Investigação dos teores de compostos fenólicos e antioxidantes no resíduo da extração do óleo de abajurú

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Nascimento, F.S. (INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Gomes, S. (INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Haddad, M. (INSTITUTO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)

Resumo

Este trabalho propõe determinar o teor de fenólicos totais e avaliar a atividade antioxidante pelos ensaios in vitro FRAP e TEAC no extrato do resíduo da extração lipídica da semente de abajurú. A extração de fenólicos livres foi realizada por uma solução metanol 80% (v/v) os compostos fenólicos ligados foram extraídos em seguida por hidrólise básica e ácida. Os extratos apresentaram teor de fenólicos totais, sendo o extrato de fenólicos livres o que expressou melhores resultados e em seguida as hidrólises básica e ácida, o mesmo pôde ser observado para a atividade antioxidante. Os resultados sugerem que o resíduo desta semente pode ser uma matéria-prima para indústria de alimentos, sendo necessário realizar outros testes para confirmação.

Palavras chaves

abajurú; resíduos; antioxidantes

Introdução

A procura de novos alimentos que sejam fontes de compostos bioativos tem crescido vertiginosamente, há estudos que visam caracterizar e quantificar esses compostos, além de investigar de que forma o consumo desses compostos pode prevenir e diminuir o risco de determinadas doenças (SANTOS, 2015). Os compostos fenólicos são metabólitos secundários produzidos pelas plantas com a finalidade de proteção contra algum patógeno ou utilizado como atrativo para polinizadores. O consumo desses compostos bioativos não é essencial pra sobrevivência humana, mas auxiliam de diversas formas no funcionamento do organismo. Esses compostos possuem diversas propriedades, mas as que estão sendo mais avaliadas em várias pesquisas são suas propriedades antioxidantes (VIZZOTO, 2010). O abajurú é uma planta muito utilizada para o tratamento de diabetes, pois apresenta propriedades antiglicêmica além de estudos já mostrarem sua eficácia no tratamento de certos tipos de câncer (CARMEN et al, 2010). As partes pesquisadas até o momento do abajurú são as folhas e polpa as quais estão sendo caracterizadas em relação a sua composição de compostos bioativos e seu potencial no tratamento das doenças crônicas e degenerativas. No entanto a investigação dos compostos bioativos, como os fenólicos na semente do fruto do abajurú especialmente após a extração da fração lipídica não tem sido descrita na literatura. Portanto o objetivo deste projeto é investigar o teor de compostos fenólicos totais e avaliar capacidade antioxidante dos extratos do resíduo da extração do óleo da semente de abajurú.

Material e métodos

O resíduo da semente de abajuru foi obtido através da doação de um projeto de Doutorado, o mesmo foi transportado até o laboratório da Central Analítica no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) campus Nilópolis. O resíduo foi congelado e submetido ao processo de liofilização para remoção da água presente. A amostra passou por um processo de extração de lipídeos pelo método de Soxhlet descrito pela AOAC (1994) para que não houvesse interferência na extração dos compostos fenólicos. Para a extração de fenólicos livres utilizou-se o método descrito em Dinelli et al (2011) onde pesou-se uma massa de amostra de 1,5g em triplicata e usou-se uma solução de extração de metanol 80% (v/v), o extrato obtido foi seco em rotaevaporador, e o sólido foi ressuspenso em uma solução de 3% de metanol (v/v). Com o resíduo da extração de fenólicos livres, deu-se início a hidrólise básica e ácida para extração de compostos fenólicos ligados. A partir dos extratos obtidos, realizou-se um ensaio para determinação de fenólicos totais como descrito em Singleton (1999), para tal determinação construiu-se uma curva de calibração com uma solução estoque de ácido gálico com as concentrações entre 5 à 65 mg/L os resultados foram expressos em equivalente de ácido gálico. A avaliação da atividade antioxidante foi feita pelo ensaio de FRAP, de acordo com Benzie & Strain (1996), construiu-se uma curva de calibração com uma solução estoque do padrão de sulfato ferroso heptahidratado de 1mM com pontos da curva variando de 50 µM à 800 µM. A capacidade antioxidante dos extratos foi avaliada ainda pelo ensaio de TEAC de acordo com o descrito por Re et al, (1998) onde utilizou-se uma solução estoque do padrão Trolox de 2mM com pontos da curva variando de 0,05mM à 0,75mM.

Resultado e discussão

Na tabela 1 pode-se observar os resultados obtidos para a determinação do teor de compostos fenólicos totais e atividade antioxidante pelos métodos FRAP e TEAC, dos extratos de fenólicos livres e hidrolisados do abajurú. Na determinação de fenólicos totais, observa-se que o extrato proveniente da extração de compostos fenólicos livres apresentou maior concentração destes quando comparado com os extratos hidrolisados (Gráfico 1). O ensaio para determinação de fenólicos totais pode sofrer interferência de outros agentes redutores presentes nesses extratos, sendo assim, é considerado um ensaio preliminar para determinação de compostos fenólicos. No ensaio FRAP o extrato de compostos fenólicos livres apresentou uma atividade antioxidante de 895,28 ± 88,72 (µmol Fe2+/100g), resultado superior aos dos extratos da hidrólise básica e ácida 111,82 ± 8,28 e 92,41 ± 7,51 (µmol Fe2+/100g), respectivamente, corroborando os dados reportados anteriormente na determinação dos compostos fenólicos totais. Para avaliação da atividade antioxidante pelo ensaio TEAC, o extrato de compostos fenólicos livres, mais uma vez apresentou resultado superior quando comparado aos extratos da hidrólise básica e ácida (Gráfico 3), o que confirma a correlação entre os compostos fenólicos e a atividade antioxidante extensivamente reportada na literatura. Desta forma, esses resultados mostram que no resíduo da semente de abajuru há uma quantidade maior de compostos fenólicos livres do que fenólicos ligados. Além disso, por ser o resíduo da semente, pode-se considerar que há uma quantidade expressiva de compostos fenólicos totais, mostrando ser uma fonte potencial para a obtenção do mesmo e possível aplicação pelas indústrias alimentícias e cosméticas.

Resultados dos ensaios de fenólicos totais e atividade antioxidante

Uma tabela que relata os resultados dos ensaios para teor de fenólicos totais e atividade antioxidante

Gráficos de comparação dos três extratos para os ensaios de fenólicos

Gráficos de comparação dos três extratos para os ensaios de fenólicos totais e atividade antioxidante

Conclusões

Com o estudo realizado pôde-se concluir que o resíduo da semente do abajuru apresentou uma atividade antioxidante para os ensaios in vitro FRAP e TEAC, confirmando os resultados para teor de fenólicos totais. Os resultados indicam que a semente de abajuru pode ser uma fonte de antioxidantes naturais sugerindo uma possível utilização da semente de abajurú como matéria prima para indústria de alimentos, devendo ser feito outras análises para confirmação.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ – Nilópolis) por conceder seus laboratórios e a verba para realização deste estudo.

Referências

Association of Official Anlytical Chamist. Official Methods of Analytical. 14th ed. 1984, p249.
BENZIE I. F.F. and STRAIN J. J. The ferric reducing ability of plasma (FRAP) as a measure of “antioxidant power”: the FRAP assay. Analytical biochemistry, v. 239 (1), p. 70–6, 1996.
CARMEN E. V, et al. Extraction of the essential oil of abajeru (Chrysobalanus icaco) using supercritical CO2. The Journal of Supercritical Fluids. Rio de Janeiro, v.54, p.171–177, 2010.
Dinelli, G.; Segura-Carretero, A.; Di Silvestro, R.; Marotti, I.; Arráez-Román, D. Benedettelli, S.; Ghiselli, L.; Fernadez-Gutierrez, A. Profiles of phenolic compounds in modern and old common wheat varieties determined by liquid chromatography coupled with time-of-flight mass spectrometry. J. Chromat. A, 1218: 7670– 7681, 2011.
R, Re et al. ANTIOXIDANT ACTIVITY APPLYING AN IMPROVED ABTS RADICAL CATION DECOLORIZATION ASSAY. Elsevier Science Inc., Printed in the USA, v. 26, n. 9, p. 1231-1237, ago./out. 1998.
SANTOS, M. F.G. et al. Amazonian Native Palm Fruits as Sources of Antioxidant Bioactive Compounds. Antioxidants, Brasil, v. 4, p.591-602, 2015.
SINGLETON, V.L.; ORTHOFER, R. and LAMMELA-RANVENSON, R.M. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteau reagent. Methods Enzymology, v. 299, p.152 -178, 1999.
VIZZOTO, Marcia. Metabólitos secundários encontrados em plantas e sua importância. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, p.16, 2010.

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