Análise da quantidade de flúor ingerida por pré-escolares devido à utilização de dentifrícios e consumo de água fluoretada.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Cruz, J.D. (FUNEC-CENTEC) ; Nascimento, R.D. (FUNEC-CENTEC) ; Ribeiro, V.R. (FUNEC-CENTEC) ; Oliveira, A.M.V.F. (FUNEC-CENTEC) ; Carvalho, J.P.M. (FUNEC-CENTEC)
Resumo
O projeto consiste em proporcionar informações às pessoas quanto às fontes e fatores que contribuem para uma exposição excessiva e sistêmica do flúor. Essa exposição pode ocasionar o surgimento da fluorose dentária, resultando falhas na mineralização do esmalte e na alteração da estrutura do tecido dentário. Aplicamos um questionário aos responsáveis pelos pré-escolares para conhecimento da quantidade de Flúor ingerida diariamente por estes e analisamos se fatores socioeconômicos influenciam nos resultados. Pretende- se verificar se a quantidade de flúor consumida pelas crianças está dentro dos limites exigidos por lei, além de debater sobre a quantidade de flúor ativo e inativo em dentifrícios, pois atualmente não se tem na legislação vigente a garantia da concentração específica destes.
Palavras chaves
Fluorose; Flúor; Dentifrícios
Introdução
No Brasil, a maioria dos dentifrícios utilizados pela população tem como abrasivo o Carbonato de Cálcio. Por conterem Cálcio como abrasivo, eles são formulados com Monofluorfosfato de Sódio(MFP). Entretanto, em função do tempo, este sofre hidrólise liberando íon flúor, o qual é inativado pelos íons Cálcio do abrasivo. Essa reação é lenta e com o passar do tempo há redução gradativa de Flúor solúvel e consequentemente aumento de flúor insolúvel em formulações contendo MFP/Carbonato de Cálcio. Assim, nessas formulações parte do flúor total está solúvel na forma de íon MFP mais íon flúor e parte está insolúvel (inativo contra a cárie) (CURY et al., 2015). A Resolução 79, Anvisa, 28/8/2000 estabelece que um dentifrício não pode conter mais que 1.500 ppm de flúor total, sem estabelecer o mínimo de flúor solúvel que ele deveria conter para ter potencial anticárie, a qual de acordo com revisões sistemáticas deve ser igual ou maior que 1.000 ppm de Flúor. (CURY, CALDARELLI, TENUTA, 2015). A fluoretação da água de abastecimento público consiste na adição controlada de um composto de flúor e representa uma das principais e mais importantes medidas de saúde pública no controle da cárie dentária (RAMIRES,BUZALAF, 2007). Nesse processo, o flúor é adicionado à água tratada final, devendo haver concentrações de 0,6 a 0,85mg/L no município de Contagem, segundo os Limites da Portaria 2.914/2011. A ingestão excessiva de flúor, acima de 0,07mg/kg de peso da pessoa diariamente, pode ocasionar a fluorose dental (CURY, LIMA, 2001), um defeito de formação do esmalte, resultante da ingestão de flúor durante o desenvolvimento do dente (HOLLOWAY & ELLWOOD, 1997).
Material e métodos
Realizamos a escolha de escolas no município de Contagem, da rede pública (Umei Vereador Ailton Diniz e CEI Santa Filomena) e privada (Criarte), que apresentam crianças entre 2 a 5 anos, para serem submetidas a análises quanto à ingestão de flúor. Posteriormente, aplicamos um questionário direcionado aos pais e responsáveis dos pré-escolares para saber a quantidade de dentifrícios e água fluoretada consumidos diariamente por estes e o nível de informação sobre o risco do uso indiscriminado de flúor nestes e das consequências da fluorose dentária. A partir do questionário, analisamos se aspectos socioeconômicos alteraram, relevantemente, os resultados obtidos, além de determinar a quantidade deste elemento utilizada e ingerida pelos pré-escolares. Verificamos se a dose consumida pelas crianças está de acordo com os limites indicados por CURY, LIMA, 2001 e BURT, 1992.
Resultado e discussão
Aplicamos questionários em três escolas, duas da rede pública e uma da rede
privada, e obtivemos uma amostragem de 65 questionários preenchidos. Através
do tratamento de dados, analisamos que 74% dos responsáveis estão cientes
sobre a fluoretação da água de abastecimento público; 98% dos responsáveis
estão cientes sobre a adição de Flúor em dentifrícios; 52% dos responsáveis
não estão cientes sobre os riscos que o flúor pode causar; 65% dos
responsáveis não tem conhecimento sobre a fluorose dentária; 98% dos
responsáveis orientam seus filhos durante a escovação; 74% dos responsáveis
aplicam pastas dentais específicas para crianças. Têm-se também, que a
maioria dos alunos escovam os dentes duas vezes ao dia e que a maioria dos
alunos iniciou a escovação entre 1 a 3 anos ou menos. Com a análise do
gráfico “Nível de escolaridade x Resultados”, pode-se notar que os filhos
dos responsáveis que apresentam o ensino médio completo e que estudam na
escola pública tem a maior probabilidade de ter fluorose dentária. Já os
filhos dos responsáveis que apresentam o ensino fundamental completo e que
estudam na escola privada apresentam a maior probabilidade. Em média, a
concentração da água de abastecimento público (relativo aos Limites da
Portaria 2.914/2011) é de 0,73mg/L e em dentifrícios é de 1.250ppmF (de
acordo com a Resolução 79, Anvisa, 28/8/2000). Através das análises da
quantidade ideal de flúor, entre 0,05 mg F/dia/kg e 0,07 mg F/dia/kg (CURY,
LIMA, 2001 e BURT, 1992), que uma criança de 15,5kg pode ingerir (1,0850mg),
obteve-se que os alunos ingerem uma quantidade superior (1,9208mg), sendo em
excesso ≅0,8358mg.
Os gráficos demonstram os resultados obtidos a partir dos questionários aplicados às escolas.
Comparação entre nível de escolaridade do responsável e tendência do aluno a adquirir Fluorose Dentária.
Conclusões
Pode-se concluir por meio da análise dos resultados que, o aumento da probabilidade de desenvolvimento de fluorose dentária, está relacionada ao nível de escolaridade dos pais ou responsáveis dos alunos e com a rede de ensino que estes estão inseridos. Têm-se também que os alunos estão ingerindo flúor em excesso, portanto, é necessário alertar aos pais os riscos que o elemento pode causar, aos quais seus filhos estão expostos.
Agradecimentos
Agradecemos às Orientadoras Adriana Vasconcelos e Juliana Patrícia, ao professor Wendel Damasceno, às escolas contribuintes do projeto e aos pais que se voluntariaram a responder o questionário.
Referências
ANVISA; Resolução RDC nº 79, de 28 de agosto de 2000. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/2000/79_2000.pdf>. Acessado em 21 de Agosto de 2018.
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