VERIFICAÇÃO DA MOBILIDADE DE METAIS POTENCIALMENTE TÓXICOS EM AMBIENTE ANTROPIZADO POR DEPÓSITO TÉCNOGÊNICO NO MUNICÍPIO DE DAVINÓPOLIS-MA POR INTERMÉDIO DE EXTRAÇÃO SEQUENCIAL
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Pinho, C.M.F. (UEMASUL) ; Gomes, D.L. (UEMASUL) ; Pereira, A.M.C. (UEMASUL) ; Oliveira, M.A.O. (UEMASUL) ; Sá, W.S. (UEMASUL) ; Cruz, N.D. (UEMASUL) ; Oliveira, J.D. (UEMASUL)
Resumo
Este trabalho tem como objetivo avaliar o fracionamento e mobilidade de metais potencialmente tóxicos em solo do lixão do Município de Dvinopolis - MA, por meio de Extração Sequencial. Os resultados obtidos para as concentrações de metais potencialmente tóxicos nos solos investigados permitem concluir que os mesmos se encontram nas frações geoquímicas menos estáveis ou lábeis O estudo permitiu concluir que os resíduos sólidos urbanos dispostos no lixão pesquisado causaram variações nas concentrações das espécies metálicas investigadas.
Palavras chaves
Metais tóxicos; Extração Sequencial; depósito tecnogênico
Introdução
A análise das concentrações totais de metais potencialmente tóxicos em solo dá uma indicação de sua significância ecotoxicológica, mas não informa sobre a sua mobilidade, toxicidade, disponibilidade para os organismos vivos, pois estes possuem diferentes formas físico-químicas que determinam seu comportamento. Pereira, et al. (2007), afirma que a concentração total tem uma importância sob o ponto de vista estocástico, mas fornece pouco dado sob o ponto de vista ambiental. Sendo assim, o procedimento de extração sequencial é de grande importância no estudo de impactos ambientais por metais potencialmente tóxicos, pois tem sido aplicado no fracionamento de espécies metálicas em solos para obter informações a respeito das frações químicas (quantidade de espécies metálicas que são extraídas por reagentes específicos) buscando compreender e avaliar a mobilidade, biodisponibilidades e a toxicidade destas espécies metálicas (SILVA e VITTI, 2008; LINHARES et al., 2009). No estado do Maranhão a situação é preocupante em relação à destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), pois dos 217 municípios, apenas três municípios maranhense possuem aterros sanitário. Guedes (2008) afirma que os resíduos sólidos urbanos são fontes potenciais de metais pesados, principalmente de Cd, Cu, Pb e Zn. Deste modo, este estudo tem por objetivo verificar a biodisponibilidade dos metais Cd (II) e Zn (II), por intermédio de extração sequencial, e sua mobilidade no solo do deposito tecnogênicos no município de Davinópolis-MA.
Material e métodos
O presente projeto foi realizado no município de Davinópolis-MA que se situa a 9 km a Sul – Leste do município de Imperatriz-MA. O município se estende por 336 km² e contava com 12 551 habitantes no último censo. A densidade demográfica é de 37,4 habitantes por km² no território do município. As coletadas das amostras foram realizadas em três pontos amostrais, nas profundidades de 20 cm, 40 cm e 60 cm, de forma a verificar o deslocamento das espécies metálicas provenientes dos resíduos sólidos. Para uma melhor avalição da contaminação, a área do lixão foi dividida em três áreas: A1 dentro da área do lixão; A2 e A3 aproximadamente a 10 metros da borda de resíduos sólidos do deposito. Para a determinação de Cd(II) e Zn(II) nas diversas fases que compõem os solos, foi utilizada a extração sequencial segundo método proposto por “European Communities Bureau of Reference” (BCR), este método é utilizado para a determinação dos metais e consiste em submeter à amostra a um protocolo contendo quatro etapas sequenciais (DAVIDSON et al., 1994; THOMAS et al., 1994). As determinações de Cd(II) e Zn(II) nas amostras foram feitas por Espectrometria de Absorção Atômica em Chama (FAAS), com corretor de fundo com lâmpada de deutério. Soluções padrão utilizadas para a calibração do instrumento foram preparadas com base em alíquotas de uma solução estoque de 1000 mg L-1.
Resultado e discussão
Os Gráficos 1 e 2 exibem os percentuais de Cd e Zn extraídos em cada fração
geoquímica do solo no Centro do Lixão (C.L) e Fora do Lixão (F.L)
respectivamente. Investigando o C.L (Grafico.1) no perfil 20 cm, o Cd estive
presente em maior percetual na fase residual (F4) (40%), no perfil de 40 cm
esteve mais presente na fração ligada a sulfeto e matéria orgânica (F3) (43%) e
o perfil 60 cm esteve no F4 (37%). Verificou-se que Cd também foi encontrado em
quantidade alta na fração 4 no perfil de 40 cm (32%).
Diferentemente do Cd, o Zn não apresentou-se distribuído em todas as frações
geoquímica (F4 perfil 20 e 40 cm), no perfil de 20 cm o Zn esteve
preferencialmente ligado a fração trocável (F1) (65%), no perfil de 40 cm, o Zn
encontra-se ligado preferencialmente a F3 (57%) e na profundidade de 60 cm
observou-se a maior concentração na fração 4 e 3 com percentual de 32%. Na área
F. L. o Cd apresentou-se distribuído em todas as frações geoquímica do solo
(Gráfico 2) no perfil de 20 cm encontra-se extraído em maior quantidade na F3
(39 %), no perfil de 40 cm apresentou maior distribuição na F4 (38%), o perfil
de 60 cm foi exibiu maior concentração na F4 (39%). Assim como a área C.L, na
área F.L. o zinco não se mostrou distribuído em todas as frações geoquímica,
exceto no perfil de 20 cm (Gráfico 2), nesta profundidade o maior percentual
esteve na F4 e F3 ambas com 32%. Nota-se uma relação na distribuição do Zn nos
perfis 40 cm e 60 cm, o zinco encontra-se na maior parte ligado à F4 em ambos
os perfis com 41%, no perfil de 40 e 60 cm, não foi detectada na F3.
GRÁFICO 1: Distribuição percentual de metais no Centro do Lixão GRÁFICO 2: Distribuição percentual de metais Fora do Lixão
Conclusões
Os resultados obtidos para as concentrações de metais nos solos investigados permitem concluir que os mesmos se encontram nas preferencialmente ligados as frações geoquímicas menos estáveis ou lábeis, na forma trocável (F1), ligados a óxido de ferro e manganês (F2) e ligados a sulfetos e matéria orgânica (F3). Esses metais estão disponíveis, podendo ser liberados para biota do solo e para a solução do solo (fase líquida) contaminando assim os lençóis freáticos nas proximidades desses lixões.
Agradecimentos
Agradeço a fapema pelo financiamento do projeto, a meu orientador e ao grupo de pesquisa GQA.
Referências
DAVIDSON, C. N.; THOMAS, R. P.; MCVEY, S. S.; PERALA, R.; LITTLEJONH, D.; URE, A. M. Evaluation of sequential extraction procedure for the speciation of heavy metals in sediments. Analytica Chemical Acta, v. 291, p. 277-286, 1994.
GUEDES, M. R. Metais pesados em solos: ocorrência. 2008. Disponível em:< http://scienceblogs.com.br/geofagos/2008/07/metaispesados-em-solos-ocorrencia.php>. Acesso em: 29 jun. 2011.
LINHARES, L. A.; EGREJA FILHO, F. B.; BELLIS, V. M. SANTOS, E. A. Disponibilidade de cobre e zinco em solos tropicais avaliada pelo processo de Extração Sequencial (BCR). TECNO-LÓGICA, v. 13, n. 1, p. 12-18, 2009.
PEREIRA, J. C.; SILVA, A.K.; JÚNIOR, H.A.N.; SILVA, E.P.; LENA, J.C. Distribuição, fracionamento e mobilidade de elementos traços em sedimentos superficiais. Química Nova, v.30, n.5, p.1249 - 1255, 2007.
SILVA, M. L. S.; VITTI, G. C. Fracionamento de metais pesados em solo contaminado antes e após cultivo de arroz. Química Nova, v. 31, n. 6, p. 1385-1391, 2008.
THOMAS, R. P.; URE, A. M.; DAVIDSON, C. M.; LITTLEJONH, D. Three-stage sequential extraction procedure for the determination of metals in river sediments. Analytica Chemica Acta, v. 286, p. 423-429, 1994.