Aprendizagem baseada em projetos aplicada à educação ambiental: um estudo de caso sobre resíduos sólidos de oficinas mecânicas.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Silva, C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Sousa, A.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Barbosa, C.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Jesus, E.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Pereira, P.R.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Marques, P.R.B.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)
Resumo
O descarte correto de resíduos sólidos está regulamentado em lei vigente, porém ainda é bastante incipiente na prática. O presente trabalho abordou, a partir da metodologia da aprendizagem baseada em projetos, o descarte de resíduos sólidos de oficinas mecânicas. A partir de levantamento quantitativo das oficinas e abordagem qualitativa a partir de questionários semiestruturados foram investigadas as questões de conhecimento de legislação e descarte de resíduos sólidos, com foco nos pneus. Foram então coletados pneus usados em oficinas, que foram reutilizados como vasos decorativos, bicicletário. Como produto obtido foi construída uma cartilha sobre resíduos sólidos que foi distribuída para os donos de oficinas.
Palavras chaves
Oficinas mecânicas ; Lixo e Reutilização; Pneus
Introdução
A questão ambiental, sobretudo a poluição por resíduos sólidos, ainda constitui um problema na sociedade atual. A legislação brasileira tem avançado para esse tópico específico, porém, ações concretas ainda são pouco efetivadas no âmbito dos municípios. A legislação institui responsabilidade aos geradores de resíduos sólidos e demais matérias que venham a ser descartados, destacando os conceitos práticos da responsabilidade compartilhada, do ciclo de vida dos produtos e da logística reversa [1]. A responsabilidade recai sobre o pode público, o setor empresarial e a coletividade O descarte correto destes resíduos pode ser observado na resolução CONAMA [2]. A problemática da destinação dos pneus usados é algo em discussão mundial. O descarte de pneus está previsto no Artigo 33 da lei federal nº 12.305 que afirma que, dentre outros, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de pneus são obrigados a implementar sistema de logística reversa de forma independente do setor público de limpeza urbana, sendo proibido outras destinações de descartes[3]. Assim, as oficinas mecânicas tem sido o destino de muitos pneus usados, apesar destes estabelecimentos não trabalharem diretamente com a comercialização deste produto. O destino final dos pneus depois da saída das oficinas pode acarretar em sérios problemas ambientais e de saúde coletiva.
Material e métodos
O trabalho foi efetuado no âmbito da disciplina de química ambiental ofertada no primeiro semestre letivo de 2018 para o curso de Ciências Naturais/Bio, Campus de Codó-MA. A disciplina foi minitrada na forma de projeto onde os alunos, por equipe, escolhem um problema ambiental da cidade para atuar na forma de intervenção durante todo o semestre. Em seguida, definem como abordar o problema e como aplicar a intervenção. A equipe constituinte do trabalho escolheu a problemática dos resíduos sólidos das oficinas mecânicas, sobretudo os pneus. Foi primeiramente efetuado um levantamento bibliográfico a cerca da legislação que trata da questão dos resíduos sólidos a nível nacional e local. Em seguida foram selecionadas 20 oficinas a serem trabalhadas no estudo. Para análise qualitativa foi aplicado um questionário aos proprietários da oficina buscando as concepções sobre: dificuldade de descarte de resíduos sólidos, destino desse resíduo, reuso dos materiais e legislação a cerca do problema. Em seguida, foram coletados pneus nas referidas oficinas, que foram reutilizados na construção de novos materiais, resignificando o uso dos mesmos. Os materiais foram então destinados a suas novas aplicações. Foi, ao fim do trabalho construído um produto que foi uma cartilha ambiental discutindo e informando sobre o problema, que foi entregue aos donos das oficinas.
Resultado e discussão
Foram selecionadas vinte oficinas para visitação in loco. A questão dos
resíduos de pneus foi observada como bastante recorrente em todas as
oficinas visitadas, bem como em inúmeros locais da cidade. Para avaliar as
percepções dos donos das oficinas sobre questão, foi aplicado o questionário
semiestruturado. Foi possível constatar que a maior dificuldade para eles é
não ter um local específico para descarte de pneus (65%) e a necessidade de
mais informações sobre o assunto. Com relação ao destino dos resíduos
sólidos gerados pelas oficinas, foi respondido que a maioria dos materiais
são recolhidos pelas caçambas de coleta de lixo e levados para o lixão da
cidade (68%), sendo que parte deste (14%) são destinados a empresas
autorizadas. Ainda foi evidenciado que alguns materiais são reutilizados
pela própria oficina (9%). Quando questionados sobre o conhecimento de
reutilização dos materiais residuais das oficinas, muitos 59% afirmou que
sabem que os pneus podem ser reutilizados para artesanato e 41% disseram não
conhecer outro usos para o material. Com relação a fazer reuso na oficina,
56% disseram que o fazem e 44% disseram não fazer. Quando questionados sobre
conhecer um meio legal de descarte desses materiais e resíduos sólidos, 71%
disseram que sim, que sabem da legislação sobre o descarte apropriado de
pneus e 29% disseram não ter conhecimento destas leis. Após o questionário
foram coletados pneus nas oficinas e confeccionados materiais para reuso dos
mesmos, sendo feitos jarros decorativos de plantas e um bicicletário que
foram alocados no campus da universidade. Foi construída a cartilha que foi
então distribuída para todos os proprietários de oficinas, onde foram
descritas questões sobre legislação, reuso e perigos associados ao descarte
inadequado.
Recorte da cartilha/produto para as oficinas mecânicas
Pneus encontrados no lixão e nas oficinas
Conclusões
Pode se identificar que há conhecimento entre os donos de oficinas mecânicas, que conhecem os veículos legais que regem os processos apropriados para desfazermos desse tipo de lixo, que reconhecem maneiras de reutilização de tais resíduos, contudo, ficou evidente que a carência de um local apropriado para rejeitar esse material é de extrema relevância, o que leva a grande parcela dos responsáveis por esse espaço a destinar o lixo produzido aos lixões. O material construído e a cartilha/produto foram ações para intervir no problema de forma socioambiental educacional.
Agradecimentos
Oficinas mecânicas das cidades de Timbiras e Codó-MA
Referências
[1]GRIMBERG, Elisabeth. Política Nacional de Resíduos Sólidos: a responsabilidade das empresas e a inclusão social. São Paulo – 2004.
[2]CONAMA, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução Nº 313 de 2002 – Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
[3]PNRS, Política Nacional de Resíduos Sólidos. Projeto de Lei Nº 12.305/10 – Instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos.