IMPACTOS DO USO DE AGROTÓXICOS: UMA ANÁLISE DA PRESENÇA DE PARATION METÍLICO EM HORTALIÇAS COMERCIALIZADAS EM SÃO LUÍS – MA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Pereira, R.V.M. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Marques, G.E.C. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Nojosa, E.C.N. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Silva, L.K. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO) ; Silva, M.R. (INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO)
Resumo
Este estudo visa evidenciar o uso de agrotóxicos, em especial o organofosforado Paration Metílico, na produção de hortaliças, as quais são comercializadas em um supermercado e em uma feira livre de São Luís - MA. A hortaliça escolhida para a realização da pesquisa foi a alface em decorrência de ser bastante consumida. As amostras foram preparadas segundo o método QuEChERS e as análises feitas a partir da técnica de cromatografia líquida com detecção por UV/Vis, a fim de identificar a presença do inseticida Paration Metílico. Os resultados obtidos mostraram uma elevada concentração do inseticida nas amostras analisadas, demonstrando que o agrotóxico está sendo utilizado de forma indiscriminada, o que resulta em um problema de saúde pública.
Palavras chaves
saúde pública; agrotóxicos; hortaliças
Introdução
Ao longo dos anos o uso de agrotóxicos em lavouras cresceu de forma considerável e assustadora. A busca por uma maior geração de produtos foi o principal pretexto para o grande consumo desses “defensivos agrícolas”. Contudo, se por um lado o uso de agrotóxicos vem favorecendo uma maior produção de alimentos pelo mundo e cooperando para a redução de pragas e a incidência de doenças transmitidas por estas, seus efeitos negativos se fazem perceber cada vez mais na saúde humana e no meio ambiente (LEVYGARD, 2001). Conforme o Dossiê ABRASCO - Um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos, na qual as hortaliças são as que apresentam maior quantidade de inseticidas e fungicidas em sua composição. Desta maneira, ingere-se diariamente uma boa quantidade de veneno presentes em alimentos, expondo a vida e o meio ambiente de forma perigosa à contaminação química por uso de agrotóxicos (ALMEIDA et al, 2009). Tendo em vista o risco oferecido pelo uso de agrotóxicos, este estudo visa evidenciar o uso de agrotóxicos na produção de hortaliças comercializadas em um supermercado e em uma feira livre de São Luís- MA, a fim de que se possa identificar a presença de inseticidas do grupo químico dos organofosforados, tais como o paration metílico, contribuindo para uma mudança de pensamento sobre o uso descontrolado de agroquímicos em lavouras.
Material e métodos
A hortaliça escolhida para estudo foi a alface, por esta amplamente consumida pela população e o agrotóxico foi o Paration Metílico, do grupo dos organofosforados. As amostras foram adquiridas de um supermercado e de uma feira livre da região metropolitana de São Luís. Para o preparo das amostras utilizou-se o método Quechers, descrito por ANASTASSIADES et al (2003) e as análises foram feitas pela técnica de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC), com detecção por UV/Vis, utilizando um comprimento de onda de 270nm, uma coluna Kinetex C-18 (50 mm x 4,6mm; 2,6um), fase móvel acetonitrila-água (60/40), fluxo de 0,5 mL min-1 e temperatura ambiente.
Resultado e discussão
As análises realizadas em alfaces comercializadas na cidade de São Luís - MA
revelaram o uso massivo do inseticida Paration Metílico. A concentração
encontrada na amostra da feira livre foi de 0,2084 mg kg-1 e na amostra do
supermercado obteve-se uma concentração de 0,3533 mg kg-1. Os resultados
obtidos, se comparados com o regulamento técnico da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, não são satisfatórios. Isso se comprova com o IDA
(Ingestão Diária Aceitável) do inseticida, que equivale a 0,003 mg kg-1 de peso
corpóreo por dia. As elevadas concentrações encontradas demonstram o uso
indiscriminado de defensivos agrícolas que são ingeridos diariamente pelo
consumo "in natura” das hortaliças. Uma preocupação adicional se deve ao fato de
o Paration Metílico ser considerado um inseticida extremamente tóxico. A
aplicação descontrolada é vista como uma consequência da falta de orientação por
parte dos agricultores, que não têm o devido conhecimento sobre a utilização
correta os agrotóxicos, aplicando a quantidade que acham ser suficiente, a qual
acaba por ultrapassar o permitido e também por parte do governo que não possui
um controle de uso, além de não investir na política de cultivo de alimentos
orgânicos.
Conclusões
O presente trabalho mostrou a presença de altas concentrações de Paration Metílico, extremamente nocivo à saúde pública, em alfaces comercializadas em uma feira livre e em um supermercado da área metropolitana de São Luís – MA. As análises cromatográficas confirmaram que o inseticida tem sido usado de forma indiscriminada, revelando um grande perigo à saúde dos consumidores. Desta forma, foi possível perceber a importância de que sejam feitos esforços por órgãos governamentais, para orientar os produtores sobre a correta utilização das doses dos defensivos na produção das hortaliças.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão; Ao CNPq; A FAPEMA; A.A. Tijupá; e em especial, a todos(as) agricultores (as) e; ao NEA.
Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Regulamento técnico do Paration Metílico. Consulta Pública nº 62, de 19 de julho de 2001.
ALMEIDA, V. S.; CARNEIRO, F. F.; VILELA, N. J.. Agrotóxicos em hortaliças: segurança alimentar e nutricional riscos socioambientais e políticas públicas para a promoção da saúde. Tempus Actas de Saúde Coletiva, v.4, p.84-99, Brasília, 2009.
ANASTASSIADES, Michelangelo; SCHERBAUM, Ellen; BERTSCH, Dorothea. Validation of a simple and rapid multiresidue method (QuEChERS) and its implementation in routine pesticide analysis. In: MGPR Symposium, Aix en Provence, France. 2003. p. 1-7.
CARNEIRO, F. F. (Org.). Dossiê ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde / Organização de Fernando Ferreira Carneiro, Lia Giraldo da Silva Augusto, Raquel Maria Rigotto, Karen Friedrich e André Campos Búrigo. - Rio de Janeiro: EPSJV; São Paulo: Expressão Popular, 624 p. 2015.
LEVYGARD YE. A interpretação dos profissionais de saúde acerca das queixas do “nervos” no meio rural: uma aproximação ao problema das intoxicações por agrotóxicos [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública; 2001.