Contextualização aliada a prática experimental no ensino de Potencial Hidrogeniônico (pH)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Silva, A.S. (UEPA) ; Silva, L.P. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA)
Resumo
Este estudo objetivou proporcionar para o ensino de pH uma forma diferenciada de abordagem ao tema, envolvendo a contextualização e a experimentação com materiais alternativos. A estratégia didática foi desenvolvida com 21 alunos de uma escola de ensino médio da cidade de Salvaterra-PA. Para coleta de dados, utilizou-se dois questionários abertos (Q.I e Q.II), os dados obtidos foram interpretados, categorizados e tabulados. Com o Q.I, constatou-se que os vídeos exibidos no início da aula promoveram diferentes interpretações dos alunos sobre o que seria pH. Após a intervenção, os estudantes conseguiram aplicar os conhecimentos acerca do tema na resolução de problemas do cotidiano. A estratégia possibilitou a construção de conceitos sobre o tema a partir de situações do dia-a-dia.
Palavras chaves
Experimentação; Materiais Alternativos; Estratégia Didática
Introdução
Os conteúdos da disciplina de Química no ensino médio, na maioria das vezes, são trabalhados sem uma relação com o contexto em que os alunos estão inseridos, o que acaba levando-os a terem dificuldades em assimilar as informações dos assuntos abordados e explicados pelo professor em sala de aula, e como consequência, passam a ver a química como uma matéria difícil de ser compreendida, criando dessa forma uma barreira que dificulta o seu aprendizado (ROCHA; VASCONCELOS, 2016; VEIGA; QUENENHENN; CARGNIN, 2012). A crescente preocupação com o ensino de química tem feito com que professores busquem estratégias de ensino que sejam eficientes em transmitir os conceitos acerca dos assuntos de química e ao mesmo tempo atraentes para os alunos, de forma que venha a despertar o interesse destes pela disciplina (SANTOS; GOMES; SOUZA, 2015; SILVA, 2011). Metodologias como a contextualização, a interdisciplinaridade, o lúdico, a experimentação, entre outras, surgem como estratégias capazes de fornecer ao professor aulas diferenciadas e que contribuem para o processo de ensino-aprendizagem (GOI; ELLENSOHN, 2017; RUZZA. 2016). Segundo Almeida et al. (2008) e Lôbo (2012), as aulas práticas desenvolvidas em sala, juntamente com a contextualização, são métodos que promovem o entendimento dos conteúdos de química, uma vez que, os experimentos facilitam a compreensão da ciência e de seus conceitos, além de, despertar o interesse por esta. Este estudo teve por objetivo proporcionar para o ensino de Potencial Hidrogeniônico (pH) uma estratégia diferenciada de abordagem ao tema, envolvendo a contextualização e a prática experimental com materiais alternativos, de forma que o aluno consiga relacionar e aplicar os conhecimentos adquiridos em seu cotidiano.
Material e métodos
A estratégia de ensino foi desenvolvida com 21 alunos de uma turma de 2ª série da Escola Estadual de Ensino Médio “Salomão Matos”, localizada na cidade de Salvaterra, Marajó, PA. A prática de intervenção foi realizada no laboratório interdisciplinar da UEPA/Campus XIX e teve seu andamento em duas etapas: abordagem teórica do tema pH e prática experimental. A Abordagem Teórica: A aula iniciou com a exibição de dois vídeos, “Sabonete íntimo: Você usa?” (MÃE DE TRÊS, 2011) e “Entenda o que é o pH” (MEU BEBÊ, 2017), que explanavam conceitos de pH e a relação deste com a saúde humana. Na sequência, foi distribuído aos estudantes um questionário inicial (Q.I) contendo três perguntas abertas, afim de verificar as informações assimiladas acerca do tema, dos vídeos exibidos. Após, a aula prosseguiu com a abordagem aos conceitos científicos do assunto, relacionando-o com o cotidiano dos alunos por meio de exemplos e imagens ilustrativas. A Prática Experimental: Ao término das explicações, os alunos foram orientados em como determinar a acidez de amostras de refrigerante pelo método de titulação. Para a experimentação, fez-se uso de materiais alternativos: suporte universal feito de madeira; bureta construída com seringas de 10mL; copo descartável transparente de 200mL (Becker); seringa de 10mL (pipetas volumétricas); régua para medir o volume do titulante utilizado; solução de NaOH 0,1M; fenolftaleína 1% e refrigerante de limão. Ao final da atividade foi repassado o questionário final (Q.II) contendo três perguntas abertas, relacionadas a problemas do cotidiano envolvendo pH. Para a expressão dos resultados, optou- se pela metodologia estatística descritiva, onde os dados obtidos foram interpretados, categorizados e tabulados, seguindo as orientações de Prodanov e Freitas (2013).
Resultado e discussão
Com o Q.I verificou-se o conhecimento adquirido pelos alunos sobre pH a partir
das informações contidas nos vídeos, no quadro 1 são ilustradas definições
atribuídas ao termo. Por meio das respostas obtidas, constatou-se que os
estudantes tiveram diferentes interpretações em relação ao que seria pH.
Segundo Santos e Kloss (2010), o vídeo é uma ferramenta que promove e desperta
a atenção e curiosidade dos alunos, possibilitando-os a terem oportunidades de
observar e destacar aquilo que mais lhes chama a atenção, o que ficou claro ou
não com o vídeo e, expressam-se da maneira como entenderam. Questionados se os
vídeos contribuíram para o entendimento do assunto, todos relataram que sim,
sendo que para alguns o termo pH era até então desconhecido. Todavia, a
definição colocada pelos estudantes para pH ficou inteiramente ligado ao
contexto no qual foi apresentado nos vídeos. Perguntados se era importante
estudar pH, a resposta sim foi unanimidade, com justificativa da maioria
relacionada a aplicabilidade de tais conhecimento no cotidiano. Na realização
da prática foram notórios o interesse e a curiosidade em manusear os materiais
alternativos, na Fig. 1 são ilustrados momentos da intervenção. Com o Q.II,
verificou-se a contribuição que a estratégia utilizada trouxe para o
aprendizado dos estudantes. Na 1ª pergunta os alunos deveriam explicar qual a
função do antiácido ante a azia, 67% mencionaram a neutralização do ácido nas
paredes do esôfago. Indagados de como deveria ser baseada a dieta de uma
pessoa com gastrite, 76% citaram o consumo de alimentos alcalinos, os demais
mencionaram refeições com pH neutro ou ácido. Para a pergunta sobre qual
método utilizariam para identificar o pH de um produto sem a utilização de
equipamentos, 52% faria uso do papel de tornassol.
Definição atribuídas pelos alunos para pH, após a exibição dos vídeos
(A) aula introdutória; (B), (C) e (D) desenvolvimento da prática experimental.
Conclusões
A prática empregada envolvendo a contextualização e a experimentação, despertou interesse e curiosidade nos alunos em saber sobre o tema pH, sobretudo em relação a identificação de substância ácida, neutra e/ou básica presentes no cotidiano. Com a estratégia didática adjunto aos materiais alternativos, foi possível promover a construção do conhecimento dos estudantes a respeito do assunto abordado, proporcionando para o ensino uma estratégia diferenciada de abordagem ao tema pH, onde a relação do assunto com o cotidiano do aluno passa a ser a principal forma de construir conceitos científicos.
Agradecimentos
Referências
ALMEIDA, E. C. S.; ARAÚJO, M. F. C.S.; PEREIRA, J. L.; SILVA, M. L.; BRAGA, C. F.; BRASILINO, M. G. A. Contextualização do ensino de química: motivando alunos do ensino médio. In: Encontro de Extensão, 10., 2008, João Pessoa, PB Anais eletrônicos... João Pessoa, 2008. Disponível em: <http://www.prac.ufpb.br/anais/xenex_xienid/x_enex/ANAIS/Area4/4CCENDQPEX01.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018.
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