SEQUENCIA DIDÁTICA EXPERIMENTAL PARA A PROMOÇÃO E APROPRIAÇÃO DE LINGUAGEM QUÍMICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Silva, C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Pereira, M.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Marques, C.V.V.C.O. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)

Resumo

O presente trabalho é um recorte do projeto de pesquisa de iniciação cientifica sobre experimentação no ensino de química e avaliação da aprendizagem realizada em escolas da rede pública que teve como objeto de investigação a busca por percepções e associações dos alunos do Ensino Fundamental sobre elementos químicos e reações químicas nas ações do corpo humano. O percurso metodológico abordado se baseou em aspectos de tratamento qualitativo e utilizou-se da perspectiva da análise de conteúdo para analisar os argumentos descritos no momento de prática experimental. Os dados analisados revelaram que as atividades de experimentação ainda que demonstrativas modificam as perspectivas de alunos na aquisição de teorias, porém as associações entre conteúdos e/ou áreas ainda rasas e desconectadas.

Palavras chaves

Experimentação; Alfabetização Científica; Ensino de Ciências

Introdução

As abordagens de ensino utilizadas na escola de Educação Básica vêm sendo aprimoradas com os anos, e apesar do ensino de ciências ser reconhecido como importante para o contexto social/escolar, as escolas ainda priorizam a memorização de termos de trato científico. Viecheneski et. al. (2012) afirma que o ensino de ciências apresenta-se desvinculados das situações cotidianas, onde os estudantes aprendem e reconhecem os seus significados e utilidades. Contudo, a necessidade do estudo dessas práticas se eleva no sentido que consideramos a educação científica como elemento de valor social. Em geral, é comum pensar nas práticas aplicadas em sala de aula como objeto de verificação de teorias estudadas previamente, considerando sua importância, porém sua contribuição pedagógica é tida como limitada, pois mesmo que incentive a criticidade acerca da ciência, os professores, principalmente, não questionam os objetivos e as características da experimentação (GONÇALVES, 2005). Nesse sentido, a experimentação é pensada como ponte para o processo de Autorregulação do ensino. A alfabetização científica debruçasse na ideia do desenvolvimento do alunado, no que diz respeito aos saberes científicos, não se limitando ao saber ler e escrever, mas interpretar e identificar nas ações cotidianas. Para tal reconhecimento é essencial tecer um diálogo argumentativo com os alunos, para verificar as especulações e/ou afirmações dos mesmos, procurando, dessa forma, identificar se a alfabetização de fato está ocorrendo (SASSERON & CARVALHO, 2008).

Material e métodos

A abordagem metodológica deste trabalho se baseou nos elementos de pesquisa qualitativa, buscando entender concepções de alunos do ensino fundamental sobre a tabela periódica aplicada no conhecimento do corpo humano. Para a coleta de dados utilizou-se um formulário aplicado no final da SEI (Sequência Experimental Investigativa), para que fosse possível verificar, a partir da atividade prática, como os elementos químicos são identificados quando se trabalha reações comuns do corpo humano (OLIVEIRA, 2010). De tal forma, vinculamos duas situações de estudo das ciências: Corpo Humano e Tabela Periódica, afim de discutir como a química pode estar presente no cotidiano mesmo que despercebida. Nesse sentido a questão-problema desenvolvida que nos permitiu dar norte à discussão foi: Os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental conseguem ter percepções e associações sobre elementos químicos e reações químicas nas ações do corpo humano? Partindo dessa premissa implementou-se uma atividade experimental que envolveu os dois conteúdos para que os alunos refletissem e buscassem argumentar sobre as observações obtidas a partir da pratica supracitada. A análise dos dados se deu pela organização e sistematização de uma rede sistêmica, entendida por Marques (2016) como estratégia de organização dos dados da pesquisa, na qual constitui-se as unidades de significados, ou signos, ou seja, palavras mais notadas e descritas nos formulários informativos, e agrupados sequencialmente em categorias e subcategorias.

Resultado e discussão

A cidade de Codó-Maranhão apresenta 13 escolas na zona urbana que ofertam o Ensino Fundamental (2ª Etapa). Inicialmente, fez-se visita in locus a todas essas escolas dado o critério de verificação do livro didático de ciências utilizados por elas, e com a autorização dada pela secretaria de educação do município para inserção da pesquisadora nas escolas, realizou-se o convite de uma amostragem de alunos para participarem da pesquisa. A sequência experimental Investigativa foi construída a partir de experimentos contidos no LD com as devidas adaptações, portanto trabalhou-se a temática de Corpo Humano vinculado aos saberes sobre Tabela Periódica. O formulário investigativo (para coleta das percepções dos alunos) foi aplicado no final de cada etapa da SEI. As principais unidades de significados do discurso dos alunos foram dispostas em uma Rede Sistêmica, estruturada em Blocos compostos de 5 categorias e 8 subcategorias. O primeiro bloco descreveu a percepção dos alunos em relação ao que aconteceu no processo reacional originado na prática experimental. O segundo bloco teve como demonstrativo o reconhecimento dos alunos sobre os elementos químicos identificados no corpo humano e na prática e quais produtos formados durante o processo reacional. O terceiro bloco buscou evidenciar as percepções de como os processos reacionais apresentam influências no fenômeno estudado. Dentre as unidades de significados mais descritas destacam-se por bloco: (i) formação de gás, (ii) formação de espuma, (iii) união de reagentes. As noções descritas pelos participantes mostram o envolvimento com a análise investigativa em relação a demonstração prática do fenômeno estudado.

Conclusões

Esta pesquisa possibilitou perceber que as atividades práticas podem funcionar muito bem como mecanismo de oferta da autorregulação do ensino. A análise dos dados proporcionou a verificação dos argumentos, que de maneira geral se caracterizou ainda em rasa diante da perspectiva de alfabetização científica. Os argumentos apresentados pelos alunos nos permite dizer que suas percepções necessitam de aprofundamento e contextualização dos conhecimentos em química para apresentarem de fato uma aprendizagem significativa.

Agradecimentos

À Universidade Federal do Maranhão – UFMA, à Secretaria Municipal de Educação da cidade de Codó – MA e ao Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências Naturais – GPECN.

Referências

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GONÇALVES, F. P. O Texto de Experimentação na Educação em Química: Discursos Pedagógicos e Epistemológicos. Dissertação. Florianópolis, Santa Catarina, março, de 2005.
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SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. de C. Almejando a alfabetização científica no ensino fundamental: A proposição e a procura de indicadores do processo. Investigações em Ensino de Ciências – V13(3), pp.333-352, 2008.
SASSERON, L. H., CARVALHO, A. M. P. CONSTRUINDO ARGUMENTAÇÃO NA SALA DE AULA: A PRESENÇA DO CICLO ARGUMENTATIVO, OS INDICADORES DDE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E O PADRÃO DE TOULMIN. Ciência & Educação, v. 17, n. 1, p. 97-114, 2011.
VIECHENESHI, J. P.; LORENZETTI, L.; CARLETO, M. R. Desafios e práticas para o ensino de ciências e alfabetização científica nos anos iniciais do ensino fundamental. Atos de Pesquisa em Educação – PPGE/ME. ISSN 1809-0354 v. 7, n.3, p. 853-876, set./dez. 2012.

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