PRODUÇÃO DE REVESTIMENTOS COMESTÍVEIS: UMA PROPOSTA PARA A ABORDAGEM DE POLÍMEROS EM AULAS DE QUÍMICA DO 3° ANO DO ENSINO MÉDIO.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ensino de Química

Autores

da Silva, A.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA) ; Manochio, V.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA) ; Silva, J.S. (IFMT - CAMPUS JUÍNA)

Resumo

No âmbito educacional são discutidas novas formas de abordagem em sala de aula que busquem aprimorar a prática pedagógica do professor e que contribuam para o aprendizado do aluno. O Presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta de uma oficina temática visando introduzir o ensino contextualizado da temática “Polímeros” para discentes do 3° ano do ensino médio através da produção de revestimentos comestíveis a partir do amido de mandioca. Com a aplicação de questionários antes e depois da realização do experimento, foi possível verificar que a atividade experimental, além de aumentar o interesse dos discentes pelo tema, possibilitou que a maioria compreendesse o conceito de polímeros através da inserção de materiais alternativos no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras chaves

revestimentos comestíveis; ensino de química; polímeros biodegradáveis

Introdução

A experimentação no ensino de Química deve contribuir para a compreensão de conceitos químicos, podendo distinguir duas atividades: a prática e a teoria (ALVES, 2007). O ensino de polímeros, é normalmente previsto para ser trabalhado no terceiro ano do ensino médio, no entanto, algumas vezes esse conteúdo não é visto ou geralmente é ausente de contextualização, e atividades que permitam dinamizar o ensino, dificultando ao aluno estabelecer uma relação entre os polímeros e a química (MATTOS, 2013). Os métodos normalmente empregados para a conservação de frutas fazem uso, prioritariamente de embalagens poliméricas sintéticas, que apesar de garantirem uma proteção desejada para diversos tipos de alimentos acarretam sérios problemas ambientais, pelo fato de possuírem elevada resistência a degradação demorando anos para se decompor (ASSIS e BRITTO, 2014). Os biopolímeros são polímeros ou copolímeros produzidos a partir de matérias- primas de fontes renováveis, como: milho, cana-de-açúcar, celulose, amido e outras. O amido é um dos polímeros naturais com maior potencial de aplicação no desenvolvimento de embalagens biodegradáveis e revestimentos comestíveis, por ser renovável e obtido a partir de diversas fontes à baixo custo. A síntese do revestimento comestível a partir do amido de mandioca, um polímero biodegradável, baseou-se nos princípios da gelatinização do mesmo que ocorre em temperaturas acima de 70ºC, com excesso de água. A suspensão em forma de gel que se obtém quando resfriada, forma uma película envolvente sobre os produtos, semelhante à celulose em resistência e transparência, representando uma alternativa potencial a ser usada na conservação de frutas e hortaliças (CEREDA et al., 1995).

Material e métodos

A prática de ensino foi realizada com 60 estudantes do 3° ano do curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFMT Campus Juína. Em sala de aula, a construção do conhecimento partiu da aplicação de um questionário e da abordagem temática sobre polímeros e das estratégias de revestimento utilizadas na etapa pós-colheita das frutas. Para a execução da parte experimental, foram divididos 4 grupos de 15 alunos e encaminhados ao laboratório de Química, onde cada grupo preparou 500mL de uma suspensão de amido de mandioca (3%) em água destilada e aquecida em banho-maria à temperatura de 70°C até a gelatinização, sendo mantida em repouso até o resfriamento à temperatura ambiente. Foram utilizadas maçã e banana adquiridas no mercado local. As frutas foram lavadas e submersas por 15 minutos em solução 0,1% de hipoclorito de sódio para eliminação de contaminantes e em seguida foram revestidas através da completa imersão na suspensão de amido durante 1 minuto, retiradas e deixadas secar naturalmente sobre tela de nylon à temperatura ambiente. Para avaliar a eficiência do revestimento comestível, um grupo de frutas foi revestida com filme de polietileno para representar um polímero sintético e outro grupo sem revestimento, como controle, podendo assim, introduzir também os conceitos de delineamento experimental com os alunos. Ao final da realização da parte experimental, aplicou-se um questionário, afim de se investigar o aprendizado sobre o conteúdo, tendo o mesmo o acréscimo de duas questões “Você gostou de produzir um revestimento comestível? Foi possível aplicar o conhecimento adquirido na parte teórica?” Diariamente avaliou-se a aparência externa das frutas na finalidade de verificar a eficiência do revestimento comestível produzido pelos alunos.

Resultado e discussão

Dos 60 discentes que participaram da prática de ensino, 88% não sabiam o que era um polímero e quais os problemas ambientais causados pelos polímeros sintéticos na natureza e 70% nunca haviam ouvido falar em revestimentos comestíveis. Ao final da contextualização teórica, todos os alunos responderam que sabiam dizer o que é um polímero, citando exemplos de polímeros sintéticos em seu cotidiano e destacando os principais problemas causados pelo descarte dos mesmos na natureza. A atividade experimental realizada em laboratório permitiu a síntese de um revestimento comestível através da polimerização do amido de mandioca (Figura 1), podendo ser utilizado na substituição dos polímeros sintéticos e reduzir o impacto ambiental causado por eles. Ao final da prática, 100% dos discentes responderam que gostaram de produzir um revestimento comestível e que puderam aplicar na prática o conhecimento adquirido na abordagem teórica. Alegaram a importância social e ambiental dessa inciativa tendo em vista que a produção do revestimento comestível a partir do amido de mandioca pode auxiliar os pequenos produtores da região à aumentarem o tempo de vida útil das frutas comercializadas (Figura 2) e diminuir o impacto ambiental através da redução do uso de polímeros não biodegradáveis.

Figura 1

A) Bananas com revestimento comestível B) Maçãs com revestimento comestível.

Figura 2

A) Aspecto visual das bananas após o quinto dia do experimento. B) Aspecto visual das maçãs após o décimo dia do experimento.

Conclusões

A partir do questionário aplicado inicialmente, pode-se perceber o desconhecimento da maioria dos estudantes em relação ao tema abordado. Após a abordagem teórica em sala de aula, os mesmos passaram a possuir conhecimentos mais claros sobre os polímeros e as estratégias de revestimentos comestíveis. Com a atividade prática realizada em laboratório pode-se notar a importância da experimentação no ensino de química onde os estudantes desenvolveram a prática relacionando-a com a teoria através da síntese do revestimento comestível a partir do amido de mandioca.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso Campus Juína.

Referências

ALVES, W. F. A formação de professores e as teorias do saber docente:contexto, dúvidas e desafios. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 33. n. 2. p. 263-280. maio/ago. 2007.
ASSIS, O. B. G.; BRITO, D. Revisão: coberturas comestíveis protetoras em frutas: fundamentos e aplicações. Brazilian Journal of Food Technology. Campinas, v. 17, n. 2, p. 87-97, 2014.
CEREDA, M. P. ; BERTOLINI, A. C.; SILVA, A. P. ; OLIVEIRA, M. A.; EVANGELISTA, R. M. Peliculas de almidón para la preservación de frutas. Congresso de Polimeros Biodegradables: Avances y Perspectivas, 1995, Buenos Aires, Argentina, 1995.
MATTOS, D. M; SANTOS, C. S; SANTOS, J. A. M; FACCIO, M. T.; PERREIRA, F. K. D; ARAÚJO, F. T. da S; ALMEIDA, C. L. A. Perspectiva da introdução do estudo de polímeros no ensino médio pela síntese da baquelite. In: Congresso Norte-Nordeste de ensino de química. Disponível em < http://annq.org/eventos/upload/1362690366.pdf > acessado em: jul. 2018



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