Determinação do teor de Ca e Mg em diferentes tipos de casca de ovos.
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Iniciação Científica
Autores
Paiva, C.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Oliveira, R.P. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Silva, N.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ) ; Lima, M.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Ferreira, I.A. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ) ; Abreu, F.O.M.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ)
Resumo
O Ca e Mg são essenciais para a vida e a saúde do organismo e o consumo moderado de alimentos com estes macroelementos pode evitar doenças, como raquitismo e problemas cardiovasculares. No entanto, o baixo poder aquisitivo da população em geral limita a suplementação destes importantes componentes. A casca de ovo é um resíduo no consumo regular do mesmo, é rica em Ca e pode ser aproveitada em pó para fins alimentares. Nesse contexto, este trabalho objetivou-se determinar umidade e cinzas, bem como quantificar por volumetria, o teor de Ca e Mg presente em quatro tipos de casca de ovos.
Palavras chaves
Cálcio; Magnésio; Ovo
Introdução
O Ca é um dos mais importantes elementos do corpo humano que não é produzido pelo organismo, tornando-se necessária a ingestão diária de alimentos (ou suplementos) ricos em Ca. Este mineral tem como função formar ossos e dentes, ajuda na coagulação do sangue, na transmissão nervosa, e na contração muscular entre outras funções (GALISA et al., 2008). Já o Mg, é um elemento que está envolvido em mais de 300 reações enzimáticas, desempenha um importante papel na terapêutica de inúmeras doenças, incluindo doenças cardiovasculares, hipertensão, derrame, diabetes entre outras (BEYENBACH, 1995). A população com baixo poder aquisitivo tem uma maior predisposição à deficiência de Ca e Mg no organismo, tendo um acesso limitado a determinados alimentos que são fontes desse nutriente. Com isso, organizações não governamentais procuram um meio de incentivar o consumo de fontes alternativas desse nutriente (LUFT et al., 2005). Quando preparada adequadamente, a farinha da casca de ovo estabelece uma fonte rica em Ca e Mg e que pode auxiliar para o consumo diário do mesmo (NAVES, 2003). O pó da casca de ovo, por ser de fácil obtenção e modo de preparo simples, pode revelar-se como uma fonte disponível de Ca para os cidadãos de baixa renda, contribuindo de forma significativa para o consumo adequado do mineral, o que torna a quantificação de micro ou macroelementos essencial para aplicação como suplemento alimentar. Portanto, este trabalho objetivou-se em determinar parâmetros como umidade e cinzas e determinar por volumetria de complexação, o teor de Ca e Mg presente em quatro tipos de casca de ovos (ovo caipira, ovo branco industrial, ovo marrom industrial e ovo de codorna).
Material e métodos
As cascas de ovos utilizadas no presente estudo foram obtidas em um supermercado da cidade de Fortaleza - CE (ovo branco, ovo marrom e ovo de codorna) e em um sítio situado em Paraipaba - CE (ovo caipira). Inicialmente, as amostras foram pesadas em uma balança analítica (Bioprecisa®) e levadas para uma estufa a 110ºC (Lucadema®) por 2 horas e depois maceradas. Em seguida, as amostras foram submetidas à análise de teor de umidade. Posteriormente, para determinação do teor de cinzas, teor de Ca e Mg, pesou- se aproximadamente 3 g das amostras do pó da casca de ovo em capsulas de porcelana. As amostras foram enviadas para uma mufla (Q318M21 Quimis®), carbonizadas inicialmente em temperatura baixa e posteriormente incineradas a 700°C por 16 horas. Após este processo, as cápsulas foram resfriadas em dessecador até atingir temperatura ambiente, e então, pesadas. O teor de Ca contido nas cascas de ovos foi obtido por volumetria de complexação, correlacionando com o titulante EDTA de concentração conhecida. Pesou-se em triplicata, aproximadamente 0,2 g de amostra calcinada e em seguida foram adicionados 1 mL de HCl 6 M e 2 mL de água destilada em cada uma das amostras. Após a dissolução do pó, foram acrescentados 4 mL de solução de NaOH 10% m/v. Acrescentou-se um pouco de indicador Calcon e titulou-se até o ponto de viragem. Para o teor de Mg, cerca de 0,200 g foram solubilizadas em 1 mL HCl 6M e 2 mL de água destilada. Acrescentou-se 1 mL de solução de NaOH 10% m/v, 5 mL de solução tampão pH 10 e 25 mL de água destilada. Adicionou-se o indicador negro de eriocromo T, agitou-se a solução e titulou-se com a solução padrão de EDTA 0,1 M até o ponto de viragem.
Resultado e discussão
Os valores com os resultados obtidos através da determinação de umidade nas
respectivas variedades de cascas de ovos estão expressos na Tabela 1.
Observa-se que a casca do ovo de codorna e o marrom, apresentaram
respectivamente o maior e o menor teor de umidade. Os resultados estão
abaixo de 2,5% e pode-se dizer que o teor de umidade é baixo. Neste caso, a
casca de ovo que contém um baixo teor de umidade contribui para impedir a
proliferação de microrganismos. Já para o teor de cinzas, observa-se que a
amostra da casca do ovo branco industrial apresentou a maior porcentagem se
comparada com as outras amostras. Determinou-se o teor de Ca em pH 12, a fim
de induzir a precipitação do Mg na forma de hidróxido e assim evitar
interferência na complexação do íon Ca com o EDTA. Através da Tabela 1 e
Figura 1, observa-se que dentre as variedades analisadas, a que apresentou
maior concentração de Ca foi a casca de ovo caipira, seguido da casca de ovo
de codorna e ovo marrom. A menor concentração foi encontrada na casca de ovo
branco. Os valores obtidos para a concentrações de Ca podem ser consideradas
favoráveis na dieta, visto que, as necessidades diárias de Ca recomendadas
para um homem adulto é de 1000 mg/dia. Ao ingerir em média 1,5 g das
amostras de casca de ovo caipira, ovo de codorna e ovo marrom e em média 2 g
da amostra de casca de ovo branco, consome-se aproximadamente metade do Ca
diário recomendado. Para o Mg, entre as amostras analisadas, a que
apresentou maior teor em porcentagem foi a casca do ovo branco, com 6,5% e
66,6 mg/g do macroelemento. Desta forma, a casca do ovo branco é o mais
indicado para ser consumido como fonte alternativa de Mg. Cerca de 2 g do pó
da casca do ovo branco supre 50% das necessidades diárias de Mg de um
adulto.
Conclusões
Verificou-se que a amostra da casca de ovo caipira apresentou menor teor de Mg se comparada com as outras amostras. No entanto, foi a amostra que apresentou a maior teor de Ca. A amostra que apresentou melhor resultado para ser utilizado como suplemento foi a de ovo caipira para Ca e ovo branco para Mg. Mesmo com diferenças nos teores entre as cascas, estas mostram-se capazes de serem utilizadas como suplemento alimentar, reduzindo a necessidade de buscar estes elementos em outras fontes com valores elevados, assim podendo ser uma alternativa mais econômica.
Agradecimentos
À UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ pelo incentivo à pesquisa.
Referências
BEYENBACH, K. W. The physiology of intracellular magnesium. In: VECCHIET, L. Magnesium and Physical Activity. The Parthenon Publishing Group, New-York, p. 93-116, 1995.
GALISA, M. S.; ESPERANÇA, L. M. B.; SÁ, N. G. Nutrição conceitos e aplicações. São Paulo: M. Books, 2008.
LUFT, N. et al. Teor de Cálcio e Qualidade Microbiológica da Farinha da Casca de Ovo. In: CONGRESSO NACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO, v. 8, 2005, São Paulo. Nutrire, 2005.
NAVES, M. M. V. Pó da casca de ovo como fonte de cálcio: qualidade nutricional e contribuição para o aporte adequado de cálcio. Revista da UFG, v. 5, n. 1, 2003.