiu-se uma escala padrão de pH, onde os extratos foram adicionados para visualização da coloração apresentada em cada pH. Para efeito de comparação, os mesmos procedimentos foram realizados com o extrato do repolho roxo (Brassica oleracea).
Resultado e discussão
Em diferentes pHs, os extratos assumem diferentes colorações que podem ser
facilmente identificadas por observação visual, definindo-se escalas de pH
em função da cor da solução resultante. A figura 1 apresenta a escala de
cores para os diferentes pHs, obtidas com os extratos de Terramicina, Hera-
roxa e Trapoeraba-roxa, comparando-as com o extrato de Repolho roxo, um
indicador muito utilizado em aulas práticas de química.
Percebe-se que o extrato do repolho roxo apresenta maior variedade de
coloração quando exposto aos diferentes pHs porém, as variações de cores
observadas indicam que os extratos das plantas estudadas também podem ser
usados como indicadores naturais de pH, apresentando faixa de viragem bem
definida e podendo ser utilizados em aulas práticas de química em
substituição à indicadores sintéticos e até mesmo o indicador natural
extraído do repolho roxo.
Escala de cores para diferentes pHs, obtida com os extratos das plantas estudadas.
Conclusões
De acordo com os resultados apresentados, é possível concluir que os extratos obtidos das três espécies estudadas apresentam potencialidade para serem usados como indicadores ácido-base nas aulas de química em função da significativa mudança de coloração em diferentes pHs. A simplicidade dos experimentos demonstrados possibilita a realização da prática em escolas sem infraestrutura laboratorial, facilitando a relação entre a teoria e a prática no ensino de química, tornando o aprendizado mais interessante.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - Campus Juína.
Referências
GEPEQ - GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA/INSTITUTO DE QUÍMICA/USP. Estudando o equilíbrio ácido-base. Química Nova na Escola, 1, p.32-33, 1995.
SOARES, M. H. F. B.; SILVA, M. V. B.; CAVALHEIRO, E. T. G. Aplicação de corantes naturais no ensino médio. Eclética Química, v. 26. p. 98-103, 2001.
TERCI, D.B. L.; ROSSI, A. V. Indicador natural de pH: usando papel ou solução? Quím. Nova, v. 25, n. 4, p. 684-688, 2002.