Avaliação da contaminação por metais traço nas águas do Rio Paciência, Ilha de São Luís, Maranhão

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Ramos Pestana, Y.M. (UFMA) ; Silqueira Cardoso, L.L. (UFMA) ; Marques Mandaji, C. (UFMA) ; Barros da Silva, M.L. (UFMA) ; Paiva Silva e Silva, F.E. (UFMA) ; Mendes Silva, S. (UFMA) ; Ferreira Moraes, J. (UFMA) ; Vieira Blasques, R. (UFMA) ; Braga Ribeiro, D. (UFMA) ; Silva Nunes, G. (UFMA)

Resumo

O manejo adequado dos ecossistemas aquáticos é de fundamental importância para a manutenção do equilíbrio entre a biota, a paisagem e o ser humano. Dessa forma, o presente estudo objetivou avaliar a contaminação pelos metais Al, Cd, Cr, Fe, Mn, Pb, Se e Zn por ICP-OES, nas aguas do Rio Paciência que, apesar de bastante afetado pelo crescimento desordenado experimentado nas últimas décadas, é carente de estudos envolvendo a determinação de substâncias potencialmente poluentes. De modo geral, os resultados indicaram grande contaminação da área por espécies metálicas importantes do ponto de vista ambiental, reforçando o valor da bacia estudada como ecossistema prioritário para conservação no Estado do Maranhão.

Palavras chaves

metais; rio paciência; água

Introdução

O grande crescimento populacional, a rápida industrialização e a utilização indiscriminada dos recursos naturais têm gerado um aumento nos níveis de poluição ambiental, causando sérios danos devido à contaminação química (MARENGONI et. al, 2013). A influência antrópica faz com que os rios assimilem materiais provenientes de esgotos, agricultura, construção civil e de outras atividades que resultem da expansão urbana (MOURA et. al, 2010). A Bacia do Rio Paciência é uma das principais bacias hidrográficas da Ilha de São Luís e tem sido bastante agredida nas últimas décadas, sofrendo com problemas ambientais devido à ocupação desordenada e instalação de grandes conjuntos habitacionais (IMESC, 2011). Dessa forma, este trabalho teve como objetivo a determinação dos metais Al, Cd, Cr, Fe, Mn, Pb, Se e Zn nas águas do rio Paciência, na Ilha do Maranhão, região carente de estudos envolvendo a contaminação ambiental.

Material e métodos

As coletas foram realizadas em sete pontos e em três estações de amostragem sendo a primeira no dia 25 de setembro de 2017 (início do período seco), a segunda em 04 de dezembro de 2017 (final do período seco) e a terceira em 04 de março de 2018 (período chuvoso). Os pontos P6 e P7 se inserem na zona estuarina, configurando uma zona de águas salobras. As amostras foram coletadas superficialmente em fracos de polietileno com capacidade para 500 mL, imediatamente acidificadas com HNO3 5% (v/v) para sua correta preservação e armazenadas em caixa térmica com gelo até a chegada ao laboratório onde foram submetidas à filtração a vácuo utilizando-se membranas de acetato de celulose com 0,45 μm de porosidade e 47±0,5 mm de diâmetro e, em seguida, colocadas sob refrigeração até o momento das análises. A determinação dos metais foi feita por Espectrometria de Emissão Atômica por Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-OES, Shimadzu 9820) sob potência de 1.200W, fluxo do plasma de argônio de 10 L.min-1 e visão axial. A curva analítica foi feita a partir da diluição de solução padrão de chumbo 1000 mg.L-1 (Merck Millipore Certipur®) em HNO3 2% (v/v). Os resultados obtidos foram comparados com os valores máximos permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 e foram submetidos à análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Tukey por meio do software PAST versão 1.0.

Resultado e discussão

As concentrações médias encontradas estão apresentadas na Tabela 1. Os teores de alumínio e ferro estiveram acima dos limites permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 na maioria dos pontos e demonstra um cenário de contaminação considerável por esses elementos. O cádmio também apresentou contaminação com concentração máxima de 4,2 µg/L, assim como chumbo que teve concentração máxima de 24,8 µg/L. Este último apresentou diferença estatística entre as estações 2 e 3, significando que o período chuvoso influenciou na diminuição das suas concentrações. Os elementos Zinco e Manganês estiveram abaixo dos níveis máximos permitidos. A Bacia do Rio Paciência sofre com a pressão populacional do seu entorno sendo visualizados problemas como o assoreamento do rio principal e seus afluentes, despejo irregular de esgoto in natura e disposição inadequada de lixo e entulho mostrando que a contaminação pelos metais estudados pode estar relacionada a esses fatores. As altas concentrações afetam inclusive a zona estuarina da bacia hidrográfica, representando risco à biota aquática do local.

Tabela 1

Níveis de concentração dos metais nas amostras de água

Conclusões

Os resultados aqui apresentados são preocupantes e reforçam o já conhecido grau de degradação da Bacia do Rio Paciência, que é carente de iniciativas para o seu correto manejo. Estes dados são de fundamental importância para a correta gestão ambiental da área bem como para o estímulo do monitoramento de substâncias potencialmente poluentes nas águas superficiais do Estado do Maranhão.

Agradecimentos

À Professora Gilvanda, ao NARP, ao CNPQ e à Central Analítica de Química.

Referências

CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução 357, de 17 março de 2005. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acessado em 04 de julho de 2018.

IMESC. Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos. Situação Ambiental da Ilha do Maranhão. São Luís; IMESC, 2011.

MARENGONI, N. G.; KLOSOWSKI, E. S.; OLIVEIRA, K. P .D.; CHAMBO, A .P. S.; JUNIOR G.; CELSO, A. Bioacumulação de metais pesados e nutrientes no mexilhão dourado do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional.
Química Nova v. 36, n. 3, 359-363, 2013.

MOURA, L. H. A.; BOAVENTURA, G. R.; PINELLI, M. P. A qualidade da água como indicador de uso e ocupação do solo: Bacia do Gama – Distrito Federal. Química Nova, v. 33, n. 1, 97-103, 2010.

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