O DESCARTE INDEVIDO DE PILHAS E BATERIAS: UMA ANÁLISE DE DADOS DE UMA REGIÃO RIBEIRINHA NO MUNICÍPIO DE MUANÁ-PA.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Teixeira, A.M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ; CAMPUS BARCARENA) ; Bitencourt, K.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ; CAMPUS BARCARENA) ; Santos, M.A.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ; CAMPUS BARCARENA)
Resumo
O estudo consiste em uma pesquisa tendo em vista um levantamento de dados evidenciando o real destino de pilhas e baterias após seu consumo e se há uma atenção oriunda dos governantes locais para a redução da Poluição Ambiental de lixos eletrônicos no Município de Muaná-Pa. Aplicou-se um questionário com perguntas a respeito do uso e descarte destas, a posteriori buscou-se informes na Secretaria Municipal de Meio Ambiente do respectivo município com intuito de constatar se há algum plano de gestão para efetuar a arrecadação desses rejeitos sólidos. Os resultados salientaram o total descaso tanto familiar quanto governamental a fim de buscar maneiras sustentáveis para a deposição destes resíduos em locais apropriados, assim como os comerciantes negligenciam o processo de logística reversa.
Palavras chaves
Pilhas e baterias; Meio Ambiente; Poluição
Introdução
A utilização de pilhas e baterias hoje em dia é algo bastante comum, sendo estas um dispositivo formado unicamente por dois eletrodos e um eletrólito, arranjados de modo a produzir energia elétrica. Enquanto que a bateria é um conjunto de pilhas incorporadas em série ou paralelo, dependendo da exigência por maior potencial ou corrente (BOCCHI; FERRACIN; BIAGGIO, 2000). Para ser ideal, uma bateria deve apresentar um baixo valor econômico, ser portátil e de utilização segura, sem agredir sobretudo o meio ambiente. As baterias podem ser primárias, quando no interior destas os reagentes são selados no momento de sua produção tornando-se não recarregáveis. Sendo algumas dessas: zinco/dióxido de manganês (Leclanché), zinco/dióxido de manganês (alcalina), etc. Por outro lado, as baterias secundárias, são normalmente recarregáveis e podem ser reutilizáveis diversas vezes como: cádmio/óxido de níquel (níquel/cádmio), chumbo/óxido de chumbo (chumbo/ácido), etc (ATKINS; JONES, 2012). De acordo com o portal ambientebrasil a produção de pilhas comuns no Brasil é cerca de 800 milhões por ano, representando seis unidades por habitante. Com isso, a quantidade desses resíduos rejeitados tem sido cada vez maior, representando um sério risco ao homem e meio ambiente. O portal supracitado ainda enfatiza que, o material das pilhas e baterias é o critério responsável por articular se elas serão despejadas em lixo doméstico ou não. Este último argumento, vai de acordo com a com a Resolução n° 257, de 30 de junho de 1999, do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), a qual no âmbito da lei especifica no Art. 1° que as pilhas e baterias compostas pelos elementos químicos chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos necessitam ser entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica permitida pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes deem o fim ambientalmente adequado a esses resíduos. Devido ao grande descarte desses resíduos ao meio ambiente, têm sido grandes as preocupações em relação ao futuro deste, e sendo assim uma proposta que vem sendo discutida é a reciclagem. A reciclagem das pilhas evita a poluição que é produzida pela deposição de pilhas ao ar livre e no meio ambiente. À medida que, as pilhas desatam componentes tóxicos (cádmio, chumbo, mercúrio) que contaminam o ambiente, sobretudo o solo, a fauna e a flora da região circundante. Além disso, também são responsáveis por trazer problemas à saúde humana. Com isso, existem diversos pontos que tem por objetivo a coleta de pilhas em centros comerciais, espaços públicos, na rua, os quais cada vez mais se encontram em maior quantidade (GALIZA et al, 2014). Ainda conforme os autores, reciclar também quer dizer recuperar e reutilizar materiais que são utilizados na produção das pilhas, que podem ser reutilizados na fabricação de outras novas. Com isso, a necessidade de se extrair estes materiais do solo é dispensável, o que contribui na economia dos recursos naturais para gerações futuras e coopera para a sustentabilidade dos mesmos. Entretanto mesmo com a existência de legislação específica sobre o tema em pauta e de várias iniciativas que têm por objetivo realizar a coleta, reciclagem e descarte adequado dos aparelhos eletrônicos domésticos, esta prática não é tão conhecida no país (JURAS, 2005). Sendo assim, é notório que homem e meio ambiente estão vulneráveis, pois o descarte incorreto desses materiais, desde a carbonização das pilhas e baterias até o lançamento destes em lixões e aterros sanitários, podem acarretar inúmeras doenças para si, além de comprometer a fauna e a flora da região afetada. O município de Muaná, local de escolha para a realização do estudo, é uma “cidade floresta” pertencente a ilha de Marajó no estado do Pará, sendo sua Latitude Sul de 18° 49’43” e Longitude Oeste de 49° 13’00”, considerado um dos municípios mais antigos do Arquipélago Marajoara, possuindo uma área de 3.337 Km e confrontando-se ao Sul com o Rio Pará e a Baía do Marajó (DIAS, 2008). Tendo-se como único meio de acesso o transporte fluvial, grande parte de sua economia gira em torno de atividades extrativistas e agropecuária, um fator marcante, também, são suas manifestações culturais. Isto posto, objetivamos neste um levantamento de dados evidenciando o real destino de pilhas e baterias após seu consumo e se há uma atenção oriunda dos governantes locais para a atenuação da Poluição Ambiental de lixos eletrônicos.
Material e métodos
Para desenvolver o trabalho, realizou-se uma pesquisa na literatura onde confrontou-se autores com a problemática proposta, uma segunda averiguação foi desenvolvida obtendo-se dados primários em uma pequena comunidade ribeirinha às margens do rio Muaná, principal caminho de acesso à cidade de Muaná. Ao todo foram entrevistadas 19 famílias, sendo outras casas abordadas porém os moradores encontravam-se evadidos temporariamente de suas residências, Como são famílias ribeirinhas, o acesso a estas possibilitou-se com o auxílio de embarcações de pequeno porte. Aplicou-se um questionário com 6 perguntas a respeito do uso e descarte de pilhas e baterias, sendo estas respectivamente: 1. Você utiliza pilhas e baterias no dia a dia? 2. Se sim, de que forma? 3. De que maneira você as descartas após seu término de vida útil? 4. Quais os principais tipos de pilhas e baterias que você usa? 5. Qual a quantidade de pilhas e baterias utilizadas por você? 6. Você utiliza baterias de Chumbo? Após obter dados (resposta) dos moradores buscaram-se informações na Secretaria Municipal de Meio Ambiente do respectivo município com intuito de constatar se há algum projeto de plano de gestão para efetuar a arrecadação desses rejeitos sólidos, pois na adoção de Programas de Gerenciamento de Resíduos, seja em qualquer âmbito institucional, diversas ações devem suceder-se simultaneamente para assim tornar tal atividade exequível e eficaz (TAVAREZ; BENDASSOLLI, 2005).
Resultado e discussão
Como pode-se constatar há diversos tipos de pilhas, como zinco/dióxido de Manganês ou Lenclaché, Alcalina, Lítio/Dióxido de Manganês, e de baterias, exemplo, as de Chumbo/Óxido de Chumbo, Cádmio/Óxido de Níquel que possuem em sua composição materiais tóxicos com alta periculosidade a saúde humana e ao meio ambiente quando despejados de maneira inconsciente em locais desapropriados (BOCCHI; FERRACIN; BIAGGIO, 2000).
Como resposta a pesquisa obteve-se unanimemente que todas as famílias utilizam-se de pilhas e baterias no seu cotidiano, sendo em alguns casos um consumo em alta escala desses objetos, principalmente as pilhas alcalinas e Lenclaché que são as mais comercializadas no município, suas aplicações são em aparelhos ainda de grande utilização em áreas rurais, como: rádios, lanternas, pequenos faróis, lâmpadas portáteis, brinquedos movidos a pilhas, relógios de pulso e de “parede”, dentre outros.
Com a alta escala de produção anual de pilhas e baterias no Brasil (BRUM & SILVEIRA, 2011) e seu abundante consumo, não há um plano de gestão eficaz e/ou uma conscientização ambiental por parte da população para gerenciar seu lixo, consequentemente, com a supressão de conceitos básicos de educação ambiental, a grande maioria deste acaba sendo depositado no meio ambiente, vindo a poluir e contaminar a fauna, flora e saúde humana dos pertencentes ao local de despejo.
A averiguação mostrou que em sua grande maioria os residentes desvencilham-se desses rejeitos sólidos no solo (quintal); reúnem com o lixo comum e incineram; em duas casas os familiares são envolvidos com atividades madeireiras e de maneira inapropriada estes utilizam o carvão presente nas pilhas para demarcar traços, juntamente com uma pequena corda, em troncos de madeira para servir de guias facilitando, assim, o processo de corte, pois a serra elétrica manual ainda é o principal objeto de trabalho dos madeireiros locais; durante tal investigação apenas uma moradora, por ser agente de saúde das imediações, reuni seu lixo eletrônico e destina-o a um ponto de coleta existente na cidade do Muaná, esta ainda afirma que em suas visitas a estes residentes busca orienta-los a tomar medidas apropriadas aos descartes desse materiais e destina-lo este ponto de coleta.
Após a análise de dados advindos dessa investigação buscou-se a SEMMA (Secretaria Municipal de Meio Ambiente) de Muaná para averiguar se há algum projeto ou plano de gestão que vise a coleta de pilhas e bateiras para, pelo menos, amenizar a poluição causada por tais utensílios. Na mesma obteve-se como resposta que há um projeto pronto encaminhado para a Câmara Municipal de Vereadores que está em processo de aceitação para assim entrar em vigor. Este visa abarcar a problemática do lixo em geral possibilitando palestras de Educação Ambiental, cooperativas que fará a separação dos mais diversos tipos de lixo, processo de aterro sanitário visto que ainda está em atividade um lixão a céu aberto, e pra auxilio de dados do trabalho haverá implantação da logística reversa, onde importadores terão como obrigação arrecadar lixos eletrônico e dar os apropriados fins para assim haver um controle e manutenção consistindo em uma amenização de poluição advinda de rejeitos sólidos como é o caso de pilhas e baterias.
Neste recinto também foi informado que atualmente não encontra-se uma fiscalização ou coleta apropriada para dar fins adequado a esse material, segundo Câmara, et al (2012) “A grande maioria dos municípios brasileiros não possui formas adequadas de tratamento e disposição final de resíduos, os quais podem ser depositados a céu aberto (lixões), ou em aterros controlados”.
Conclusões
O meio ambiente vem sofrendo com os mais adversos tipos de poluição, a falta de colaboração social juntamente com a negligência e informações contribuem afetivamente para a tomada dessas atitudes indevidas. O lixo eletroeletrônico tem contribuído de forma bastante crescente para a contaminação ambiental. Através dos dados obtidos da pesquisa é notório o descaso tanto familiar quanto governamental a fim de buscar maneiras sustentáveis para a deposição destes resíduos em locais apropriados, assim como os comerciantes negligenciam o processo de logística reversa. A falta de conceitos básicos de Educação Ambiental está ligada diretamente a estas práticas indevidas, pois esta empenha-se na formação de pessoas críticas, conscientes e ética, desempenhando esses difíceis papeis havendo um resgate de valores como respeito a natureza e à vida (PELICIONI, 1998). Pelo fato de haver um projeto em estágio de aceitação visando abranger de forma geral a questão do lixo no município, espera-se que este além de aprovado seja posto em prática para pelo menos amenizar a poluição local, além do mais a inserção de pontos de coletas de resíduos sólidos e outros materiais nocivos à saúde e ao meio ambiente sejam impostos tanto na cidade quanto nos interiores para facilitar a arrecadação dos mesmos, orientações também são necessárias para o público leigo havendo uma colaboração de todos para assim abrandar a contaminação por esses detritos.
Agradecimentos
Referências
AMBIENTEBRASIL. Algumas Informações sobre Disposição de Pilhas e Baterias. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br>. Acesso em: 05 de julho de 2018.
ATKINS, Peter; JONES, Loretta. Eletroquímica. In: ______. Princípios de química: Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. cap. 13, p. 515-560.
BOCCHI, Nerilso; FERRACIN, Luiz Carlos; BIAGGIO, Sonia Regina. Pilhas e Baterias: Funcionamento e Impacto Ambiental. Química Nova na Escola. N° 11, 2000. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br>. Acesso em: 06 de julho de 2018.
BRUM, Zélio Rumpel; SILVEIRA, Djalma Dias da. Educação Ambiental no uso e descarte de pilhas e baterias. Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental. V. 2, N. 2, p. 205-2013, 2011. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reget/article/view/2779/1617. Acesso em: 25/06/2018
CÂMARA, Sílvio Carrielo, et al. Simulação do intemperismo natural de pilhas zinco-carbono e alcalinas. Quim. Nova, Vol. 35, No. 1, P. 82-90, 2012. Disponível em: http://submission.quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2012/vol35n1/15-AR11114.pdf?agreq=descarte%20de%20pilhas%20e%20baterias%20no%20meio%20ambiente&agrep=jbcs,qn,qnesc,qnint,rvq. Acesso em: 25/06/2018
DIAS, M. Z. T. O Transporte Fluvial no Município de Muaná: Da Canoa a Vela ao Barco a Motor (1950-2000). 2008. P.01-49. Trabalho de Conclusão de Curso- Universidade Federal do Pará, Belém, 2008.
GALIZA et al. Pilhas e Baterias – Estudo da capacidade disponível para pilhas recarregáveis. Mestrado integrado em engenharia eletrotécnica e de computadores para pilhas recarregáveis. Universidade do Porto – FEUP. Porto, 2014.
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Disponível em: < http://www2.camara.leg.br/documentos-epesquisa/
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PELICIONI, Maria Cecília Focesi. Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade. Saude soc., São Paulo, v. 7, n. 2, p. 19-31, dez. 1998 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12901998000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 24 jul. 2018. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12901998000200003.
TAVAREZ, Glauco Arnold; BENDASSOLLI, José Albertino. Implantação de um programa de gerenciamento de resíduos químicos e águas servidas nos laboratórios de ensino e pesquisa no CENA/USP. Quím. Nova. Vol. 28, N. 04, p.732-738, 2005. Disponível em: http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol28No4_637_30-AG04251.pdf?agreq=destino%20apropriado%20para%20pilhas%20e%20baterias&agrep=jbcs,qn,qnesc,qnint,rvq. Acesso em: 25/06/2018.