Avaliação dos parâmetros físicos e da composição centesimal da banana selvagem (Musa balbisiana)

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Alimentos

Autores

Pires, T.P.R.S. (UFMA) ; Camara, M.B.P. (IFMA) ; Rodrigues, A.J.B. (IFMA) ; Oliveira, M.V.S. (UFMA) ; Cardoso, J.G. (IFMA) ; Mendonça, C.J.S. (UFMA) ; Maciel, A.P. (UFMA)

Resumo

A banana é a segunda fruta mais consumida no planeta, com 11,4 kg/hab/ano, perdendo apenas para a laranja, com 12,2 kg/hab/ano. O continente americano é o maior consumidor, com 15,2 kg/habitantes/ano, destacando-se a América do Sul, com 20 kg/habitantes/ano e a América Central, com 13,9 kg/habitantes/ano. O Brasil destaca-se por ser o terceiro produtor mundial dessa frutífera. O objetivo deste trabalho visa caracterizar fisicamente a banana selvagem (musa balbisiana), avaliar o teor de sólidos solúveis e a composição centesimal da polpa dessa fruta. Observou-se que a banana selvagem apresentou composição semelhante a outras espécies de bananas, como pacovã, fhia e banana da terra, sendo portanto uma alternativa na alimentação e ainda na elaboração de pratos à base de tal fruta.

Palavras chaves

Banana; Composição Centesimal; Musaceae

Introdução

A bananeira (Musa spp.) produz um dos frutos mais consumidos no mundo, destacando-se como uma das principais frutíferas tropicais. É cultivada em mais de 100 países localizados nas regiões tropicais e subtropicais do mundo (ALVES et al., 1997). As bananeiras produtoras de frutos comestíveis pertencem à classe das Monocotiledôneas, ordem Scitaminales, família Musaceae, subfamília Musoidea e gênero Musa. Na evolução das bananeiras comestíveis participaram, principalmente, as espécies diploides selvagens M. acuminata Colla e M. balbisiana Colla (ALVES et al., 1997). A banana é um dos frutos que apresenta uma das maiores perdas por decomposição pós-colheita visto ser ela extremamente perecível, não permitindo o uso do frio para o armazenamento. Este fato nos leva a idéia básica de que a industrialização é uma das formas mais indicadas para um melhor aproveitamento da produção (SILVA, 1995). Diversos são os produtos que podem ser obtidos da banana: polpa ou purê, néctar, fruta em calda, produtos desidratados (banana liofilizada, flocos e fruta na forma de passa) e doces diversos, incluindo geleias e doce de massa (bananada). A banana é uma fruta rica em carboidratos, além de conter pequenas quantidades de proteínas, lipídeos, vitaminas, potássio, cálcio e ferro que são componentes essenciais a nutrição humana (FASOLIN et al., 2007). O objetivo deste trabalho foi avaliar os parâmetros físicos e caracterizar a composição centesimal, o teor de sólidos solúveis e o valor energético total da banana selvagem (musa balbisiana) in natura.

Material e métodos

Coleta e preparo das amostras: As amostras de banana selvagem foram coletadas na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e em seguida, conduzidas ao laboratório do Núcleo de Combustíveis, Catálise e Ambiental da UFMA. Foram feitas amostragens de aproximadamente 20 gramas de banana, em triplicata. Após a retirada dos caroços das polpas das bananas, procedeu-se a trituração/homogeneização das polpas com auxílio de um mixer, foram realizadas as análises em triplicata. Caracterização física: Para caracterização física da banana selvagem (musa balbisiana) fez-se uso de um paquímetro analógico marca Starret (125 mm) para determinações das medidas comprimento dos frutos. O peso médio dos frutos foi obtido com auxílio de balança analítica eletrônica marca Shimadzu AUW220D (0,001g). Teor de Sólidos Solúveis (TSS): O teor de sólidos solúveis (TSS) da banana selvagem foi aferido com a amostra à 20°C com auxílio do aparelho refratômetro portátil 0-32% Brix, Modelo: RT-30 ATC. A leitura do TSS foi feita diretamente no aparelho. Composição centesimal: A composição centesimal da banana selvagem foi realizada em triplicata, seguindo metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008) com algumas modificações. As análises realizadas foram: Umidade; Resíduo mineral fixo; Lipídios totais; Proteínas; Carboidratos; Valor calórico total. Os carboidratos foram estimados por diferença, subtraindo-se de cem os valores obtidos para umidade, proteínas, lipídios e resíduo mineral fixo. A partir dos dados da composição centesimal, foi estimado o valor energético (calórico) das amostras considerando-se os fatores de conversão de Atwater de 4, 4 e 9 para proteína, carboidrato e lipídio, respectivamente (MERRIL; WATT, 1973). As análises foram realizadas em triplicata.

Resultado e discussão

De acordo com os dados obtidos nas determinações de parâmetros físico da banana selvagem (Figura 1), constatou-se que o frutos possui comprimento médio de 10cm, peso médio total de 67,12g, sendo que 37,81% do peso total corresponde à massa da polpa e 33,85% à massa dos caroços encontrados em tal espécie de banana, a presença desses carroços dificulta o consumo da mesma. O teor de sólidos solúveis (TSS) da banana selvagem foi de 23 ºBrix, resultado semelhante foi encontrado por Pontes (2009) ao analisar a o teor de sólidos solúveis da banana da terra in natura (23,6ºBrix). Os dados da composição centesimal obtidos neste trabalho encontram-se na Tabela 1. Observa-se que a polpa da banana selvagem in natura apresenta um teor de umidade de 67,54% e carboidratos 29,47%, teores semelhantes encontrados por Medeiros et al. (2005) para banana pacovã, 72,11% e 24,43%, respectivamente. Já o teor de resíduo mineral obtido no presente estudo que foi de 1,32% foi superior ao encontrado por Medeiros et al. (2005) equivalente a 0,61%. O valor energético encontrado para banana selvagem foi de 127,51 Kcal100g-1 equivalente ao valor calórico da banana Fhia (127,41 Kcal100g-1) encontrado por Freitas et al. (2011).

Tabela 1. Composição centesimal da banana selvagem e banana fhia.

*Freitas et al. (2011)

Figura 1 – Ilustração da banana selvagem

Fonte: autores (2018)

Conclusões

Conclui-se que a banana selvagem apresenta-se como um alternativa na elaboração de receitas a base de banana, visto que a presença de sementes na sua polpa, a torna muito menos atrativa para o consumidor, e consequentemente para o comércio. A banana selvagem destaca-se ainda pelo alto valor energético que apresenta.

Agradecimentos

-Universidade Federal do Maranhão (UFMA) -Instituto Federal do Maranhão (IFMA)

Referências

ALVES, E. J. (Org.). A cultura da banana: aspectos técnicos, socioeconômicos e agroindustriais. Brasília: Embrapa-SPI; Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1997. 585 p.

FASOLIN, L.H.; ALMEIDA, G.C.; CASTANHO, P.S.; NETTO-OLIVEIRA, E.R. Biscoitos produzidos com farinha de banana: avaliações química, física e sensorial. Ciência e tecnologia de alimento. Campinas. v: 27, n.3, p. 524-529, 2007.

FREITAS S. C.; MONTE D. C.; ANTONIASSI R. Valor nutricional de variedades de banana. Revista Higiene Alimentar. v 25, 194/195. 2011.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimento. IV ed. I ed. Digital. Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020p.

MEDEIROS, V. P. Q.; AZEVEDO, S. J. O.; GONDIM, J. A. M.; GURGEL, E. A. S.; DANTAS, A. S. Determinação da composição centesimal e do teor de minerais da casca e polpa da banana pacovã (musa paradisíaca l.) produzida no estado do Rio Grande do Norte. Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE – Julho/2005.

MERRIL, A. L. WATT, B. K. Energy value of foods: basis and derivation. Washington: United States Departament of Agriculture, 1973. 105 p.

PONTES, S. F. O. Processamento e qualidade de banana da terra (musa sapientum) desidratada. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB, 86p. 2009.

SILVA, C.A.B. [Coord.]. Produção de banana passa. Brasília: Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, Secretaria do Desenvolvimento Rural (Série Perfis Agroindustriais, v. 5). 32p. 1995.

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