Desenvolvimento e divulgação do aplicativo "DescartaQUI": Informações sobre resíduos eletrônicos e pontos de coleta
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Mesquita, J.M. (IFMA) ; Alves Jr, M.H.M. (IFMA) ; Arruda, M.N. (IFMA) ; Silva, S.L. (IFMA)
Resumo
O desenvolvimento científico e tecnológico possibilitou avanços no que diz respeito à criação e aprimoramento de recursos eletroeletrônicos que disponibilizamos na atualidade. A Química fomenta conhecimento necessário ao desenvolvimento supracitado contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Todavia, para além da discussão acerca dos benefícios, é necessário refletir sobre os resíduos produzidos. Assim, este trabalho objetiva apresentar o potencial do aplicativo “DescartaQUI“ para informar a respeito das principais características dos resíduos e possibilitar a localização de um ponto de coleta mais próximo, apresentando como principal resultado a conscientização e engajamento ao projeto da comunidade no entorno do campus avançado de Porto Franco do IFMA.
Palavras chaves
Química Ambiental; Resíduos Eletrônicos; TIC´s
Introdução
Uma das áreas da Química que vem crescendo ao longo dos anos como interesse de estudo é a Química Ambiental condição vinculada ao que os avanços científicos e tecnológicos têm provocado (desgaste dos recursos naturais disponíveis e acúmulo de resíduos descartados indevidamente). Não há uma consciência total dos processos envolvidos para a fabricação de dispositivos eletroeletrônicos (DEE) e os pontos de descarte (aterros e lixões) são, muitas vezes, localizados em lugares afastados nas cidades. Tais condições dificultam a conscientização da sociedade para o problema de acúmulo dos resíduos. A Química é, muitas vezes, responsabilizada pelos problemas ambientais provocados por descarte de resíduos, mas assume papel protagonista na criação de estratégias de recuperação do meio ambiente (LENARDÃO et al, 2013). Sem os conhecimentos químicos seria impossível manter um equilíbrio que garantisse o bem estar das pessoas e do meio ambiente. Para tanto, é necessário que tais conhecimentos superem os espaços formais do saber e alcancem a sociedade como um todo. É fundamental promover uma discussão ampla sobre os processos que envolvem um DEE, desde o seu desenvolvimento nas indústrias até o local de destinação final do mesmo (SILVA et al, 2005). Os espaços de educação formal possibilitam a discussão do tema, a proposição de ideias a partir do debate e, principalmente, posiciona os discentes na condição de agentes de transformação nas comunidades onde estão inseridos. Este projeto integra o conhecimento químico na construção de um aplicativo denominado “DescartaQUI” para promover instrução acerca dos resíduos eletrônicos (riscos, acondicionamento, transporte etc.) e pontos de coleta mais próximos. O aplicativo foi desenvolvido por alunos do IFMA.
Material e métodos
Esta pesquisa envolveu dois professores (Química e Informática) e cento e quarenta e seis alunos de cursos técnicos integrados ao ensino médio (Administração, Informática e Meio Ambiente) do IFMA, campus de Porto Franco. A cidade onde o instituto se localiza não possui um plano de gerenciamento de resíduos sólidos, isto se torna alarmante no caso dos resíduos eletrônicos (logística reversa), pois possuem elevado potencial para contaminação do solo e das águas. Numa discussão em uma aula da disciplina de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para a turma de Meio Ambiente, surgiu a ideia de promover uma conscientização que alcançasse a sociedade de modo geral e a sensibilizasse para a importância do tema. Assim, a ideia da criação do aplicativo se configurou como uma estratégia de alcance da comunidade local, alertando para a necessidade de descartar corretamente os resíduos eletrônicos. A execução do projeto aconteceu em cinco etapas: (1) Apresentação do objetivo aos discentes participantes da pesquisa; (2) Pesquisa bibliográfica para conhecimento dos principais componentes de dispositivos elétricos e eletrônicos, assim como seu grau de toxicidade e riscos ao meio ambiente e à saúde humana; (3) Aplicação de questionário aos discentes do campus avançado de Porto Franco, com questões específicas para traçar o perfil de consumo dos habitantes da cidade de Porto Franco e os principais materiais descartados, além da frequência de descarte; (4) Aplicação de entrevista semiestruturada com comerciantes que atuam no setor de vendas de DEE; (5) Desenvolvimento do aplicativo “DescartaQUI” com informações técnicas sobre os resíduos, grau de toxicidade, informações sobre acondicionamento correto e pontos de coleta mais próximos.
Resultado e discussão
Os problemas sociais enfrentados na realidade requerem indivíduos preparados
para propor medidas de intervenção e atuar criticamente buscando soluções
éticas, comprometidas com o bem comum. Para tanto, é necessário desenvolver
competências e habilidades que promovam uma postura discente reflexiva e
autônoma viabilizando um novo formato de sala de aula mediado pelo debate, pela
construção de conhecimento e, sobretudo, pela valorização dos saberes que os
discentes trazem consigo das experiências de mundo que possuem (MORTIMER;
MACHADO, 2007).
Este projeto emerge de uma necessidade diagnosticada pelos discentes a respeito
da ausência de políticas públicas e privadas locais que atendam às necessidades
da cidade onde o instituto se localiza, buscando soluções práticas para o
problema do descarte de resíduos eletrônicos indiscriminadamente. O intuito de
apresentar o projeto e seu principal objetivo a todas as turmas do instituto foi
de possibilitar uma maior adesão e consequente contribuição dos discentes nas
ações desenvolvidas pelo projeto. Os discentes são os principais responsáveis
pelo conteúdo compartilhado no aplicativo, assim como sua divulgação e assumem
no projeto a condição de protagonistas, construindo conhecimentos e
compartilhando destes com a comunidade onde se inserem.
O aplicativo “DescartaQUI” possui 03 seções com (1) Informações gerais sobre a
constituição dos DEE, interação dos mesmos com demais substâncias,
acondicionamento adequado; (2) Riscos à saúde humana e meio ambiente, potencial
contaminante e toxicidade; (3) Pontos de coleta na região Tocantina (onde o
instituto está inserido), esta seção será constantemente atualizada uma vez que
a pesquisa visa possibilitar um maior número de pontos de coleta para viabilizar
o descarte adequado de DEE.
Conclusões
É preciso construir espaços de discussão sobre os resíduos que estamos produzindo, este projeto proporcionou tais espaços ao ofertar como produto um aplicativo que possibilitará informações acerca de resíduos eletroeletrônicos assim como o conhecimento dos pontos de coleta mais próximos. O projeto promoveu ainda o desenvolvimento de competências e habilidades aos discentes participantes que atuaram em todas as etapas de execução do projeto, compreendendo a importância de adotar novas práticas de consumo e atuando criticamente em problemas que afetam suas vidas e suas comunidades.
Agradecimentos
Ao IFMA, campus avançado Porto Franco, pelo financiamento da participação do grupo no evento.
Referências
LENARDÃO e cols. Green chemistry – Os 12 princípios da Química Verde e sua inserção nas atividades de ensino e pesquisa. Química Nova. v. 26, n. 1, p. 123-129, 2003.
MACHADO, A.H. e MORTIMER, E.F. Química para o Ensino Médio: Fundamentos, pressupostos e o fazer cotidiano. In: ZANON, L.B. e MALDANER, O.A. (Orgs.). Fundamentos e propostas de ensino de química para a educação básica no Brasil. Ijuí: Ed. Unijuí, 2007.
SILVA, F.M; LACERDA, P.S.B. e JONES Jr., J. Desenvolvimento sustentável e Química Verde. Química Nova, v. 28, n. 1, p. 103-110, 2005.