AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE FOSFATO NAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO BAIRRO DAS FLORES, MUNICÍPIO DE BENEVIDES-PA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Vasconcelos Jr, N.T. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Silva, M.M.C. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Ferreira, V.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Costa, J.P. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Faial, K.R.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Medeiros, A.C. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Carneiro, B.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Araujo, P.P. (CPRM) ; Faial, K.C.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS)
Resumo
Dentre as diversas utilidades da água, o abastecimento humano é considerado o mais nobre e prioritário.Devido ao cenário de degradação da água disponível na superfície, uma parcela significativa da população recorre à obtenção de água por meio dos mananciais subterrâneos, onde a captação é realizada em aquíferos, contudo, é necessário seguir normas técnicas de perfuração de poços, para que se evite a poluição do aquífero. Este estudo avaliou a concentração de fosfato (PO_4^(3-)) em sua forma inorgânica, na água subterrânea proveniente de seis poços rasos, em uma região periférica do município de Benevides-PA. As amostras foram coletadas nos meses de julho, setembro e novembro de 2017. As concentrações de PO_4^(3-) variaram de 0,07 a 0,85 mg.L-1, enquanto a de Ca2+ foi de 1,74 mg.L-1.
Palavras chaves
Fosfato; Água Subterrânea; Benevides
Introdução
A utilização de águas subterrâneas para suprir as necessidades cotidianas é uma prática trivial; em muitas cidades, os reservatórios subterrâneos já são utilizados para abastecimento público (BERTOLO et al, 2015).Uma preocupação crescente em relação à água subterrânea é a sua contaminação, pois, mesmo o solo podendo apresentar capacidade de imobilização de grande parte das “impurezas”, essa capacidade é limitada; necessitando de um planejamento de uso sustentável, a fim de que a quantidade e qualidade das águas subterrâneas sejam preservadas. Na tentativa de prognosticar a qualidade de águas subterrâneas, tomando como bases parâmetros físico-químicos, são realizados estudos hidroquímicos, que fornecem informações sobre a distribuição dos principais elementos e sua evolução espacial e temporal em sistemas hídricos. Os resultados obtidos retratam os processos de caráter químico, físico e biológico inerente ao meio aquático e desta forma, ajudam a caracterizar os aquíferos e definir seus problemas ambientais e possíveis planos de remediação (RIQUELME, 2009). Nas imediações do bairro está localizado uma espécie de lixão a céu aberto, hoje denominado como aterro sanitário. Atrelado a esta realidade, encontra-se também a problemática do saneamento básico no município.Neste sentido, o presente estudo teve como proposta avaliar a distribuição de íons fosfato (PO_4^(3-)) em sua forma inorgânica, na região do Bairro das Flores, localizado no município de Benevides, Região Metropolitana de Belém, buscando identificar a relação existente entre a qualidade da água subterrânea proveniente do lençol freático e a presença das principais fontes poluidoras; entre elas as unidades de tratamento domésticos e as atividades do lixão, presente na área.
Material e métodos
Foram selecionados seis (06) poços rasos e de uso residencial ao longo do Bairro das flores localizado no município de Benevides-PA nos meses de julho, setembro e novembro de 2017. No momento da coleta o pH foi determinado, com auxilio de sonda multi-paramétrica (HI9828 - HANNA®) e após, as amostras foram armazenadas em caixa isotérmica (< 4°C) e transportada ao Laboratório de Toxicologia (IEC/SVS/MS). O parâmetro Sólidos Totais em Suspensão (STS) foi analisado por espectrofotometria, usando o equipamento DR-3900 da HACH. Foi retirada uma alíquota de 50 mL da amostra, filtrada, para a determinação das concentrações dos íons cálcio (Ca2+) e fosfato (PO_4^(3-)) pela técnica de cromatografia iônica, em um sistema ICS2100DUAL (DIONEX, USA). O controle da instrumentação e o tratamento das informações analíticas foram efetuados com o software Chromeleon. Para a determinação dos cátions e ânions as concentrações das espécies estudadas foram determinadas de acordo com a resposta analítica de curvas de calibração na faixa de concentração de 10 mg/L a 500 mg/L; para tanto, foram utilizados padrões multielementares da DIONEX – Thermo Fisher Scientific rastreáveis ao NIST. Todos os métodos analíticos empregados para a determinação dos parâmetros físico-químicos obedeceram aos procedimentos e recomendações descritas no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/ AWWA/WEF, 2017).
Resultado e discussão
Na Figura 01 estão descritas as concentrações de íons PO_4^(3-), bem como as
concentrações de íons Ca2+, os teores de pH e STS, durante o período de
amostragem. A concentração de PO_4^(3-) variou de 0,07 a 0,85 mg.L-1, e sua
concentração média foi de 0,22 mg.L-1. Embora não haja na legislação
brasileira valores de referências para PO_4^(3-) em águas subterrâneas,
muitos estudos como o de Conceição et al. (2009), consideram valores de 0,05
mg.L-1, como aceitáveis, enquanto Hanipha e Hussain (2017) consideram 0,1
mg.L-1 como valor aceitável, estipulado pela OMS. Além disso, Fineza (2008),
afirma que em águas não contaminadas, as concentrações de íons fosfato são
consideradas baixas, não ultrapassando o teor de 0,05 mg.L-1, por conta da
fácil fixação e baixa solubilidade de compostos fosfatados no solo, logo, as
perdas por lixiviação são desprezíveis (DOHARE; DESHPANDE; KOTIYA, 2014).
Ainda de acordo com o mesmo autor, concentrações acima de 0,05 mg.L-1 podem
estar relacionadas à ações antrópicas, como a produção de efluentes
domésticos e a presença de sistemas sépticos. Tomando como base o valor
estipulado pela OMS, pode-se observar que 78% das amostras analisadas,
apresentaram concentrações de fósforo acima do preconizado pela organização,
este comportamento pode ser observado na figura 2. Em estudo realizado no
ano de 2012, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), constatou que
aquíferos que apresentavam valores de pH tendendo a neutralidade,
comportavam maiores níveis de PO_4^(3-). No presente estudo, o valor médio
de pH foi de 4,06, caracterizando as águas como ácidas; valor este, um pouco
abaixo do valor padrão regional, que segundo Cabral: Lima (2006) é de 4,5.
Assim, pode-se afirmar que a ocorrência de fosfato nas águas analisadas
deve-se a fatores exógenos.
Distribuição dos parâmetros físico-químicos das águas subterrâneas do bairro das flores.
Gráfico das concentrações de fosfato nas águas subterrâneas do bairro das flores
Conclusões
A região estudada é permeada por fontes poluidoras, como a presença de fossas sépticas, bem como a existência de um lixão a céu aberto, implantado na área há mais de 30 anos. Sabendo que excrementos humanos são fontes de fosfato para o ambiente e que a presença exacerbada deste nutriente revela um cenário de contaminação recente, pode-se associar as concentrações à presença das fossas sépticas que estão há menos de 30 metros de distância dos poços estudados, que por sua vez não atendem normas técnicas estabelecidas pela ABNT a fim de proteger o lençol freático de processos de contaminação.
Agradecimentos
Ao Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS) Ao Serviço Geológico do Brasil - CPRM
Referências
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 23rd.ed. Washington, APHA, 2017.
BERTOLO, R.; HIRATA, R.; CONICELLI, B.; SIMONATO, M.; PINHATTI, A.; FERNANDES, A. Água subterrânea para abastecimento público na Região Metropolitana de São Paulo: é possível utilizá-la em larga escala?. Revista DAE, v. 63, n. 199, p. 6-17, 2015.
CABRAL, N. M. T.; LIMA, L. M. Comportamento hidrogeoquímico das águas do aquífero Barreiras nos bairros centrais de Belém, Pará. Bol. MUs. Para. Emilio Goeldi, v. 1, n. 1, p. 149-166, 2006.
SISTEMA DE INFORMAÇÕES DE INDICADORES SOCIAIS DO ESTADO DO PARÁ (SIIS). Informações consolidadas por município, 2013. Disponível em: https://www2.mppa.mp.br/sistemas/gcsubsites/index.php?action=MenuOrgao.show&id=2098&oOrgao=53. Acesso em: 30 jul. 2018.
USA, 2012. United States Geological Survey (USGS). Phosphurus and groundwater: Establishing links bettween agricutural use and transport to streams, 2012.