DETERMINAÇÃO DE FERRO, POTÁSSIO, MAGNÉSIO, MANGANÊS E ZINCO EM AMOSTRAS DE TUCUPI COMERCIALIZADAS EM BELÉM-PA

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Química Analítica

Autores

Cunha, E.L. (UFPA) ; Pontes, R.G. (UFPA) ; Dantas, K.G.F. (UFPA)

Resumo

A Mandioca (Manihot esculenta Crantz), tem sua produção majoritariamente direcionada para a produção de farinha e fécula,gerando como resíduo a manipueira que é utilizada para a produção de tucupi. O presente trabalho teve como objetivo avaliar os teores de Fe, K, Mg, Mn e Zn em amostras de tucupi por MIP OES comercializadas em Belém-PA. As amostras foram submetidas a digestão ácida assistida por micro-ondas. K e Mg apresentaram concentrações variando de 376,41 a 1674,67 mg kg-1 e 100,77 a 262,79 mg kg-1 respectivamente. Por outro lado Fe (1,21 a 5,14 mg kg-1) e Mn (1,42 a 4,93 mg kg-1) estão em baixas concentrações. Zinco foi encontrado em apenas uma amostra.A exatidão do procedimento proposto foi avaliada pelo método de adição e recuperação e as recuperações obtidas variaram de 99 a 113%

Palavras chaves

Mandioca/tucupi; constituintes inorgânicos; MIP OES

Introdução

A mandioca pertence à família Euphorbiaceae e gênero Manihot. A espécie Manihot esculenta Crantz a mais cultivada para fins alimentícios (CAGNON et al., 2002; BAYOUMI et al., 2010). Figurando como um dos principais produtos da agricultura brasileira com uma produção de cerca de 20 milhões de toneladas. Dentre os estados da federação, o Pará é o principal produtor, o qual contribuiu com 4 milhões de toneladas (IBGE, 2018). A produção de mandioca é direcionada principalmente para a obtenção de farinha e fécula. No processamento para obtenção destes produtos o principal resíduo gerado é a manipueira que, segundo Fioretto (2001), é caracterizada como um extrato líquido, com aspecto leitoso, contendo de 5 a 7 % de fécula, glicose, ácido cianídrico, carboidratos, proteínas e nutrientes minerais. No estado do Pará, a manipueira não é encarada como um resíduo de processo e sim é utilizada para a fabricação de outro produto, o tucupi. Cagnon et al. (2002) define o tucupi como sendo um molho parcialmente fermentado e decantado da manipueira, que após a retirada do amido é submetido a cocção com adição de condimentos. A Agência de Defesa Agropecuária do Pará estabeleceu a Instrução Normativa n° 001/2008 com o objetivo principal de estabelecer padrões de identidade e características mínimas de qualidade ao tucupi (ADEPARÁ, 2008). Porém, nada consta em relação a informação nutricional, teores de macro e microminerais ou metais pesados. Diante da escassez de informações sobre os teores de macro e micro nutrientes em tucupi e aliado ao fato de ser um alimento amplamente difundido no estado do Pará, o presente estudo tem como objetivo avaliar os teores de Fe, K, Mg, Mn e Zn em amostras comercias de tucupi por MIP OES afim de contribuir com maiores informações sobre este alimento.

Material e métodos

Instrumentação As amostras foram digeridas em um forno de micro-ondas com cavidade (Start E, Milestone). Para a análise de Fe, K, Mg, Mn e Zn foi usado um espectrômetro de emissão óptica com plasma induzido por micro-ondas (modelo 4100, Agilent Technologies, Melbourne, Austrália) equipado com nebulizador OneNeb inerte e câmara de nebulização ciclônica. Para alimentar o plasma foi utilizado N2 produzido a partir de um gerador de nitrogênio. A otimização automática do ângulo de visão e pressão do nebulizador foi realizada através do software MP Expert (Agilent Technologies). Reagentes e Soluções Todas as soluções e diluições foram preparadas com água ultrapura (resistividade 18,2 MΩ/cm) obtida a partir de um sistema de purificação de água (Synergy UV, Millipore). Ácido Nítrico 65 % v/v (Sigma-Aldrich) previamente purificado por sistema de destilação (BSB 939-IR, Berghof) e peróxido de hidrogênio 35% m/m (Neon) foram utilizados na digestão das amostras. As curvas analíticas foram preparadas a partir da diluição de soluções estoque contendo 1000 mg/L de Fe, K, Mg, Mn e Zn (Sigma-Aldrich). Obtenção e preparo das amostras As amostras foram obtidas em supermercados e feiras da cidade de Belém-PA. Aproximadamente 0,5 g de cada amostra foram pesadas diretamente nos vasos de digestão e em seguida 6 mL de HNO3 14 mol L-1 e 2 mL de H2O2 35% m/m foram adicionados. A programação de aquecimento do forno de micro-ondas (tempo[min]/ potência[W]/ temperatura[°C]) foi 15/800/180 (rampa) e 15/800/180 (patamar) e 50 min de ventilação. Após a digestão, as amostras foram filtradas e aferidas para 25 mL. Os elementos estudados foram determinados nos digeridos por MIP OES. O método de adição e recuperação foi realizado com a finalidade de avaliar a exatidão do método.

Resultado e discussão

As recuperações obtidas para Fe, K, Mg, Mn e Zn pelo método da adição e recuperação do analito estão apresentadas na Tabela 1. Como pode ser observado na Tabela 1, os elementos analisados mostraram boa recuperação em todos os pontos adicionados, variando de 99% a 113%, evidenciando que o método e as condições analíticas propostas mostraram boa exatidão e precisão. As concentrações de Fe, K, Mg, Mn e Zn foram analisadas estão apresentadas na Tabela 2. Os teores de Fe e Mn nas amostras variaram de 1,21 a 5,14 mg kg-1 e 1,42 a 4,93 mg kg-1, respectivamente. Leonel e Cereda (1995); Cereda (2001) e Neves (2014) que avaliaram amostras de manipueira e também encontraram estes elementos. Zn foi encontrado somente na amostra G (3,03 mg kg-1), evidenciando que este elemento está presente em baixas concentrações no tucupi, o que está de acordo com os estudos de Duarte et al (2012) e Cereda (2001) que encontraram concentrações baixas de zinco em manipueira, visto que o tucupi é o produto obtido a partir deste insumo e passa por etapas de decantação e cocção podendo haver diminuição na concentração deste elemento. K e Mg foram encontrados em altas concentrações variando de 376,41 a 1674,67 mg kg-1 e 100,77 a 262,79 mg kg-1 respectivamente. Os valores encontrados em manipueira por Bezerra et al (2017); Duarte et al (2012) e Cereda (2001) também foram altos para estes elementos. Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) foram calculados de acordo com Boumans (1982) utilizando o RSD das intensidades de 10 medidas consecutivas do branco, a concentração de um ponto da curva e a relação sinal/ruído. Os resultados mostraram que LD e LQ são baixos o suficiente para permitir determinação dos analitos com boa exatidão, exceto para o Zn, onde a maioria das amostras ficaram <LD.

Tabela 1 e Tabela 3



Tabela 2



Conclusões

A quantificação de Fe, K, Mg, Mn e Zn em amostras de tucupi por MIP OES após digestão ácida proposta neste estudo mostrou-se eficaz, com boa exatidão e reprodutibilidade. Além disso, contribuiu com maiores informações sobre a composição química das amostras.

Agradecimentos

A Universidade Federal do Pará, CAPES, CNPQ e ao GEAAP.

Referências

ADEPARÁ – Agencia de Defesa Agropecuária do Estado do Pará. Tucupi: Padrão de identidade e qualidade do tucupi. (GIPOV). Belém-PA, 2008.

BAYOUMI, S. A. L.; ROWAN, M. G.; BEECHING, J. R.; BLAGBROUGH, I. S. Constituents and secondary metabolite natural products in fresh and deteriorated cassava roots. Phytochemistry, New York, v. 71, n. 5-6, p. 598-604, 2010.

BEZERRA, M. G. S; SILVA, G. G. C; DIFANTE, G. S; NETO, J. V. E; OLIVEIRA, E. M. M; OLIVEIRA, L. E. C. Cassava wastewater as organic fertilizer in ‘Marandu’ grass pasture. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande-PB v.21, n.6, p.404-409, 2017.

CAGNON, J. R.; CEREDA, M. P.; PANTAROTTO, S. Cultura de tuberosas amiláceas latino-americanas. São Paulo: Fundação Cargill, v. 2, p. 13-37, 2002.

CEREDA, M. P. Caracterização dos subprodutos da industrialização da mandioca. In:_____. (coord.). Manejo, Uso e Tratamento de subprodutos da industrialização da mandioca. São Paulo: Fundação Cargill, 2001.

DUARTE, A. S; SILVA, E. F. F; ROLIM, M. M; FERREIRA, R. F. A. L; MALHEIROS, S. M. M; ALBUQUERQUE, F. S. Uso de diferentes doses de manipueira na cultura da alface em substituição à adubação mineral. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande-PB v.16, n.3, p.262–267, 2012.

FIORETTO, R. A. Uso direto da manipueira em fertirrrigação. In: CEREDA, M. P. (Coord.). Manejo, uso e tratamento de subprodutos da industrialização da mandioca. São Paulo: Fundação Cargill, v. 4, p. 67-79, 2001.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento sistemático da produção agrícola – julho 2018. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/> Acesso em 15 de agosto de 2018.

LEONEL, M.; CEREDA, M. P. Manipueira como substrato na biossíntese de ácido cítrico por Aspergillus niger. Scientia Agricola. (Piracicaba, Braz.) [online]. v. 52, n. 2, p. 299-304. 1995.

NEVES, O. S. C; SOUZA, A. S; COSTA, M. A; SOUSA, L. A; VIANA, A. E. S; NEVES, V. B. F. Persistência do cianeto e estabilização do pH em manipueira. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, Paraná, v. 08, n. 01: p. 1274-1284, 2014.

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