Produção de carvão ativado a partir de caroços de juçara (Euterpe edulis) aplicado ao tratamento de água de poços
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Marques, R.A. (IEMA) ; Ferreira, J.E.S. (IEMA)
Resumo
O resíduo de caroços oriundos da produção de polpa de juçara no município tornou-se um problema, pois o mesmo corresponde a 83% do fruto. E este normalmente é descartado de forma indevida. Dessa forma, o trabalho teve como objetivo produzir carvão ativado com o caroço de juçara para ser utilizado no tratamento de água de poços. Assim, realizou-se a impregnação do material e a carbonização em forno mufla para a ativação. Além disso, foram realizadas análises de parâmetros físico-químico e microbiológico em amostras de água tratadas e não tratadas Observou-se, que o carvão produzido reduziu de forma satisfatória os valores de todos os parâmetros avaliados. Conclui-se, que a utilização do novo carvão ativado é uma forma eficiente de tratamento da água para consumo humano.
Palavras chaves
Juçara (Euterpe edulis); Tratamento; água de poços
Introdução
A juçara, Euterpe edulis, é uma palmeira típica da Floresta Atlântica, ocupando uma vasta extensão territorial, desde o sul da Bahia ao Rio Grande do Sul. Produz palmito de excelente qualidade, porém a exploração extrativista levou ao esgotamento da espécie nas reservas naturais. Produz também frutos com propriedades organolépticas e nutritivas similares às do açaí. O açaizeiro (Euterpe oleracea), ao contrário da juçara que é unicaule, é uma palmeira que produz vários perfilhos, formando touceiras. Esses perfilhos são manejados para exploração do palmito, ao longo da vida útil da palmeira. O processamento do fruto de juçara para obtenção da polpa, é uma atividade cultural da região do município de Axixá, onde apresenta um alto índice de comercialização diário. Em meio a esse contexto o carroço encontra-se como principal subproduto do processamento do fruto para poupa e é considerado como resíduo. Segundo Gantuss (2006) o mesmo corresponde a 83% do fruto. E este normalmente é descartado de forma indevida. Esta biomassa por sua vez, tem potencial para ser transformada em carvão ativado, pois apresenta alta grau de porosidade, além de promover maior sustentabilidade ambiental. O carvão ativado é vastamente utilizado em vários ramos da indústria, apresentando uma de suas mais importantes aplicações no tratamento de água, com o objetivo de adequá-la aos parâmetros de potabilidade exigido para o consumo humano. O carvão ativado através da sua grande porosidade tem a capacidade de purificar a água, seja para fins potáveis ou para fins industriais. Portanto neste trabalho objetivou-se preparar um carvão ativado a partir de caroços de juçara (Euterpe edulis) ativado com hidróxido de sódio, buscando a utilizá-lo como material filtrante de águas de poços.
Material e métodos
Foram coletados aproximadamente 5 Kg de caroços de juçara, por apresentarem resíduo do processo de obtenção da polpa, foi lavada em água corrente e posteriormente levado à estufa com temperatura de 60 °C por 4 horas. Para ativação química, primeiramente preparou-se a solução ativante (0,1 mol/L de NaOH) e inserimos cerca de 250 mL da solução a 500 g de caroço de juçara em um recipiente para ativação por um tempo de 24 horas. Após o processo de ativação levou-se o compósito à estufa para secagem do material e por fim foi realizada a carbonização dos caroços de açaí ativados em forno mufla a uma temperatura de 700ºC. Após, o processo de carbonização realizou-se a lavagem do carvão ativado para retirada do excesso do agente químico ativante e, novamente, feito o processo de secagem. Após realizou-se a coleta das amostras de água em dois poços distintos no município de Axixá para a avaliação do carvão ativado. Em cada amostra de água foram realizadas as análises dos seguintes parâmetros: pH, ferro, turbidez e coliformes totais.
Resultado e discussão
A maioria da população do município de Axixá consome água oriunda de poços
artesianos. No entanto, a maioria da população nunca interessou-se em
realizar uma análise para verificar os possíveis riscos no consumo de água
não tratada. Em cada amostra de água foram realizadas as análises dos
seguintes parâmetros: pH, ferro, turbidez e coliformes totais. Analisando os
valores dos parâmetros referentes as três amostras notamos que os valores
dos parâmetros Ferro e Turbidez que são respectivamente 0,97 UT e 0,096 mg/L
(amostra I) e 0,030 mg/L e 0,77 UT, apresentaram valores em conformidade com
os limites do padrão estabelecido pelo Ministério da saúde através da
portaria de número 2914 de 2011 (Tabela 1). Os valores de Coliformes Totais
que foram de 5,26 e 7,3 UFC/ 100ml verificado na primeira amostra estão
acima do padrão exigido pela legislação vigente. Em relação aos resultados
das análises após o tratamento com carvão ativado (Tabela 1), houve uma
redução significativa no valor do parâmetro ferro para os dois poços. Sendo
que o carvão ativado do caroço de juçara apresentou maior eficiência neste
parâmetro, pois conseguiu reduzir o valor no poço I de 0,096 mg/l para 0,048
mg/L e de para 0,050 para 0,005 no poço II. Já o carvão ativado industrial
reduziu o valor do mesmo parâmetro de 0,096mg/l para 0,052mg/l no poço I e
de 0,050 para 0,020 no poço II. No entanto, os dois carvões ativados
apresentaram eficiência igual nos parâmetros Turbidez e Coliformes totais.
Pois os valores dos parâmetros Turbidez e Coliformes totais foram iguais a
zero em ambos os poços. Quando se compara os valores os mesmos parâmetros na
primeira amostra é claro perceber que os dois carvões ativados exerceram
eficiência máxima.
Conclusões
O presente trabalho mostrou que o carvão ativado produzido com o carroço de juçara é eficiente no tratamento de água de poços. Observou-se que o carvão ativado apresentou eficiência igual e em algumas análises superior ao carvão ativado industrial. Além de agregar uma importância ambiental, pois leva os caroços a uma destinação de maneira adequada evitando a poluição. Dessa maneira, o carvão ativado auxiliará a população local, sobretudo a população ribeirinha a melhorar a qualidade da água que consomem, ajudando na prevenção de doenças e contribuindo para uma melhor qualidade de vida.
Agradecimentos
Ao Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA) a Unidade Plena de Axixá, ao GEPESEVEM e todos os participantes ao meu orientador Jonny Erick e aos
Referências
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