Análise Física e Química do Umbu-Cajá e Achachairú coletados no estado de Mato Grosso
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Campos, T.A.F. (UNEMAT) ; Oliveira, K.D.C. (UNEMAT) ; Loss, R.A. (UNEMAT) ; Silva, S.S. (UNEMAT) ; Guedes, S.F. (UNEMAT)
Resumo
O Umbu-cajá e o Achachairú são frutos com sabores exóticos e pouco explorados industrialmente.Desta forma, este trabalho teve como objetivo a análise físico-química destes frutos. Avaliou-se o diâmetro, comprimento, rendimento da polpa, umidade, pH e acidez. O comprimento do umbu-cajá foi de 4,26±0,078cm, diâmetro de 3,11±0,065cm e rendimento de 37,66±0,68%. O Achachairú apresentou comprimento de 5,24±0,53cm, diâmetro de 3,58±0,27cm e rendimento de 34,49±7,29%. Observou-se que a umidade na polpa dos frutos não variou muito e a umidade da casca do Achachairú foi superior ao Umbu-cajá. A acidez e o pH de ambos frutos são próximas e os classificam como frutos ácidos.Conclui-se, portanto, que os frutos avaliados possuem pouca variação nas características físicas e são ácidos.
Palavras chaves
Spondias sp; Garcinia humillis Vahl C.; Frutos exóticos
Introdução
A fruticultura brasileira é de amplo valor, não só para o setor primário, como também para o comércio e indústria. É importante fonte de exploração para o homem, permitindo uma produção e fornecendo mão-de-obra, como origem de trabalho. Além disso, a produtividade de frutas favorece a obtenção de produtos de alto valor agregado, tanto ao mercado de produtos frescos quanto industrializados (JUNIOR; BEZERRA; LEDERMAN, 2008). O Achachairú (Garcinia humilis (Vahl) C. D. Adam) é uma fruta amplamente distribuída na região da cidade de Santa Cruz na Bolívia e está bem adaptada ao Brasil, sendo de fácil cultivo na região do cerrado (LORENZI et al., 2006; BARBOSA et al., 2008). Já o Umbu-cajá (Spondias sp), pertencente à família Anacardiaceae é uma planta frutífera encontrada com abundancia no semiárido brasileiro, com propagação em outras regiões brasileiras, como no estado de Mato Grosso (CARVALHO et al., 2008). Diante dos inúmeros benefícios provenientes da utilização destes frutos na medicina popular e poucos estudos acerca de suas propriedades nutraceuticas, este trabalho teve com objetivo realizar análise física e química do Umbu- cajá e Achachairú coletos no estado do Mato Grosso.
Material e métodos
Obtenção e preparo da matéria-prima Os frutos de Umbu-cajá e Achachairú foram coletados no estádio de maturação maduro (aproximadamente 60 unidades/árvore) nos meses de maio e junho de 2017,utilizando-se o procedimento de seleção visual, isentos de injúrias e deformações. Posteriormente, os frutos foram transportados para o Laboratório de Química do campus universitário Deputado Estadual Renê Barbour (UNEMAT) e mantidos congelados em freezer doméstico a -20 °C até o momento das análises físicas e químicas. Análise física dos frutos Os valores do comprimento e diâmetros dos frutos inteiros e das sementes foram medidos com auxílio de paquímetro. O rendimento das polpas (RP), em porcentagem, foi obtido pela divisão entre a massa (g) da polpa e a massa (g) do fruto multiplicado por 100. Análise Química Após a medição física, os frutos foram despolpados com auxílio de uma faca inoxidável. As polpas e as cascas foram submetidas a análise do teor de acidez (titulometria), pH (potenciometria) e umidade (secagem a 105 ºC) de acordo com as técnicas descritas pelo Instituto Adolfo Lutz (2008).
Resultado e discussão
As diferenças nas características físicas entre os frutos podem ser
influenciadas por diversos fatores climáticos, genéticos, nutricionais,
fisiológicos, e pela variação de produção por planta (CHISTÉ et al., 2009).
Dessa forma, foram realizadas análises físicas de aproximadamente 60 frutos
do Achachairú e Umbu-Cajá maduro obtidos em Mato Grosso, sendo os resultados
compilados na Tabela 1.
Foi observado maiores médias de comprimento (5,34 cm), diâmetro (4,13 cm) e
rendimento em polpa (41,5 %) dos frutos de Achachairú de Santa Catarina do
que os valores obtidos no presente trabalho (5,24 cm, 3,58 cm e 34,49%,
respectivamente). Essa diferença pode estar relacionada com a localidade de
coleta. Em comparação com o Achachairú, o Umbu-cajá é relativamente menor e
com rendimento da polpa levemente superior.
Na Tabela 2, estão expostos os valores quanto às análises químicas. Observa-
se diferenças entre os parâmetros analisados entre os dois frutos e as
partes que compõem cada fruto. A acidez titulável da polpa de Achachairú foi
inferior quando comparada a casca e polpa de Umbu-cajá.
A acidez da polpa de Achachairú coletada em MT foi inferior aos resultados
obtidos por Daniel (2009) em amostras de Santa Cruz na Bolívia (0,80%). Essa
diferença possivelmente está associada a região predominante do fruto, com
influência de altitude, genótipo, condição ambiental, que podem afetar
características como peso, teor de sólidos solúveis (SS) e acidez em
espécies frutíferas (YILMAZ et al., 2009).
Em relação ao pH, os dois frutos apresentaram características ácidas com pH
próximo a 3,0. O pH do Umbu-cajá foi semelhante aos valores encontrados por
Silva Júnior et al., (2004) em amostras coletadas na Bahia. Frutos com baixo
pH apresentam uma excelente aplicação tecnológica.
Conclusões
De acordo com os resultados obtidos, o Achachairú possui tamanho superior ao Umbu-cajá, sendo que os dois não apresentaram diferença elevada entre o comprimento, diametro e rendimento da polpa dos frutos provenientes da mesma árvore. Além disso, os frutos são ricos em água e possuem baixo valor de pH, podendo ser considerados uma excelente opção para indústrias de doces, principalmente geleias.
Agradecimentos
A Fundação de Amparo a Pesquisa de MAto Grosso (Fapemat) pelo auxilio Financeiro no edital Universal 2015.
Referências
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