Isolamento e seleção de bolores e leveduras resistentes ao medicamento veterinário ivermectina

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Silva, M.H.S. (UEMASUL) ; Orlanda, J.F.F. (UEMASUL)

Resumo

A disposição inadequada de resíduos de medicamentos veterinários em solos agrícolas é a principal fonte de entrada de poluentes orgânicos ou inorgânicos no solo. O presente trabalho teve como objetivo isolar e selecionar bolores e leveduras com potencial de assimilação de ivermectina, visando aplicações em processos de biorremediação. Os resultados mostraram que que foram isoladas e purificadas 17 linhagens de bolores e leveduras com capacidade de crescimento em meio de cultura na concentração de ivermectina de 100,0 µg mL-1. As linhagens 1C, 2A e 4C apresentaram maior eficiente no crescimento, podendo serem utilizadas em estudos de despoluição ambiental.

Palavras chaves

Ivermectina; Bolores e leveduras; Biorremediação

Introdução

Os fármacos veterinários são amplamente utilizados na produção animal com efeitos tanto profiláticos, como terapêuticos, no controle de zoonoses. A presença de fármacos veterinários no ambiente tem preocupado a comunidade científica em diversos países Grande parte da dose administrada é excretada, sem ser metabolizada, diretamente no meio ambiente e seu consumo é elevado em todo o mundo, inclusive no Brasil, que apresenta população de gado de 206 milhões de cabeças, superior à de seres humanos (IBGE, 2017). A ivermectina é uma lactona macrocíclica, pertencente à família das avermectinas, fármaco antiparasitário de largo espectro, ativo contra endo e ectoparaistas, e é, atualmente, o mais empregado em todo o mundo. Uma vez no ambiente, os fármacos e seus metabólitos podem se disseminar para águas superficiais e subterrâneas, solos e sedimentos, causando a contaminação de organismos e plantas e sendo acumulados via cadeia alimentar. Com isso, o presente trabalho teve como objetivo isolar e caracterizar bolores e leveduras capazes de crescer em meio contaminado com ivermectina.

Material e métodos

As amostras de solo foram coletadas no município de Imperatriz (MA), situada no Cerrado Meridional Maranhense nas profundidades de 0 a 20 cm (Horizonte A), peneiradas em peneira de malha de 2 mm e acondicionados em sacos plásticos e mantidos sob refrigeração até o momento das análises. O isolamento dos bolores e leveduras foram realizadas empregando a técnica de plaqueamento por Unidades Formadoras de Colônia (UFC), por grama de solo. Os frascos foram agitados por 3 minutos e, submetidos à diluição seriadas até 10-5. Em seguida foram retiradas alíquotas de 0,1 mL do meio e semeado em placas de Petri com o meio de cultura especifico para o crescimento de bolores e leveduras, incubados durante sete dias a 28 °C. Após esse período, as linhagens de bolores e leveduras selecionadas foram repicadas em placas de Petri contendo meio de cultura específico, suplementado com diferentes concentrações de ivermectina (0 a 100 µg/ml). O desenvolvimento das colônias foi avaliado nos sete primeiros dias, registrando-se, nessas datas, o diâmetro da colônia, em cada placa. As taxas médias de crescimento micelial foram calculadas em cada linhagem, nos meios com as diferentes concentrações de ivermectina. A identificação foi realizada empregando as características morfológicas e pela comparação com chaves de classificação descrita na literatura.

Resultado e discussão

Os resultados mostraram que que foram isoladas e purificadas 17 linhagens de bolores e leveduras, com capacidade de crescimento na concentração de ivermectina de 100,0 µg mL-1. As linhagens 1C, 2A e 4C apresentaram maior eficiente no crescimento. Estes resultados mostram que a ivermectina, quando utilizada em altas concentrações, é considerado potencialmente tóxico para a maioria dos bolores e leveduras. As elevadas velocidades de crescimento radial obtidas destes microrganimos indicam a habilidade de crescerem em meios contaminados com ivermectina, podendo serem utilizados em estudos de biorremediação ambiental.

Conclusões

Com base nos resultados obtidos, os bolores e leveduras isolados podem ser empregados como agentes para a biorremediação de áreas contaminadas com ivermectina.

Agradecimentos

UEMASUL e Laboratório de Biotecnologia Ambiental (LABITEC)

Referências

IBGE. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Características da população e dos domicílios, Resultados do universo, Rio de janeiro 2017.

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