Softwares em sala de aula: concepções de professores da área de Ciências Naturais do Município de Soure, Marajó, PA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ensino de Química
Autores
Palheta Junior, A.R. (UEPA) ; Barros, D.J.P. (UEPA) ; Fonseca, S.G.G. (UEPA) ; Feio, A.M. (UEPA) ; Santos, L.O. (UEPA) ; Souza, F.B. (UEPA)
Resumo
Este estudo teve por objetivo verificar se professores da área de Ciências Naturais das escolas públicas do Município de Soure, Marajó, PA, utilizam softwares como recursos didáticos em sala de aula e se tais ferramentas contribuem para o processo de ensino e aprendizagem. O levantamento foi realizado com nove professores de três escolas de ensino fundamental e médio. Para coleta de dados utilizou-se um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, sendo as respostas obtidas interpretadas, categorizadas e tabuladas. Segundo os professores que fazem uso de softwares, estes são instrumentos que auxiliam o ensino, promovendo maior aprendizado para os alunos. Porém, as escolas não oferecem o suporte mais adequado para se fazer um bom uso desta ferramenta tecnológica.
Palavras chaves
Ensino e aprendizagem; Escolas; Ferramenta tecnológica
Introdução
Quando uma escola tem à disposição de trabalho as tecnologias da informação e comunicação (TIC’s), atribui-se a ela adjetivos como moderna e inovadora, já outras, por não apresentarem tais recursos, são comumente taxadas de ultrapassadas (SOARES, 2014). Os avanços tecnológicos e a difusão da tecnologia na sociedade exigem que tanto a escola como os profissionais da educação acompanhem o desenvolvimento de tecnologias na área educacional, uma vez que os alunos, por estarem inseridos em uma sociedade moderna, tendem a desenvolver habilidades com as tecnologias surgentes, e ao se depararem com uma escola que não tem esse enfoque podem não dar o verdadeiro valor à aprendizagem (SANTOS; WARTHA; SILVA FILHO, 2010). A utilização de softwares como estratégia didática está cada vez mais difundida no meio educacional, visto que estas ferramentas possibilitam ao educador otimização do tempo de abordagens aos conteúdos programáticos, aulas mais dinâmicas e a elaboração de atividades diferenciadas (BONA, 2009; SALES, 2012), tornando o ensino e aprendizagem interessante e motivador (GOMES; LEAL FILHO, 2012). Todavia, para que o professor utilize recursos como estes em sala de aula é necessário que a escola forneça estrutura e suportes necessários para o manejo de tais ferramentas. Há hoje diversos softwares para o ensino, desde os que podem ser empregados a qualquer disciplina, como o Power Point, aos que se enquadram a disciplinas mais especificas, exemplo ChemBioDraw, usado para construir e demonstrar estruturas químicas. Neste estudo buscou-se verificar se professores da área de Ciências Naturais das escolas públicas do Município de Soure, utilizam softwares como recursos didáticos em sala de aula e se tais ferramentas contribuem para o processo de ensino e aprendizagem.
Material e métodos
Este estudo baseia-se, do ponto de vista de seu objetivo, em uma pesquisa de natureza exploratória conforme Kauark, Manhães e Medeiros (2010), sendo utilizado o método de entrevistas para coleta de dados. O levantamento foi executado em três escolas de ensino fundamental e médio, localizadas na zona urbana do Município de Soure, arquipélago do Marajó, PA, sendo todas pertencentes a rede pública de ensino. A pesquisa teve como público-alvo nove professores da área Ciências Naturais, que lecionam nas escolas abrangidas, dos quais, 3 possuem formação em Química, 3 em Biologia, 1 em Física e 2 em Ciências Naturais. As entrevistas com os professores foram realizadas de forma individual, ocorrendo nos intervalos de suas aulas, em espaços estabelecidos por eles. Para a entrevista, adotou-se como roteiro um questionário contendo quatro perguntas, sendo duas de cunho fechado, nas quais buscou-se: P.1) Saber se os docentes já haviam utilizado em suas aulas, algum software educacional; P.2) Selecionassem dentre as opções disponibilizadas os softwares que acreditavam ser viáveis para utilizar em sala de aula. E outras duas de cunho aberto, aonde solicitou-se: P.3) Que os docentes, caso já tivessem tido experiência com software em sala de aula, traçassem uma comparação entre uma aula com a utilização da ferramenta e outra sem a utilização, relatando as principais diferenças; e, P.4) Averiguar se as escolas em que os professores trabalham apresentam os suportes necessários para utilização dessas ferramentas. As respostas obtidas durante a execução das entrevistas, foram transcritas em espaços disponíveis no questionário, para concomitantemente serem interpretadas, categorizadas e tabuladas, seguindo as orientações de Prodanov e Freitas (2013).
Resultado e discussão
Na P.1, os professores demarcaram a opção que mais se aproximava da sua
opinião, em relação a já ter utilizado software em suas aulas, obtendo-se os
dados representados no gráfico da fig. 1-A. Neste, verifica-se que a maioria
demarcou a opção “sim, foi uma ótima forma de apresentar o conteúdo”,
demostrando que os softwares auxiliam o professor no desenvolvimento de suas
aulas, além de instigar o estudante a participar mais ativamente da aula,
possibilitando-lhe melhor assimilação do conteúdo. Para Bona (2009), as
ferramentas tecnológicas podem ser proveitosas como recurso didático, uma vez
que possibilita um planejamento inovador. Na P.2, os docentes selecionaram os
softwares que acreditavam ser viáveis para utilizar em sala de aula, no
gráfico da fig. 1-B, tem-se os percentuais para as opções dispostas. Neste,
observa-se que o PowerPoint e os jogos educativos são considerados pelos
professores mais viáveis para serem utilizados em sala. Na P.3, os docentes
que já haviam utilizado software em sala, mencionaram as diferenças mais
acentuadas observadas na aula com e sem a utilização da ferramenta, na tabela
1, tem-se categorias definidas as respostas dos professores. Nesta, verifica-
se que os docentes acreditam que estas ferramentas tecnologia contribuem para
o processo de ensino e aprendizagem, seja por facilitar o entendimento do
conteúdo, despertar maior interesse no aluno ou tornar as aulas mais
dinâmicas. Estas respostas estão de acordo com Gomes e Leal Filho (2012),
conforme os autores, tais recursos servem para incentivar e dinamizar o
ensino, visto que torna o aprendizado algo importante e significativo. Na P.4,
22,22% dos docentes afirmaram que sim, 44,44% parcialmente e 33,33% que a
escola não apresenta condições para utilização dessas ferramentas
tecnológicas.
(A) gráfico contendo os dados da P.1; (B) gráfico contendo os dados da P.2
Conclusões
Neste estudo verificou-se que parte dos educadores já fizeram uso de algum software em suas aulas, e que este estimulou mais os alunos a estudarem, além de ter tornado a aula mais dinâmica. Todavia, o emprego de softwares específicos que podem ser incluídos nas aulas de ciências é limitado, pois os professores julgam não poder utiliza-los, devido as escolas não oferecerem suportes necessários em termos de instalações. Entretanto, evidencia-se aqui o potencial dos softwares educacionais no favorecimento da aprendizagem, cabendo ao educador avaliar e se posicionar diante das novas ferramentas.
Agradecimentos
Referências
BONA, B. O. Análise de softwares educativos para o ensino de matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Experiências em Ensino de Ciências, vol. 4, n. 1, p.35-55, 2009.
GOMES, M. S. S. O.; LEAL FILHO, J. D. M. L. Simulações e modelos computacionais aplicados ao ensino de química. In: Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 7., 2012, Palmas, TO. Anais eletrônicos... Palmas: IFTO, out. 2012. Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/viewFile/850/1133>. Acesso em: 15 jun. 2018.
KAUARK, F. S.; MANHÃES, F. C.; MEDEIROS, C. H. Metodologia da pesquisa: um guia prático. Itabuna: Via Litterarum, v. 18, 2010.
PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do Trabalho Científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo-RS: Editora Feevale, 2013.
SALES, J. L. A utilização de softwares educativos no âmbito da educação formal: um estudo de caso no Colégio Carlos Drummond de Andrade (CCDA). 2012. 75 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Sistemas de Informação) – Universidade Federal do Pará Faculdade de Computação, Xinguara, PA, 2012.
SANTOS, D. O.; WARTHA, E. J.; SILVA FILHO, J. C. Softwares educativos livres para o Ensino de Química: Análise e Categorização. In: Encontro Nacional de Ensino de Química, 15., 2010, Brasília, DF. Anais eletrônicos... Brasília, jul. 2010. Disponível em: <http://www.sbq.org.br/eneq/xv/resumos/R0981-1.pdf>. Acesso em: 15 maio 2018.
SOARES, E. F. S. O uso de softwares educativos no ensino de ciências: uma pesquisa bibliográfica. 2014. 14 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Ciências Naturais) – Universidade de Brasília, Planaltina, DF, 2014.