DESMISTIFICANDO CONCEITOS PRÉVIOS DE BIOQUÍMICA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO A PARTIR DA ANÁLISE DE RÓTULOS DE ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS E DAS FUNÇÕES DAS BIOMOLÉCULAS

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Farias Azeredo, M. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; dos Santos Barros Manhães, L. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Ferreira Antunes de Figueiredoi, J. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE) ; Maciel Lima, R. (INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE)

Resumo

A má alimentação é um fator presente no cotidiano dos estudantes do Ensino Médio, devido a facilidade de acesso a qual os alimentos industrializados proporcionam mediante ao contexto escolar que estão inseridos. Em consequência percebe-se a importância de ministrar os conceitos corretos a respeito das funções das biomoléculas no metabolismo, sendo elas energéticas ou não, definindo corretamente os termos alimento e nutriente, selecionando rótulos de alimentos industrializados. Sendo assim o objetivo desse trabalho é incentivar a aquisição de conceitos científicos corretos sobre os nutrientes e a produção de energia. Logo, foi possível promover uma conscientização dos alunos, acarretando em uma melhoria da sua alimentação.

Palavras chaves

Biomoléculas.; Energia.; Alimentação.

Introdução

Temas relacionados aos Alimentos e Nutrição são constantemente abordados nos meios de comunicação e fazem parte dos conteúdos escolares de Ciências. A preocupação com o meio ambiente e com a saúde está presente nos valores sociais, fazendo parte do cotidiano dos estudantes e da população em geral. Na concepção de Costa et al (2001), tais valores podem e devem ser trabalhados na escola com os alunos, para que eles possam interagir na comunidade rompendo os limites físicos da sala de aula, levando consigo informações que possam inserir no cotidiano. Segundo Ochesenhofer et al (2006) o conhecimento construído na escola possibilita que a criança e o adolescente se tornem agentes de mudanças na família. No ensino de Ciências, quando os temas tratados possuem relações diretas com o cotidiano dos alunos, é importante, conhecer previamente suas concepções antes de abordá-los. O conhecimento adquire sentido para o aluno quando ele é capaz de articulá-lo aos conceitos já consolidados, estabelecendo novas relações, ampliando desta forma, suas possibilidades de compreensão da realidade (MOREIRA, 1983, MORTIMER, 2000, CARVALHO, 2004). As concepções prévias podem interagir com os conhecimentos novos, sendo essa interação fundamental para a aprendizagem (DRIVER e EASLEY, 1978). Sabendo do papel social que a escola exerce junto à comunidade, consideramos pertinente uma investigação sobre as concepções dos alunos a respeito dos nutrientes possibilitando uma reflexão sobre o ensino de ciências e a promoção de hábitos alimentares saudáveis.

Material e métodos

A proposta foi desenvolvida com alunos do Ensino Médio de uma instituição pública de ensino na cidade de Campos dos Goytacazes a partir da aplicação de questionários a respeito de assuntos relacionados a alimentos e nutrição identificando, assim, os conhecimentos prévios doa alunos. Posteriormente optou-se pela utilização de diversos rótulos de alimentos industrializados levados pelos próprios alunos, já que estes contêm não apenas a listagem dos seus ingredientes como também tabelas de valor nutricional. Logo após turma foi divida em grupos de no máximo quatro alunos e foi solicitado que cada grupo elaborasse uma tabela de frequências dos nutrientes presentes nos alimentos e determinar quantas vezes cada um deles é encontrado. Neste momento foi discutido com os alunos calorias como unidade de medida de energia, além de levantar uma questão referente ao conceito de nutrientes e como eles são utilizados. A proposta desenvolvida se baseia em atividades propostas por (Luz, 2004, Luz e Da Poian, 2005 e Souza e Silva, 2006). Dessa forma, foi aplicada uma aula sobre nutrientes e produção de energia utilizando a metodologia Sequencia Didática dos Três Momentos Pedagógicos (Delizoicov e Angotti, 1982). Durante a aula foram mostradas algumas imagens e levantados os seguintes perguntas Qual nutriente prevalece em cada grupo de alimentos? Qual a função de cada nutriente no nosso organismo? Para complementar os dados obtidos com o questionário, optou-se por uma abordagem livre baseada na construção de Mapas Conceituais (Moreira, 1999), à qual denomina-se de “Atividade de Livre Associação”, através da qual os alunos expuseram os conceitos científicos desenvolvidos sobre as funções das principais biomoléculas: carboidratos, lipídios e proteínas.

Resultado e discussão

Foi possível observar que poucos alunos sabem a diferença entre alimento e nutriente, visto que 38,18% deles consideram que alimento e nutriente não são sinônimos, pois acreditam que nem todo alimento tem nutriente, e 20% deles não souberam a diferença, outros consideram que os mesmos são sinônimos. Em relação ao resultado das concepções dos alunos quanto aos nutrientes que servem como fonte de energia, poucos alunos (14,54%) têm o conceito correto de que carboidratos, lipídios e proteínas podem ser utilizados na produção de ATP. Para 12,72% dos alunos questionados os nutrientes que podem ser considerados energéticos são somente açúcares e gorduras e a maioria dos alunos desconhece quais são as funções dos diferentes nutrientes para o metabolismo, não levando em consideração a atuação das proteínas como fonte de energia (72,74%), embora estes mesmos alunos reconheçam a importância das proteínas com função estrutural para o organismo. Oliveira (2003) e Souza e Silva (2006) obtiveram resultados similares sugerindo que estes conceitos podem ter sido construídos durante o ensino formal do 7°ano ou posteriormente. Observou-se que, após a aula, os alunos têm amplos conhecimentos sobre a função energética dos macronutrientes. Em conjunto, esses dados sugerem que os alunos, mesmo após o estudo inicial de nutrição, atribuem mais importância às fontes alimentares dos diversos nutrientes do que às suas funções no organismo. Não está claro se esta dissociação entre as duas informações (origem dos nutrientes e suas funções) fundamentais para a compreensão da nutrição humana e o estabelecimento de uma alimentação adequada tem conseqüências desfavoráveis. Evidenciou-se que a proporção de alunos que indica função energética para proteínas, carboidratos e gorduras aumentou.

Conclusões

Esses resultados colaboram com os resultados obtidos por Oliveira (2003) e Souza e Silva (2006), sugerindo que estes conceitos podem ter sido construídos durante o ensino formal da 7ª série ou posteriormente e da ênfase no catabolismo da glicose no Ensino Médio e que as respostas dos alunos se relacionavam aos conteúdos apresentados pelos livros didáticos. Concluímos que a sondagem sobre os conhecimentos prévios dos estudantes, antes de se iniciar um determinado conteúdo, facilita bastante o trabalho do professor, pois ele tem a possibilidade de adaptar o tema atendendo melhor o aluno.

Agradecimentos

Ao Instituto Federal de Educação Ciência e tecnologia Fluminense campus-Campos Centro.

Referências

BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto Editora Ltda. 1996.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Ensino de Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002. 368p.
Luz, M.R.M.P.,e Da Poian, A.T. O Ensino classificatório do Metabolismo Humano. Ciências e Cultura. v. 57 nº. 4. São Paulo. 2005.
Oliveira, G.A. O Metabolismo Energético no Ensino Médio: Diagnóstico e Proposta de Ensino. Tese de Mestrado. Departamento de Bioquímica, UFRJ. 2003.
Silva, Fernanda de Souza. Os nutrientes e a produção de energia: descrição e avaliação de uma proposta investigativa de ensino. Dissertação de mestrado. Departamento de Bioquímica médica (ICB/UFRJ), 2006.

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