ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DOS BEBEDOUROS DA UFPA - CAMPUS BELÉM

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Koga, J.A.G. (UFPA) ; Pereira, S.F.P. (UFPA) ; Oliveira, A.F.S. (UFPA) ; Silva, T.M. (UFPA) ; Rocha, R.M. (SESPA-LACEN/UFPA) ; Cruz, E.S. (UFPA) ; Costa, H.C. (UFPA) ; Dielle, Y.A. (UFPA)

Resumo

A água é um recurso natural imprescindível ao ser humano, devendo estar dentro dos padrões de qualidade para não comprometer à saúde de quem a consome. Os parâmetros microbiológicos e físico-químicos devem estar de acordo com a Portaria de Consolidação nº 5, do Ministério da Saúde, de 28 de setembro de 2017. O presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade da água consumida em bebedouros da Universidade Federal do Pará. Ferro, cor aparente e turbidez em algumas amostras apresentaram valores acima do limite permitido. As análises microbiológicas mostraram que apenas 14 bebedouros apresentam água adequada para consumo humano. Os resultados obtidos demonstram a necessidade do monitoramento e a manutenção constantes da qualidade da água para que não causem danos aos seus consumidores.

Palavras chaves

qualidade da água; parâmetros físico-químico; bebedouro

Introdução

O aperfeiçoamento dos serviços de abastecimento está associado à melhoria na saúde pública, tendo em vista que pode haver falhas na proteção e tratamento da água podendo ocasionar riscos de doenças intestinais ou infecciosas para a população (HELLER, 1998). No Brasil, os potenciais de água doce são extremamente favoráveis para os diversos usos, no entanto, as características de recurso natural renovável, em várias regiões do país, têm sido drasticamente afetadas. Os processos de urbanização, de industrialização e de produção agrícola não têm levado em conta a capacidade de suporte dos ecossistemas (REBOUÇAS, 1997). A comunidade universitária é formada por docentes, discentes, técnicos administrativos e visitantes. Segundo o ICA-UFPA (2017), o campus de Belém é frequentado por mais de 50 mil pessoas diariamente. A permanência durante o dia implica a ingestão de relevantes quantidades de água, principalmente pelos discentes. Diante disso, a análise da água fornecida nos bebedouros universitários permite a constatação de possíveis falhas no sistema de abastecimento, averiguando a adequação ou não com o padrão de potabilidade de acordo com a norma vigente. A UFPA dispõe de um sistema próprio de abastecimento de água, o qual compreende desde a captação de água de aquífero subterrâneo, tratamento na Estação de Tratamento de Água Simplificado (aeração, filtração e desinfecção), armazenamento em reservatório e rede de distribuição. Além disso, o acesso à água na UFPA é garantido também pelo fornecimento da concessionária local, a COSANPA (SILVA, 2012). Nesse sentido, este trabalho teve o objetivo de avaliar a potabilidade da água de bebedouros públicos da Cidade Universitária José da Silveira Neto – UFPA, em Belém.

Material e métodos

As coletas foram realizadas nos Setores Básico e Profissional da UFPA (Latitude: 1°28'00"S, Longitude: 48°27'10" O), localizados no município de Belém. As técnicas de coleta e amostragem seguiram a NBR 9898 da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT, 1987). As amostras foram coletadas em frascos de polipropileno e acondicionadas em isopor a aproximadamente 4 ºC e conduzidas para posterior tratamento e análise em laboratório. O teor de cloreto foi determinado pelo método de Mohr (FUNASA, 2013). Cor aparente foi determinada com auxílio de um colorímetro da marca Hanna. A turbidez pelo turbidímetro PoliControl modelo AP2000. A análise de ferro foi feita segundo a norma técnica da SABESP-NST 010 (2001). Foi utilizado o espectrofotômetro UV-Vis da marca Even, em leituras a 510 nm. Condutividade elétrica, Sólidos Totais Dissolvidos (TDS) e pH foram determinados por meio da utilização de sonda multiparâmetro da marca Hanna. Os ensaios de dureza foram feitos por meio de titulação com EDTA, utilizando Negro de Eriocromo como indicador a pH 10. O método utilizado para análise microbiológica foi o do substrato enzimático, aprovado pelo Standard Methods for Examination of Water and Wastewater. O princípio do método se baseia nas atividades enzimáticas específicas dos coliformes (ß-galactosidade) e Escherichia coli (ß- glucoronidase) que ao metabolizarem os nutrientes indicadores (substrato enzimático) contidos nos meios de cultura da análise provocam mudança de cor no meio; amarelo, no caso de presença de coliformes, e florescência azul quando a amostra é exposta à luz ultravioleta, na presença de Escherichia coli (LIMA et al., 2012).

Resultado e discussão

Os resultados encontrados a partir das análises realizadas em laboratório para a qualidade da água dos bebedouros e os dados estatísticos estão apresentados na Tabela 1. A cor apresentou-se com valores altos, perfazendo um total de 55,56% do total das amostras com valores acima de 15 uH, limite permitido pela Portaria de Consolidação Nº 5/2017. De acordo com Meyer (1994), valores que excedem o limite padrão de cor podem ser resultantes da presença de substâncias orgânicas, o que representa riscos à saúde humana, pois pode indicar a presença de precursores de formação de organoclorados, subproduto decorrente da desinfecção com compostos clorados inorgânicos (MEYER, 1994). As amostras do básico e do profissional obtiveram valores máximos de 0,91 UNT e 6,26 UNT, respectivamente. A turbidez não tem caráter meramente estético, mas é também indicador de natureza sanitária (BRASIL, 2006). Para os teores de ferro, apenas quatro amostras não estão de acordo com o padrão estabelecido pela Portaria. As fontes minerais desta região podem apresentar valores que facilmente excedem os limites da legislação sem necessariamente representar riscos reais à saúde (CUNHA et al., 2012). Os demais parâmetros físico-químicos analisados estiveram abaixo do limite estabelecido pela PRC Nº 5/2014. Os resultados das análises bacteriológicas estão dispostos na Tabela 2. Observa-se que a água de 8 das 22 amostras analisadas foram consideradas inaceitáveis para consumo. A presença de coliformes totais pode indicar falhas no tratamento da água, métodos de conservação e armazenamento, possível contaminação após o tratamento ou até a presença de nutrientes em excesso nos reservatórios ou na rede de distribuição, além de falhas na manutenção dos filtros dos bebedouros (SECO et al., 2012).

Tabela 1

Resultados dos parâmetros físico-químicos encontrados para a água dos bebedouros da UFPA.

Tabela 2

Resultados das análises bacteriológicas encontrados nas águas dos bebedouros da UFPA.

Conclusões

Conclui-se que, dentre os 27 bebedouros analisados, apenas 7 (25,9%) estavam em conformidade com a PRC Nº 5/2017. Tal porcentagem é muito baixa levando em consideração o contingente de usuários desses bebedouros impróprios, principalmente do bebedouro BB 08 (RU Básico), contaminado com coliformes totais e BB 02 (Biblioteca Central) contaminado com coliformes totais e E. coli. Nesse contexto, há necessidade de maior atenção dos responsáveis pela conservação, limpeza e manutenção dos reservatórios de água da universidade e da COSANPA, com relação à qualidade da água de consumo na Universidade.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos técnicos do Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM-UFPA) e do Laboratório Central do Estado (LACEN-SESPA).

Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Fórum Nacional de Normatização NBR-9898 - Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. 34p. Rio de Janeiro, 1987.
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FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Manual prático de análise de água. 4. ed.- Brasília: Funasa,150 p., 2013.
HELLER, L. Relação entre saúde e saneamento na perspectiva do desenvolvimento. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG. 1998.
LIMA, N. R.; SCHUROFF, P. A.; PELAYO, J. S. Qualidade microbiológica da água de abastecimento de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) em Londrina– Paraná no ano de 2012. VIII EPCC – Encontro Internacional de Produção Científica Cesumar. Maringá, PR. 2012.
MEYER, S. T. O Uso de cloro na desinfecção de águas, a formação de trihalometanos e os riscos potenciais à saúde pública. Cad. Saúde Pública vol.10 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 1994.
REBOUÇAS, A. C. Panorama da degradação do ar, da água doce e da terra no Brasil. In: Rebouças, Aldo da Cunha (org.). São Paulo: IEA/USP; Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências. p. 59-107. 1997.
SECO, B. M. S.; BURGOS, T. N.; PELAYO, J. S. Avaliação bacteriológica das águas de bebedouros do campus da Universidade Estadual de Londrina – PR. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 33, n. 2, p. 193-200, jul./dez. 2012.
SILVA, A. I. M. Análise econômica de sistema de abastecimento de água público fechado: estudo de caso da Cidade Universitária Professor José da Silveira Netto. Dissertação (Mestrado). UFPA. Belém, PA. 2012.

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