EMULSÃO A PARTIR DE ÓLEO DE URUCUM: ESTUDO DE ESTABILIDADE ACELERADA E FATOR DE PROTEÇÃO SOLAR

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Iniciação Científica

Autores

Alves, A.M.B. (UECE) ; Silva, A.S. (UECE) ; Braga, F.A.G. (UECE) ; Oliveira, F.V.L. (UECE) ; Melo, R.S. (UECE) ; Siqueira, S.M.C. (UECE) ; Amorim, A.F.V. (UECE)

Resumo

As emulsões são amplamente usadas para a hidratação da pele seca, atenuando as marcas do envelhecimento cutâneo. O óleo de urucum é rico em tocotrienol e tocoferol, componentes da vitamina E, possui ainda propriedades antioxidades. Neste contexto, extraiu-se óleo de urucum que foi utilizado na obtenção de uma emulsão, com objetivo de melhorar a penetração cutânea dos componentes do óleo de urucum na pele. O produto resultante foi submetido a estudos de estabilidade acelerada e Fator de Proteção Solar - FPS.

Palavras chaves

Emulsão; Óleo de Urucum; Pele

Introdução

As emulsões vêm sendo bastante utilizadas no mercado de cosméticos (DIAVÃO, 2009). Visualmente a emulsão mostra-se homogênea, entretanto quando observada em microscópio apresenta gotículas. As gotículas constituem a fase dispersa e o líquido a fase dispersante. A fase dispersa é conhecida como interna ou descontínua e a fase dispersante como externa ou contínua (LEONARDI, 2004; WASSAN, 2007). A biodiversidade do Brasil, o torna rico em matéria prima de fonte natural. O urucum, proveniente da espécie Bixa orellana, é uma planta nativa do Brasil, embora possa ser encontrada em alguns países da América do Sul sendo culturalmente utilizada pelos povos indígenas em rituais como camuflagem, proteção contra picadas de insetos e ação contra os raios ultravioletas (COSTA et al., 2013; TAHAM; CABRAL; BARROZO, 2015). O óleo do urucum pode ser extraído através das sementes, onde contém tocotrienol e tocoferol, componentes da vitamina E, com ação antioxidante, que previne a oxidação lipídica tanto em alimentos quanto em sistemas biológicos, devido a sua capacidade doadora de hidrogênio (ZOU; AKOH, 2015). Nesse contexto, preparou-se uma emulsão de óleo de urucum, e avaliou-se as suas características de estabilidade e FPS.

Material e métodos

EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE URUCUM A extração do óleo foi realizada usando-se hexano em aparelho de Soxhlet, as sementes de urucum foram previamente secas e o teor de umidade determinado em estufa.. O óleo obtido foi armazenado em frasco âmbar, sob refrigeração (FARMACOPÉIA, 2010; CARVALHO et al., 2009). PREPARAÇÃO DA EMULSÃO POR INVERSÃO DE FASES 0,5 mL de dietanolamida de ácido graxo foram adicionados a 0,5 mL de óleo, esta mistura foi aquecida até 75±2°C, verteu-se lentamente 9,0 mL de água sobre a fase oleosa com agitação constante de 600 rpm até a temperatura de 25±2°C. (PEREIRA, 2011; SANTOS et al., 2011). AVALIAÇÃO DO pH DAS AMOSTRAS Utilizou-se pH da marca Lucadema, baseado na metodologia do Intituto Adolfo Lutz. ANÁLISES ORGANOLÉPTICAS Estas análises foram feitas analisando a cor, odor, aspectos visuais, sensoriais e olfativos. TESTE DE ESTABILIDADE ACELERADA: ESTRESSE TÉRMICO A emulsão foi aquecida em banho termostatizado á temperaturas de 40 a 80 ºC, de 5 em 5 ºC por 30 min. Após este teste analisou-se as características organolépticas. TESTE DE ESTABILIDADE ACELERADA: CENTRIFUGA A emulsão foi submetida a ciclos de 1000, 2500 e 3500 rpm por 15 min. à temperatura de 25 °C (ANVISA, 2004). TESTE DE ESTABILIDADE ACELERADA: CICLO GELA-DEGELA A emulsão ficou na geladeira por 12 horas à temperatura de 4°C, após esse período colocou-se na estufa à temperatura 45°C por 12 horas, finalizando o primeiro ciclo. Ocorrendo essa alternância em um prazo de 12 dias ou 6 ciclos. ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO Os espectros de infravermelho foram obtidos em espectrofotômetro modelo Shimadzu FT-IR 8300. DETERMINÇÃO DO FPS O FPS in vitro foi determinado através do método espectrofotométrico desenvolvido por Mansur e colaboradores (1986).

Resultado e discussão

As sementes de B. orellana apresentaram 13,44% de umidade, valor adequado pela Farmacopéia Brasileira (1988). Ao final da extração obteve-se um rendimento de 2,56% de óleo, um estudo semelhante realizou este procedimento com a mesma espécie, nas mesmas condições experimentais e obtiveram 4,8%, (FARMACOPÉIA, 2010; CARVALHO et al., 2009). A emulsão mostrou-se estável na análise macroscópica, com homogeneização característica da influência do tensoativo e aspecto fluído, devido quantidade de água utilizada na incorporação, mostrou coloração avermelhada e textura levemente viscosa. O valor de pH igual a 6,0 evidencia a compatibilidade com a pele humana. Nos testes de estabilidade acelerada, não apresentou alteração na cor, textura ou odor. A estabilidade da emulsão é o fator determinante para sua eficiência em aspecto visual e sensorial, até a ação uniforme sobre a pele de aplicação. O espectro de infravermelho do óleo de urucum (Fig. 1) mostra uma banda de hidroxila em 3420,46 cm-1, apresentou ainda bandas de estiramento C═C de alceno (1616,69 cm-1), C─O de éster (1166,51 cm-1), C─H sp3 (2925,42 cm-1; 2854,15 cm-1), C─H sp2 (3006,33 cm-1) e C═O (1744,99 cm-1) referente ao éster, caracterizando a presença da Bixina (Fig. 2), como o principal constituinte. Um produto adequado para uso em cosméticos para fotoproteção deve ter FPS igual ou superior a 6.0 (ANVISA, 2012). O maior FPS calculado para a emulsão foi de 1,26 ± 0,03, e para o óleo de urucum 4,15 ± 0,06 (Tabela 1). A emulsão e o óleo de urucum não apresentaram valor significativo de FPS com a metodologia apresentada. Vale ressaltar que a avaliação in vitro é usada para uma seleção prévia da formulação, já que a metodologia aceita pela ANVISA é avaliação in vivo.


Tabela 1: Valores referentes ao FPS encontrado na Emulsão e no óleo de urucum.


Figura 1: Espectro de infravermelho do óleo de urucum. Figura 2: Estrutura dos compostos presentes no óleo de urucum.

Conclusões

A partir de experimentos realizados, ficou notória a obtenção da emulsão, a qual se apresentou estável para todos os testes de estabilidade acelerada e pH compatível com a pele humana. O FPS obtido para emulsão e o óleo de urucum foram abaixo dos dados da legislação vigente, entretanto sugere-se que esta emulsão possa ser adicionada a produtos comerciais favorecendo a hidratação cutânea e contribuindo para incremento do FPS.

Agradecimentos

Agradecimentos a Universidade Estadual do Ceará (UECE), a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

Referências

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