QUANTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DE UM AÇO UTILIZANDO UMA FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Nunes, R.S. (IFCE - CAMPUS SOBRAL) ; Zanuto, R.S. (IFCE - CAMPUS SOBRAL) ; Hassui, A. (UNICAMP) ; Oliveira, M.J.C. (IFCE - CAMPUS SOBRAL)
Resumo
Em meio aos processos de industrialização, a sustentabilidade tem cada vez mais ganhado espaço, um assunto bem evidente nos últimos anos, sendo ele pauta constante de importantes reuniões envolvendo grandes potências mundiais, como as da ONU e também sendo um grande aliado do marketing industrial. Devido a importância que a temática da sustentabilidade vem ganhando no meio industrial, a preocupação com os níveis de impactos ambientais dos materiais utilizados na produção tem sido um importante objeto de estudo, sendo que métodos simples de quantificação desses impactos ainda se fazem necessários. Desta forma, uma ferramenta comercial de avaliação de ciclo de vida foi utilizada para a quantificação dos impactos ambientais de um aço baixo carbono descartado de um processo de manufatura.
Palavras chaves
Desenvolvimento sustentáv; categorização de impacto; sustentabilidade
Introdução
Avaliação do ciclo de vida (ACV) é uma técnica para quantificar os aspectos e impactos ambientais potenciais associados com um produto, ao longo de sua vida, desde a aquisição da matéria-prima até a produção, utilização e eliminação, sendo padronizada pelas ABNT NBR ISO 14040 (Princípios e Estrutura) e ABNT NBR ISO 14044 (Requisitos e Orientações). A metodologia de avaliação do ciclo de vida é composta de quatro fases, sendo a primeira a definição de objetivo e escopo. Posteriormente, é feita uma análise de inventário, fase onde se faz o levantamento dos recursos utilizados, sendo o Ecoinvent o banco de dados mais conhecido e as principais ferramentas utilizadas para acessar esses bancos de dados e realizar a análise do ciclo de vida o SimaPro e o GaBi (HERRMANN E MOLTESEN,2015). Em seguida, há o processo de avaliação de impactos, que é a fase onde há a transformação dos resultados para unidades comuns, do qual separa os resultados dentro de uma categoria de impacto, usando suas características, utilizando métodos como os discutidos por Slapnik et al. (2015). Existem diferentes métodos de caracterização que podem ser utilizados para a realização de uma avaliação de impacto do ciclo de vida, tais como TRACI ou CML, que são métodos de ACV, baseados em diferentes metodologias com diferentes categorias de impacto (GABI, 2010). Por fim, a fase de interpretação dos resultados compreende vários elementos, desde a identificação dos problemas até suas limitações e recomendações. Portanto, devido a importância de se quantificar os impactos ambientais de produtos e processos industriais, este trabalho teve como objetivo avaliar o uso da ferramenta comercial de ACV, o Gabi 6, para acessar os impactos ambientais de um aço baixo carbono descartado de um processo de manufatura.
Material e métodos
A unidade funcional utilizada na análise foi de um quilograma de aço baixo carbono descartado do um processo de manufatura, sendo considerado sua forma agregada como uma “caixa preta”, que inclui na operação a quantidade total de impactos de todos os recursos utilizados (insumos), desde a extração de matérias-primas (berço) até a fase de produção (portão da fábrica). As análises realizadas neste estudo, tiveram como ferramenta de utilização o programa comercial de avaliação do ciclo de vida GaBi 6. Os dados foram coletados do banco de dados Ecoinvent. O método de conversão utilizado neste estudo foi o CML2001 - de abril de 2013, desenvolvido pelo Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de Leiden, na Holanda, tendo sido considerados todas as categorias de impactos disponíveis.
Resultado e discussão
Os impactos ambientais gerados pela produção e descarte do material
estudado está detalhado na Tabela 1, que foi montada a partir dos recursos
disponibilizados no inventário do estudo e do método de caracterização
disponibilizado no programa. Conforme pode ser observado na Tabela 1, os
impactos são separados em 11 categorias distintas, como a acidificação
potencial, medida em kg de SO2 equivalente, ou a eutrofização potencial,
medida em kg de fosfato equivalente. É salientado ainda que com exceção do
esgotamento abiótico fóssil, que a unidade de medida é o Mega Joule, todas
as outras categorias são medidas com relação a alguma substância química
equivalente, como por exemplo o aquecimento global potencial, medido em
dióxido de carbono equivalente mas que também considera para sua
quantificação o monóxido de carbono, que recebe um fator de multiplicação de
três, e também o gás metano, que recebe um fator de multiplicação de vinte e
cinco, por ter uma influência no aquecimento global muito maior que o
próprio dióxido de carbono, que é utilizado como unidade de referência
(GABI, 2010).
Impactos resultantes da produção e descarte de um quilograma de aço baixo carbono de acordo com o método de caracterização CML2001 – Abril 2013.
Conclusões
Com o estudo realizado, foi possível verificar que a ferramenta de avaliação de ciclo de vida estudada apresenta um grande potencial para ser usada para acessar os impactos ambientais de um determinado material através de diversas categorias de impacto. A ferramenta disponibiliza também uma grande base de dados (Ecoinvent) que permite acessar o inventário de materiais consumidos no ciclo de vida do material em estudo, além de diversos métodos de caracterização de impactos disponíveis para conversão dos recursos em diversas categorias de impactos.
Agradecimentos
Referências
ABNT NBR ISO 14040:2009 - 2014. Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2018. ABNT NBR ISO 14044:2009 - 2014. Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e orientações. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2018. ECOINVENT <URL: http://www.ecoinvent.org>, <Acessado em 22 junho de 2018>. GABI, J.B. Handbook on Life Cycle Assessment (LCA): Using the GaBi Education Software Package. PE International, Leinfelden-Echterdingen, Germany, 2010. HERRMANN, I.T.; MOLTESEN, A. Does it matter which Life Cycle Assessment (LCA) tool you choose? – a comparative assessment of SimaPro and GaBi. Journal of Cleaner Production, v.86, p.163–169, 2015. JACQUEMIN, L.; PONTALIER, P.Y.; SABLAYROLLES, C. Life cycle assessment (LCA) applied to the process industry: a review. International Journal of Life Cycle Assessment, Springer Verlag (Germany), vol. 17, p.1028-1041, 2012. Norma Regulamentadora NR15 – Atividades e Operações Insalubres, 2014. OPENLCA, 2016 <URL:http://www.openlca.org>, <Acessado em 22 junho de 2018>.