Composição mineral de grãos de milho de pipoca comercializadas no Brasil
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Novaes, M.D.S. (IFMT) ; Silva, D.C. (IFMT) ; David, A.S. (IFMT) ; Silva, V.K.C. (IFMT) ; Villa, R.D. (IFMT) ; Oliveira, A.P. (IFMT)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi determinar a composição mineral de grãos de milho pipoca comercializados no Brasil. Para isso foram coletados três lotes de cinco marcas disponíveis no mercado varejista. Inicialmente foi realizado o preparo das amostras por meio de decomposição por via úmida, com quantificação de Fe, Zn, Mn e Cu em espectrômetro de absorção atômica em chama, Na e K por espectrometria emissão atômica em chama e Ca e Mg em cromatografia de troca iônica. Nos resultados obtidos, com exceção do Ca, Mg e Na, os demais minerais apresentaram diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre as concentrações nas amostras. Conclui-se que o conhecimento da quantidade mineral presente no milho pipoca é muito importante para assegurar os preceitos de saudabilidade e qualidade nutricional.
Palavras chaves
pipoca; minerais; qualidade
Introdução
O milho pipoca pertence à espécie Zea mays L., e é definido como aquele que quando aquecido por volta de 180ºC possui a característica de expandir (BRASIL, 2011). No Brasil, não existem dados oficiais específicos para o cultivo total de milho pipoca, mas segundo o Anuário Brasileiro do Milho do ano de 2016 apresentado por Kist et al. (2016) valores estimados em pesquisas de mercado demonstram que Mato Grosso é o maior produtor concentrando mais de 80% da produção brasileira. Ligado às tradições populares, durante muito tempo o consumo de milho pipoca pelos brasileiros acontecia em eventos como as festas juninas que são típicas do mês de junho, mas houve um aumento no consumo desse grão pela população também em outros períodos do ano devido à associação da pipoca e bebidas em um conjunto de anúncios divulgados (WINKLER et al., 1998). A pipoca, embora seja um produto consumido em horas de lazer, possui excelente qualidade nutricional e devido às elevadas quantidades de carboidratos e lipídeos encontradas no grão, o milho está dentre os alimentos que proporcionam energia ao organismo humano (PAES, 2006). De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA), elaborada no Projeto Integrado de Composição de Alimentos coordenado pela Universidade de São Paulo e BRASILFOODS (Rede Brasileira de Dados de Composição de Alimentos), 100 g do grão possuem 203 mg de fósforo, 7,1 mg de cálcio, 33,8 mg de sódio, 2,62 mg de ferro, 2,14 mg de zinco e 0,47 µg de manganês (USP, 2017). Neste contexto, considerando que o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho e apresenta diferentes tipos de grãos de milho pipoca produzidos e comercializados, este trabalho teve como objetivo determinar a composição mineral de grãos de milho pipoca comercializados no Brasil.
Material e métodos
Inicialmente, foi investigado e contabilizado o número de marcas de grãos de milho pipoca disponíveis no comércio varejista brasileiro. Em seguida, por meio do contato com o serviço de atendimento do consumidor das empresas foram confirmados os dados a respeito do tipo dos grãos comercializados. Após esta primeira etapa, três lotes de cinco marcas de milho pipoca em grãos foram coletados. As marcas identificadas como 1, 2 e 5 são grãos do tipo convencional, a 3 orgânica e a 4 transgênica. Após isso, para garantir a representatividade das amostras as mesmas foram quarteadas e reduzidas a amostras laboratoriais por meio de moagem em moinhos. Para a determinação da composição mineral foi feito o procedimento de preparo de amostras por decomposição por via úmida segundo Gokmen et al. (2005). A quantificação dos minerais ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e cobre (Cu) foi feita em espectrômetro de absorção atômica em chama, utilizando como fontes de radiação lâmpadas de catodo oco. A concentração de sódio (Na) e potássio (K) foi determinada por espectrometria emissão atômica em chama (FAES) utilizando-se fotômetros de chama. E a quantificação do teor de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) foi feita por cromatografia de troca iônica, sendo que inicialmente as amostras digeridas foram diluídas para ajuste do pH na faixa de 2,41 a 2,51. A fim de verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os resultados médios obtidos as variáveis primeiramente foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro- Wilk. Após Análise de variância (ANOVA) aplicou-se o teste de Tukey (p = 0,05) para os dados normais e Teste de Kruskal-Wallis para dados não normais utilizando o programa ASSISTAT® versão beta 7.7.
Resultado e discussão
Nos resultados obtidos (Tabela 1) para o teor de Cu a marca 2 apresentou
diferenças significativas (p ≤ 0,05) em relação aos grãos 1 e 3, e o milho
pipoca 3 também diferiu da amostra 5. As amostras 2, 4 e 5 apresentaram
concentrações de Cu inferiores que o valor orientador da TBCA e para as
marcas 1 e 3 os valores encontrados foram superiores do que os indicados
pela TBCA (USP, 2017). O teor de Zn para amostra 1 diferiu
significativamente (p ≤ 0,05) do grão 3, e todas as amostras, com exceção da
3, apresentaram resultados superiores ao sugeridos pela TBCA (USP, 2017). N
teor de Fe a amostra 5 apresentou diferença significativa (p ≤ 0,05) com
valor maior quando comparado com os grãos 4, 3 e 2. Para o teor de Mn
ocorreram diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre as marcas 3 e 5, e
também foi observado que os milhos pipoca 1 e 2 diferiram significamente dos
grãos 4 e 5, e com exceção das amostras 1 e 2, todas as marcas apresentaram
resultados superiores ao orientado pela TBCA (USP, 2017). O teor de K
apresentou diferenças estatisticamente significativas (p ≤ 0,05) entre a
amostra 4 e os grãos 1, 2 e 5, e todas as amostras, com exceção da marca 4,
tiveram quantidades inferiores à 278 mg 100g-1, orientado pela TBCA (USP,
2017). As amostras 1, 3 e 4 apresentaram concentrações de Ca abaixo do LQI,
mas os grãos 2 e 5 tiveram valores muito acima do orientado pela TBCA e
descritos na literatura (GERMANI et al., 1997; GOKMEN et al., 2005; USP,
2017). No teor de Mg não houve diferença significativa (p ≤ 0,05) entre os
grãos. Todas as amostras tiveram concentrações de Na inferiores que o LQI e
o valor orientado pela TBCA (USP, 2017). A heterogeneidade entre os grãos
pode estar relacionada a fatores do solo e da própria planta (GOKMEN et al.,
2005; NAN et al., 2002).
Composição mineral (valores médios ± desvio padrão) em grãos de milho pipoca de diferentes marcas.
Conclusões
Os produtos foram analisados na forma final apresentada ao consumidor já com todos os resultados do processamento e produção e por isso é um retrato fidedigno do produto que está disponível e consumido pela população. Ter o conhecimento da quantidade dos minerais presentes nos diferentes tipos de milho pipoca produzidos e comercializados no Brasil é de extrema relevância, tanto com a finalidade de controle e fiscalização desse produto de amplo consumo pela população, quanto para assegurar os preceitos de saudabilidade, qualidade nutricional e, também a valorização econômica.
Agradecimentos
FAPEMAT, CNPq, CAPES, IFMT, UFMT.
Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 61, de 22 de dezembro de 2011. Regulamento Técnico do Milho Pipoca. Diário Oficial da União, Seção 1, p.1-4, 2011.
GERMANI, R., PACHECO, C.A.P & CARVALHO C.W.P. Características físicas e químicas dos principais cultivares de milho pipoca plantados no Brasil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 40, 19-27, 1997.
GOKMEN, S., TUZEN, M., MENDIL, D., SARI, H. & HASDEMIR, E. Determination of some metals in (Zea mays L.) popcorn genotypes. Asian Journal of Chemistry, 17, 689-696, 2005.
KIST, B.B., SANTOS, C.E. & BELING, R.R. Anuário brasileiro do milho 2016. Santa Cruz do Sul: Editora Gazeta Santa Cruz, 96p, 2016.
NAN, Z.R., LI, J.J., ZHANG, J.N. & CHENG, G.D. Cadmium and zinc interactions and their transfer in soil-crop system under actual field conditions. Science of the Total Environment, 285, 187-195, 2002.
PAES, M.C.D. Aspectos Físicos, Químicos e Tecnológicos do Grão de Milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 6p, 2006. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 75).
USP – Universidade de São Paulo. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA), 2017. Disponível em: http://www.fcf.usp.br/tbca/. Acesso em: 23 fev. 2018.
WINKLER, E.I.G. et al. Avaliação de cultivares de milho pipoca em Passo Fundo e Pelotas,1997/981. Agropecuária Clima Temperado, 2, 281-288, 1998.