USO DE FILTRO DE CARVÃO COMO ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DA ÁGUA EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS DO BAIXO RIO BRANCO, CARACARAÍ, RORAIMA
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Ambiental
Autores
Silva, R.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Sousa, F.X. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR) ; Medeiros, I.J.S. (INSTITUTO FEDERAL DE RORAIMA-IFRR/AMAJARI) ; Rizzatti, I.M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi de construir filtros utilizando garrafas PETs e carvão ativado em três comunidades ribeirinhas do município de Caracaraí, região sul do estado de Roraima, que não tem acesso a algum tipo de tratamento prévio da água para consumo. A construção dos filtros foi realizada nas escolas de cada comunidade, envolvendo alunos do ensino fundamental I e moradores das comunidades. Os resultados mostraram a eficiência dos filtros para retirada de matéria orgânica e após a adição de hipoclorito de sódio a água pode ser consumida pelos ribeirinhos. A água utilizada para consumo dessas famílias é retirada diretamente do rio e, na maioria das vezes, o único tratamento prévio feito pelos moradores é apenas a filtragem em filtro de pano de algodão.
Palavras chaves
Reaproveitamento; Água para consumo; Antioxidante.
Introdução
O acesso a água para consumo de qualidade ainda é uma realidade distante para muitas populações, inclusive para comunidades ribeirinhas que moram as margens do rio Branco, região sul de Roraima. Das 17 comunidades que habitam essa região apenas três consomem água provenientes de poços artesianos, as demais comunidades retiram a água para consumo e demais atividades humanas diretamente do rio Branco, sendo o único tratamento prévio a filtração com filtro de pano e em alguns casos, a fervura da água antes do consumo. Ademais, essas comunidades não possuem sistema de saneamento básico, e em todas as comunidades as casas possuem fossas rudimentares, o que aumenta a probabilidade da contaminação da água utilizada por essas pessoas em suas atividades diárias. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD, 2009), apenas 32,8% dos domicílios nas áreas rurais estão ligadas as redes de abastecimento de água com ou sem canalização interna. O restante da população (67,2%) capta água de chafarizes e poços protegidos ou não, diretamente de cursos de água sem nenhum tratamento ou de outras fontes alternativas geralmente insalubres. Assim, os filtros domésticos continuam sendo uma opção útil e necessária para a obtenção de uma água mais saudável (SANTOS, 2007). Diante do exposto, o objetivo geral deste trabalho consistiu em desenvolver filtros de carvão vegetal para três comunidades ribeirinhas (Sacaí, Lago Grande e Terra Preta) através da reutilização de materiais alternativos e de fácil acesso, para oferecer melhor qualidade na água consumida por essas populações.
Material e métodos
Esta pesquisa é de caráter qualitativo onde a proposta é propor um método de baixo custo para tratamento prévio da água de consumo das populações ribeirinhas das comunidades de Sacaí, Terra Preta e Lago Grande localizadas as margens do baixo rio Branco, sul de Roraima. O acesso a essas comunidades é apenas via fluvial, e o acesso a primeira comunidade (Sacaí) demorou em torno de 30 horas de navegação. Para a construção dos filtros foram necessários garrafas PET com capacidade de 2 L, areia cascalho ou semelhante, brita ou seixo, algodão, carvão moído, estilete, tesoura e cola de PVC. A figura 1 apresenta o filtro construído. Antes de ensinar a construção dos filtros nas comunidades ribeirinhas foi realizado o teste para saber a eficiência do mesmo em relação a qualidade da água que era filtrada.
Resultado e discussão
A tabela 1 apresenta os valores para os parâmetros avaliados para a
qualidade da água antes e após a passagem pelo filtro. E como se pode
observar, o filtro foi eficiente para a remoção da matéria orgânica.
Tabela 01- Valores de alguns parâmetros físicos e químicos da água bruta e
filtrada no filtro de carvão.
Parâmetros Água bruta Água filtrada
Cor 109 u.H 7,0 u.H
Turbidez 40,9 u.T 1,19 u.T
pH 7,0 7,0
Cloro 0,0 0,0
Condutividade 17,3 uS.cm-1 33,8 uS.cm-1
Sólidos 11 mg.L-1 22 mg.L-1
Durante a aplicação, o modelo do filtro foi demonstrado para cada
comunidade, e foi explicado o seu funcionamento e como os habitantes
poderiam montar o seu próprio filtro (Figura 2).
Como resultado das análises físicas e químicas da água consumida nas três
comunidades, observou-se melhor qualidade da água. Contudo, o filtro não
elimina os agentes patogênicos que ainda ficam presentes na água,
entretanto, a população foi orientada a adicionar hipoclorito de sódio a
água. Nessa expedição foi entregue frascos de hipocolorio de sódio aos
moradores.
Conclusões
Com base nos resultados das análises físico-químicos da água que passou pelo processo de filtragem, observou-se que 90% da matéria orgânica foi removida, obtendo-se água insípida, incolor e inodora. A iniciativa do projeto despertou interesse no ensino e nas comunidades devido a simplicidade, fácil acesso e bons resultados.
Agradecimentos
Ao CNPq e MEC/PROEXT pelo financiamento da pesquisa.
Referências
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostras em Domicílio - PNAD (2009). Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
SANTOS, S. Filtros de saúde . REVISTA VIVA SAÚDE . Edição 37, janeiro/2007. Disponível em: (http://revistavivasaude.uol.com.br/Edicoes/37/artigo39704- 1.asp ). Acessado em: 03 de março de 2018.