DETERMINAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA DESTINADA AO CONSUMO HUMANO EM UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO EM JUÍNA, MT-BRASIL

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Ambiental

Autores

Manochio, V.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA) ; da Silva, A.C. (IFMT - CAMPUS JUÍNA) ; Gomes, J.B. (IFMT - CAMPUS JUÍNA)

Resumo

O presente trabalho buscou avaliar a qualidade da água disponível para consumo no Instituto Federal de Educação, Ciência e Educação de Mato Grosso, campus Juína. As coletas foram realizadas em agosto de 2018, em três bebedouros disponíveis na instituição. Os parâmetros físico-químicos analisados foram pH, alcalinidade, cloreto, dureza, ferro, nitrato, amônia e os parâmetros microbiológicos foram coliformes totais e coliformes termotolerantes. Os resultados obtidos das análises denotaram que os parâmetros analisados na água oferecida no IFMT campus Juína apresentaram valores dentro do estabelecido pela Portaria do Ministério da Saúde nº 2.914/2011, com exceção do teor de nitrato, que se encontra acima do permitido pela portaria em todos os bebedouros.

Palavras chaves

Potabilidade; Bebedouro; Qualidade da água

Introdução

Por suas múltiplas utilizações, a água, solvente universal, é essencial para todos os seres vivos, além de atuar diretamente na manutenção dos ecossistemas e ao equilíbrio ambiental e ecológico. Encontrar este recurso em seus níveis ideais de potabilidade, tem sido uma das problemáticas do século XXI, visto que os efeitos da urbanização, atividades agrícolas e industriais, estão cada vez mais pronunciadas, causando desequilíbrio no ciclo hidrológico e afetando diretamente a qualidade hídrica (SCURACCHIO, 2010; GONÇALVES, 2008). Segundo a Portaria de n° 2.914/2011 do Ministério da Saúde, a água distribuída para a população deve ser consumida de forma racional, devendo a mesma ser potável, ou seja, deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação seja esta de origem microbiológica, química, física ou radioativa, para que não ofereça riscos à saúde humana. Tais recomendações são fundamentais para a manutenção da saúde da população. De acordo com registros do Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil 80% das internações hospitalares são devidas a doenças de veiculação hídrica, ou seja, doenças que ocorrem devido à qualidade imprópria da água para consumo humano (MERTEN, 2002). Com base no exposto, é de suma importância o monitoramento da qualidade da água destinada ao consumo humano, para verificar se as mesmas encontram-se nos parâmetros ideais de potabilidade. Dessa forma, diante da importância do monitoramento da qualidade da água, o presente trabalho objetivou analisar os parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água dos bebedouros do IFMT campus Juína, bem como verificar se estes parâmetros estão de acordo com a legislação vigente.

Material e métodos

A pesquisa foi desenvolvida no IFMT campus Juína, localizado no município de Juína a noroeste do estado. Foram coletadas no mês de agosto de 2018, amostras de água proveniente de três bebedouros e acondicionadas em frascos de polietileno de 1000 mL, esterilizados à temperatura de 121°C por 20 minutos. Previamente à coleta da água, a assepsia das torneiras foram realizadas com álcool 70% e flambadas em seguida por três vezes. Posteriormente, deixou-se a água fluir por 2 minutos antes da coleta. As amostras foram identificadas e conduzidas até o laboratório de Química do IFMT campus Juína para a realização das análises. Os parâmetros físico-químicos analisados, foram pH, alcalinidade, cloreto, dureza, ferro, nitrato, amônia e os parâmetros microbiológicos foram coliformes totais e coliformes termotolerantes. Para as análises físico-químicas, utilizou-se medidores digitais e titulometria respectivamente, e para as análises microbiológicas avaliou-se o desenvolvimento de colônias de bactérias em cartelas de substrato cromogênico (Colipaper). Todas as amostras foram realizadas em triplicatas e foram calculados os valores médios dos parâmetros analisados, com a finalidade de se obter uma maior confiabilidade dos resultados. Os valores encontrados foram comparados aos valores máximos permitidos (VMP) da Portaria 2.914/2011.

Resultado e discussão

A Tabela 1 apresenta os resultados das análises físico-químicos e microbiológicas da água de consumo do IFMT campus Juína. Os valores de pH e condutividade elétrica, e as concentrações de alcalinidade, cloreto, dureza, amônia e ferro estiveram sempre abaixo do VMP. Contudo, observa-se que o teor de ferro esteve bem próximo do VMP, sendo importante o seu monitoramento contínuo. A presença de ferro pode estar ligada às características hidrogeoquímicas regionais. Quanto ao nitrato, a média foi de 42,1 mg.L-1, superior ao VMP. Nas águas subterrâneas, o nitrato é proveniente principalmente de fertilizantes nitrogenados e esgoto doméstico (FRANCA, 2006). O IFMT campus Juína iniciou as suas atividades em 2010, mas anteriormente já era escola técnica agrícola, sempre desenvolvendo atividades agrícolas para fins de ensino. Além disso, está em uma área ocupada por pequenas propriedades rurais, que desenvolvem a agricultura familiar. Assim, é provável que a contaminação por nitrato seja proveniente da adubação do solo. Tal contaminação na água do campus é preocupante pois quando a água contaminada por nitrato é utilizada continuamente há um efeito acumulativo no organismo (MIGLIORINI, 2002). Esta realidade é a observada na instituição, visto que usuários passam a maior parte do tempo no campus, durante vários anos consecutivos, o que aumenta a ingestão de nitrato. O consumo de nitrato em excesso pode provocar efeitos adversos à saúde humana, como a metahemoglobinemia (USEPA, 1991) e câncer gástrico (SCRAGG et al., 1982). Para os parâmetros microbiológicos, nenhum bebedouro apresentou presença de coliformes.

Tabela 1.

Resultados das análises da água dos bebedouros (B) do IFMT campus Juína.

Conclusões

Concluiu-se que os parâmetros analisados da água distribuída nos bebedouros do IFMT campus Juína apresenta valores, dentro do estabelecido pela Portaria n° 2.914/2011 do Ministério da Saúde, com exceção a concentração de nitrato, onde todas as amostras apresentaram resultados acima do limite máximo estabelecido, encontrando-se em desacordo com a legislação vigente. Tendo em vista os altos teores de nitrato encontrados no presente trabalho, será sugerido a instalação de um filtro para remoção dos mesmos a fim de melhorar a qualidade da água distribuída para o consumo da comunidade escolar.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso - campus Juína

Referências

ALVES, C. Tratamento de águas de abastecimento. 3. ed. Porto: Publindústria, 2010.

BRASIL, M. S. Portaria nº 2. 914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 12 dez. 2011.

GONÇALVES, G.W.P.S. Urbanização e qualidade da água: Monitoramento em lagos urbanos de Londrina – PR. Tese de Mestrado em Geografia da Universidade Estadual de Londrina, 2008.

MERTEN, G. H; MINELLA, J.P. (2002). Qualidade da água em bacias hidrográficas rurais: um desafio atual para a sobrevivência futura. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre, v.3, n.4, out/dez 2002

MIGLIORINI, R.B. Cemitérios contaminam o meio ambiente: Um estudo de caso. Universitária. Cuiabá. 2002.

RUZ, J. N; CLAIN, A. F. A Interferência do pH na análise de cloreto pelo método de Mohr. Revista eletrônica TECCEN, Vassouras, v. 3, n. 3, p. 29-44, jul./set., 2010. Disponível em:<http://www.uss.br/revistateccen/v3n32010/pdf/003_%20AInterferenciapHna.pdf>. Acesso em: 23 de julho de 2018.

SCURACCHIO, P. A. Qualidade da água utilizada para consumo em escolas no município de São Carlos – SP. Dissertação - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. 2010. http://www2.fcfar.unesp.br/Home/Posgraduacao/AlimentoseNutricao/PaolaAndressaScuracchioME.pdf> Acesso em: 15 de julho de 2018

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