Estudo cinético do teor de acidez e açucares redutores do fruto abacaxi conforme seu amadurecimento
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Físico-Química
Autores
Barbosa Júnior, A.S. (UEPA) ; Lopes, D.P. (UEPA) ; Barros, D.M.B. (UEPA) ; Costa, W.C.L. (UEPA) ; Muribeca, A.J.B. (UEPA)
Resumo
No abacaxi (Ananas comosus) a presença de açúcares e de ácidos orgânicos, assim como o estágio de maturação, são de grande importância para o sabor característico do mesmo. Deste modo, este trabalho teve como objetivo investigar a correlação entre o teor de acidez titulável total (ATT) e de açúcares redutores (AR) presentes na polpa do abacaxi ao longo de seu processo de amadurecimento. Para isso, realizou-se análise de ATT e AR em abacaxis de uma mesma safra coletados nos meses de maio, junho e julho, numa roça da Vila Ceará, em Salvaterra-PA. Observou-se o decréscimo da taxa da ATT e o acréscimo do teor de AR durante o amadurecimento do fruto do abacaxi. Considera-se importante estudar a relação dos parâmetros físico-químicos de modo a melhorar a qualidade desse produto.
Palavras chaves
Ananas comosus; Estágio de maturação; Qualidade físico-quiímica
Introdução
O abacaxi (Ananas comosus) tem ganhado popularidade em todo o mundo, sendo apreciado tanto na forma in natura, como em diversas outras modo de consumo (CRESTANI et al., 2010). Sua importância é devido as suas qualidades e propriedades nutricionais. Neste fruto a presença de açúcares e de ácidos orgânicos, assim como o estágio de maturação, são de grande importância para o sabor característico do mesmo (PEDREIRA; NAVES; NASCIMENTO, 2008). De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), o processo de amadurecimento das frutas, conduzem para que haja um aumento no teor de açúcares, assim como o decréscimo no teor de acidez. No cultivo de abacaxi as condições climáticas interferem diretamente na concentração de açúcares, pois quando é cultivado em uma estação mais chuvosa, os frutos se tornam menores e possuem altos teores de sólidos solúveis, acontecendo de maneira inversa quando cultivados em uma estação com poucas quantidades de chuva (SANDRI et al., 2011). Segundo Chitarra e Chitarra (2005), os açúcares encontrados nas frutas são responsáveis pela textura, pela cor, pelo sabor e pela doçura. Durante o período de maturação das frutas acontecem muitas mudanças e uma das principais é o acúmulo de açúcares (glicose, frutose e sacarose), que variam simultaneamente a redução da acidez, e só alcançam sua concentração máxima com o final da maturação. Diante desse pressuposto, objetivou-se investigar a correlação existente entre o teor de acidez titulável total e de açúcares redutores presentes na polpa do fruto do abacaxi cultivar Pérola ao longo de seu processo de amadurecimento.
Material e métodos
Para a realização das análises, foram coletados abacaxis variedade Pérola de uma mesma safra nos meses de maio, junho e julho (esse último mês sendo o programado para a colheita) de 2018, em uma roça localizada às margens da PA-154, Vila Ceará, no munícipio de Salvaterra-PA (22 - 772701 9907354). ANÁLISE DE ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL (ATT): A acidez da polpa dos frutos foi determinada a partir de titulação com NaOH 0,1 M e indicador fenolftaleína. Para isso, diluiu-se 20 mL do suco da fruta em 100 mL de água destilada, em seguida foram adicionados 0,3 mL do indicador fenolftaleína e fez-se a titulação até o ponto de viragem, segundo o método de Zenebon, Pascuet e Tiglea (2008). As amostras foram analisadas em quintoplicata. ANÁLISE DE AÇÚCARES REDUTORES: A quantificação do teor de açúcares redutores presente na polpa do abacaxi foi feita a partir de uma adaptação feita por Souza, Gomes e Muribeca (2017) do método preconizado por Miller (1959) que utiliza o ácido 3,5-dinitrossalicílico. Inicialmente, preparou-se extrato aquoso 1:4, deste retirou- se uma alíquota de 0,2 mL e transferiu-se para um tubo de ensaio; acrescentou 1,3 mL de água destilada e 1 mL do reagente DNS. Essa mistura foi aquecida em banho-maria em temperatura de ebulição por 5 minutos. Passado esse tempo, adicionou-se 10 mL de água destilada, e foi feita a homogeneização usando agitador vortex. Para o branco foram utilizados os mesmos reagentes com exceção do extrato, que foi substituído por água destilada. Para a construção da curva padrão foi utilizado uma solução de glicose que variou a concentração de 0,5 a 5 g/L. As amostras foram analisadas em triplicata.
Resultado e discussão
ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL: A partir dos resultados obtidos percebeu-se que ocorreu uma
diminuição na taxa de acidez titulável total do abacaxi conforme o estágio de
maturação avança: no primeiro mês de coleta o abacaxi analisado possuía um valor
médio de 0,762±0,010% e no fruto coletado no último mês a acidez caiu para
0,566±0,000%, chegando ao nível próximo do valor médio encontrado por Oliveira et
al. (2012) ao analisar o abacaxi cultivar Pérola (0,570±0,050%) e inferior ao valor
médio encontrado por Machado et al. (2012) (3,508±0,720%). Nota-se que a mudança
desse parâmetro durante os três meses finais é pouco acentuada, ficando mais
evidente no último mês (estágio final da maturação). AÇÚCARES REDUTORES: A partir
dos resultados notou-se que houve acréscimo do teor de açúcares redutores com o
passar dos três meses: para a primeira amostra coletada obteve-se o valor médio de
7,04±0,02; e para o abacaxi obtido no último mês a taxa de açúcares redutores
encontrada foi de 30,25±0,08, estando acima do valor médio encontrado por Machado et
al. (2012) (28,67±5,80). De modo diferente ao que se observou no outro parâmetro, a
mudança na taxa de açúcares foi bem expressiva, onde os valores mais ou menos
duplicavam com o avanço do amadurecimento (Figura 1).
Valores médios das análises de acidez titulável total e açúcares redutores e desvio-padrão.
Conclusões
Ao longo do processo de amadurecimento do abacaxi, mais precisamente nos três meses finais, ocorreu o acréscimo do teor de açúcares redutores e um decréscimo na taxa de acidez, ou seja a cinética desses dois parâmetros é inversa, porém o aumento do teor de açúcares foi mais expressivo que a diminuição da acidez, na fase estudada. Considera-se importante analisar outras relações entre esses parâmetros de modo a identificar a influência que cada um deles exerce sobre o outro, durante o amadurecimento do abacaxi, e quais alternativas devem ser tomadas para melhorar a qualidade desse produto.
Agradecimentos
Ao produtor de abacaxi que cedeu as amostras para este estudo, senhor Luiz Carlos, nosso muito obrigado.
Referências
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CRESTANI, M.; BARBIERI, R. L.; HAWERROTH, F. J.; CARVALHO, F. I. F. C.; OLIVEIRA, A. C. Das américas para o mundo: origem, domesticação e dispersão do abacaxizeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v. 40, n. 6, p. 1473-1483, 2010.
MACHADO, A. M.; SOUZA, M. C.; JUNQUEIRA, M. S.; SARAIVA, S. H.; TEIXEIRA, L. J. Q. Cinéticas de secagem do abacaxi cv. Pérola. Enciclopédia, Goiânia, v. 8, n. 15, p.428, 2012.
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OLIVEIRA, J. A. R.; CARVALHO, A. V.; MARTINS, L. H. S.; MOREIRA, D. K. T. Elaboração e caracterização de polpa de abacaxi. Alim. Nutr., Araraquara, v. 23, n. 1, p. 23-31, 2012.
SANDRI, D. O; PORTO, A. G; SILVA, F. S; PASTRO, D. C; PAGLARINI, C. S. Análise físico-quimica do abacaxi cultivar pérola na forma in natura em diferentes posições do fruto: cilindro central e polpa. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v.7, n.13, 2011.
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