DIAGNÓSTICO QUALITATIVO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE POÇOS RASOS DO BAIRRO DAS FLORES, MUNICÍPIO DE BENEVIDES-PA, A PARTIR DA DETERMINAÇÃO DE ELEMENTOS TRAÇOS.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Vasconcelos Jr, N.T. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Faial, K.R.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Silva, M.M.C. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Carneiro, B.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Medeiros, A.C. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Ferreira, V.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Araujo, P.P. (CPRM) ; Costa, J.P. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS) ; Faial, K.C.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS)

Resumo

As águas subterrâneas têm grande importância para o abastecimento, economia e conservação ambiental;tal relevância está associada, principalmente, ao fato de que a água disponível na superfície fica mais exposta a diversos fatores poluentes, aumentando deste modo a procura por águas provenientes de aquíferos. O presente estudo teve como proposta avaliar a distribuição dos metais Al, Fe e Mn na região do Bairro das flores, localizado no município de Benevides, região Metropolitana de Belém, buscando assim, classificar a qualidade da água quanto à sua composição hidroquímica. Foram coletadas amostras em 6 poços nos meses de julho, setembro e novembro de 2017. As analises foram feitas por ICP OES, foi identificado valores de Al acima do preconizado pela legislação brasileira.

Palavras chaves

Água Subterrânea; Metais; Hidroquímica

Introdução

No âmbito nacional, em diversas áreas periféricas das grandes metrópoles, as águas subterrâneas oriundas de poços são configuradas como importantes fontes de auxilio de água para o consumo humano. Em tese, este tipo de fonte de abastecimento é considerado seguro para o consumo “in natura”, por ser tida como pura, porém, estas águas podem contaminar-se pelas impurezas que caem diretamente pela abertura do poço, como é o caso de contaminação por águas das chuvas, além de focos de contaminação que possam vir a atingir o próprio lençol freático (VALIAS et al., 2002). Na Região Metropolitana de Belém – RMB, o fornecimento de água superficial está restrito às cidades de Belém e Ananindeua, ficando os municípios de Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará, dependentes da captação de água por meio de poços tubulares, além destas cidades; os distritos de Icoaraci, Outeiro, Mosqueiro e a ilha de Cotijuba, todos pertencentes ao município de Belém, são abastecidos totalmente por água subterrânea, porém, o abastecimento não atende à demanda de água da população, tendo em vista o elevado crescimento populacional na RMB, bem como a ineficiência do serviço prestado (CPRM, 2002). Segundo dados da Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais - CPRM (2002) há um grande número de poços com água contaminada na RMB, refletindo a importância da construção de poços embasados em conhecimentos técnicos que, muitas vezes, são desconsiderados por empresas ou pessoas que prestam esse tipo de serviço, podendo esta contaminação estar associada à má construção dos poços. Tendo em vista o exposto tratado, O presente estudo determinou a concentração dos metais Al, Fe e Mn em águas de poços rasos no bairro das flores, situado no município de Benevides, na Região Metropolitana de Belém do Pará.

Material e métodos

Foram selecionados seis (06) poços rasos de uso residencial ao longo do Bairro das flores, localizado no município de Benevides-PA, nos meses de julho, setembro e novembro de 2017, para compor os pontos de amostragem. Para a seleção dos poços, foram considerados fatores como frequência de utilização do poço, tendo em vista que muitos proprietários disponibilizam água para os populares. As amostras de água foram coletadas em frascos de polipropileno, de 1 litro, esterilizados; com auxilio de baldes inoxidáveis, após, as amostras foram acidificadas com HNO3 (1% v/v). As amostras foram armazenadas em caixa isotérmica (< 4°C) e transportada ao Laboratório de Toxicologia do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVS/MS). No laboratório, uma alíquota de 50 mL foi retirada e filtrada em membrana de celulose marca Millipore (0,45 μm), para a determinação das concentrações de Fe na sua forma dissolvida; enquanto que outra alíquota de 50 mL foi acidificada com 250 µL de HCl para a análise das concentrações de Al e Mn, na sua forma total. Foi utilizada a técnica de Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Induzido (ICP OES), modelo Vista- MPX CCD simultâneo (Varian, Mulgrave, Austrália), configuração axial e equipado com um sistema de amostragem automático (SPS - 5). Para controle analítico de qualidade, utilizaram-se as Amostras Certificadas 1640a Trace Elements in Natural Water (NIST/USA) e 1643f Trace Elements in Natural Water (NIST/USA), além das amostras TMDA 64.2 e TMDA 51.4 da Environment Canada, com o intuito de avaliar a recuperação do método analítico. Todos os métodos analíticos empregados para a determinação dos parâmetros físico-químicos obedeceram aos procedimentos e recomendações descritas no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/ AWWA/WEF, 2017).

Resultado e discussão

Na Figura 01 estão descritas as concentrações do metal Fe na sua forma dissolvida, bem como dos metais Al e Mn na sua forma total. A concentração de Al variou de 0,017 a 0,657 mg.L-1, e a média foi de 0,187 mg.L-1, considerando que para Al o VMP pela Resolução Conama 396/2008 é de 0,200 mg.L-1, cinco amostras apresentaram concentrações acima deste valor, sendo elas: PT 03 (julho); PT 04 (julho e setembro) e PT 06 (setembro e novembro), observados na figura 01. Os maiores valores foram os determinados no mês de julho, período considerado de transição entre o mais chuvoso e o menos chuvoso, fato que pode explicar o comportamento observado para os maiores teores de Al, pois, a forte incidência pluviométrica propicia a lixiviação de elementos de menor mobilidade química, como é o caso do Al (BAHIA; FENZL; MORALES, 2008), além disso, o município de Benevides é constituído principalmente por solos lateríticos de caráter concrecionário, bem como por latossolos amarelos (VAZ, 2015; SECCO et al, 2007); solos que apresentam expressivo teor de compostos de Al (DANTAS; ARAUJO, 2014; MELO, 2006). A concentração de Fe variou de 0,012 a 0,073 mg.L-1, porém, 61% das amostras apresentaram valores ≤0,0123 mg.L-1 (LD), na figura 01 é possível observar que todas as amostras estiveram em conformidade com o VMP pela Resolução Conama 396/2008 que é de 0,300 mg.L-1. Para Mn, as concentrações variaram de 0,002 a 0,016 mg.L-1 e sua média foi de 0,0032 mg.L-1. 60% das amostras apresentaram valores ≤0,0013 mg.L-1 (LD) nos meses de setembro e novembro; as amostras estiveram em conformidade com o VMP (Resolução Conama 396/2008), que é de 0,1 mg.L-1, descritas na figura 01. Mn e Fe geralmente são encontrados juntos em águas subterrâneas, em virtude do comportamento geoquímico (GOMES, 2004).

Figura 01

Distribuição dos metais Al, Fe e Mn das águas subterrâneas do bairro das flores.

Conclusões

A qualidade da água é comprometida pelo teor de Al, pois, foi o parâmetro que apresentou pontos com valores acima do VMP. A região é caracterizada pela presença de um lixão a céu aberto e que o lixão seja veiculo de contaminação para a água subterrânea. Porém, a ocorrência de Al deva está atrelada a fatores naturais, já que os pontos mais próximos ao lixão apresentaram concentrações abaixo do VMP. Observa-se relação entre Fe e Mn, e ao comparar com outros trabalhos da região, foi possível constatar que a profundidade rasas dos poços não propiciam a ocorrência de Fe e Mn em grandes quantidades.

Agradecimentos

Ao Instituto Evandro Chagas (IEC) e à Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM)

Referências

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION - APHA. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 23rd.ed. Washington, APHA, 2017.

BAHIA, V.; FENZL, N.; MORALES, G. P. Caracterização da qualidade das águas subterrâneas da bacia hidrográfica do Utinga/Belém (PA) - a partir de dados hidrogeoquímicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÄNEAS, 15, 2008, Natal.

COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS. Projeto Estudos Hidrogeológicos da Região Metropolitana de Belém e Adjacências, 2002.

DANTAS, S.; DE ARAÚJO, C. B. C. Caracterização de solos lateríticos para utilização em pavimentos de baixo custo na cidade de Canindé/CE. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, 17, 2014, Goiânia.
MATTA. M. A. S. Fundamentos hidrogeológicos para a gestão integrada dos recursos hídricos da região de Belém/Ananindeua – Pará, Brasil. 2002. Tese (Doutorado em Geologia) – Centro de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém, 2002.
SECCO, C.; SECCO, N.; BATISTA, F.; PORTO, A.; DELGADO, G.; CMARINI, G. Estudo preliminar de tipos de solos mais adequados para construções de taipa de mão em microrregiões do estado do Pará. In: Encontro Latino Americano de Iniciação Cientifica, 11, 2007, São José dos Campos.

VALIAS, A. P. G. S.; ROQUETO, M. A.; HORNINK, D. G.; KOROIVA, E. H.; VIEIRA, F. C.; ROSA, G. M.; SILVA, M. A. M. L. Avaliação da qualidade microbiológica de águas de poços rasos e de nascentes de propriedades rurais do município de São João da Boa Vista – São Paulo. Arquivos de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR, v. 5, n. 1,p. 21- 28, 2002.

VAZ, M. C. G. Modelo para estudo de viabilidade de áreas para locação de aterros sanitários, aplicado ao município de Benevides – Pará. 2015. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano). Universidade da Amazônia, Belém, 2015.

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