Whey Protein: Análise de Rótulos
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Rocha de Almeida, Y. (IFRJ) ; Almeida Mello, A. (IFRJ)
Resumo
O Whey Protein é o suplemento alimentar proteico mais conhecido e utilizado, pois auxilia no aumento de massa muscular. Com isso, esse estudo teve como objetivo realizar uma pesquisa sobre o Whey Protein e analisar os rótulos desses produtos de acordo com o determinado pela RDC Nº. 18, de 27 de abril de 2010. Para isso, foram observados os rótulos de 53 produtos em lojas da Baixada Fluminense para analisar se continham inconformidades. Os resultados observados mostraram que 47% dos rótulos dos produtos apresentaram inconformidades e que os suplementos importados e os do tipo Blend possuem maior tendência a incorfomidade. Concluiu-se que a legislação ainda precisa de maior fiscalização e de um controle de venda mais rigoroso para evitar inconformidades e uso incorreto pela população.
Palavras chaves
Whey Protein; Suplemento Alimentar; Rotulagem
Introdução
A população vem se preocupando cada vez mais com a estética e em ter um corpo considerado perfeito, fazendo uso de produtos que potencializam a obtenção desse objetivo. É nesse contexto que os suplementos alimentares proteicos se inserem, ganhando destaque por auxiliarem na hipertrofia muscular. O whey protein é classificado como suplemento alimentar proteico, derivado da proteína do soro do leite, uma proteína alto valor biológico (LINHARES et al., 2013). Os produtos comercializados possuem pequenas concentrações de gordura, mas alto teor de aminoácidos essenciais, possuindo peptídeos bioativos do soro, sendo então uma proteína completa de altíssima qualidade e diferentes propriedades funcionais (HARAGUCHI, ABREU, PAULA, 2006; INMETRO, 2014). São utilizados diferentes processos químicos para separar as proteínas do leite, obtendo-se diversos tipos de Whey Protein. Estes tipos se diferenciam em relação à concentração de proteínas, lipídeos e carboidratos. Através desses processos são fabricadas as proteínas concentradas, isoladas ou hidrolisadas e a partir dessas os blends (QUIROGA, 2015). . No Brasil, ainda não há uma legislação específica sobre os suplementos alimentares, então esses produtos precisam se enquadrar em alguma das categorias já previstas na legislação ao qual mais se encaixem. No caso do Whey Protein é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) sobre Alimentos para Atletas (ANVISA, 2018; BRASIL, 2010). Os suplementos à base de Whey Protein variam de acordo com suas concentrações, misturas, processamento e valor biológico por conta das diferentes técnicas de produção e processamento, mas ainda devem seguir normas. Tendo em vista isso, a proposta deste trabalho é fazer um estudo teórico sobre o Whey Protein e determinar sua adequação frente à legislação.
Material e métodos
Para análise de rótulos dos produtos denominados como Whey Protein, foram realizadas visitas a lojas de suplementos da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, onde toda a embalagem foi fotografada. Os dados foram compilados no Excel ® para descrever as principais inconfomidades encontradas na rotulagem dos produtos. Os rótulos dos 53 produtos foram analisados para determinar se continham as informações nutricionais adequadas, presença mínima de 10g de proteína, presença de fibras alimentares, proteínas com PDCAAS (índice de aminoácidos corrigido para digestibilidade proteica que irá determinar a qualidade biológica da proteína) menor que 0,9 (como trigo e colágeno) e a frase: “Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico” em destaque e negrito. Também foi analisado se os produtos não continham imagens e expressões que pudessem levar o consumidor ao engano quanto a propriedades e ou efeitos que não possuíssem ou não pudessem ser demonstrados referentes a perda de peso, ganho ou definição de massa muscular e similares e expressões como: "anabolizantes", "hipertrofia muscular", “massa muscular”, “anticatabólico”, “anabólico”, equivalentes ou similares. Para determinar se os suplementos possuíam no mínimo 50% do valor energético total proveniente das proteínas foi observado na tabela nutricional descrita no rótulo, o valor energético total e a quantidade de proteínas presente no produto. A quantidade de proteína foi multiplicada por quatro, pois cada grama de proteína equivale a 4 Kcal, obtendo-se assim o valor energético referente a proteína, seguido de realização de regra de três simples para determinar se porcentagem energética proveniente da proteína é maior que 50% do valor energético total do produto.
Resultado e discussão
Foram encontradas inconformidades em 47% dos produtos (25 produtos),
demostrando que essa diretriz ainda não é totalmente seguida pela Indústria.
Na tabela 1 são mostradas as não conformidades encontradas nas marcas
nacionais e importadas e, na tabela 2, os produtos conformes e não conformes
em relação ao tipo de proteína e nacionalidade.
A inconformidade encontrada em maior número foi a presença de imagens e ou
expressões que induzem o consumidor ao engano como “hipertrofia muscular",
“massa muscular” e “anabólico”. Mesmo que o Whey Protein possua tais
características, a legislação preconiza que estas não constem nos rótulos,
fato esse que não foi seguido em 15 produtos (28,30%).
A inconformidade em relação à presença de proteínas com PDCAAS menor do que
0,9 só foi encontrada em suplementos do tipo Blend, pois alguns desses não
apresentam só misturas entre proteínas do soro do leite com diferentes
filtragens e sim uma mistura entre estas com proteínas de baixo valor
biológico, como hidrolisados do trigo e colágeno. Além disso, o maior número
de inconformidades foi encontrado em suplementos desse tipo. 52% do total de
suplementos do tipo Blend possuíam inconformidades contra 42,85% do total de
suplementos puros, confirmando que esse tipo de produto tem maior tendência
a apresentar não conformidades.
Dos 41 produtos nacionais, 15 produtos (36,58%) apresentavam alguma não
conformidade e dos 12 importados, 10 produtos (83,33%) possuíam alguma
inconformidade. Com isso, foi possível perceber que os produtos que menos se
adequaram a legislação foram os importados. Isso ocorre porque a legislação
Brasileira possui peculiaridades específicas que as importadas não possuem.
Conclusões
A venda de suplementos alimentares do tipo Whey Protein ainda precisa de maior fiscalização e um controle mais rigoroso para evitar inconformidades nos produtos e o uso incorreto pela população. É necessária uma legislação específica para toda a classe de suplementos alimentares. Essa proposta já está em debate na Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, que reconhece e afirma que: “As normas atuais são fragmentadas o que favorece o surgimento de lacunas regulatórias e prejudica o controle sanitário, criando insegurança jurídica e obstáculos à comercialização” (ANVISA,2018).
Agradecimentos
Referências
ANVISA. Suplementos: Anvisa quer regulação específica, 2018. Disponível em:< http://portal.anvisa.gov.br/rss/-/asset_publisher/Zk4q6UQCj9Pn/content/anvisa-quer-regulacao-especifica-para-suplementos-alimentares/219201?inheritRedirect=false>. Acesso em: 11 de maio de 2018.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 18, DE 27 DE ABRIL DE 2010. Regulamento técnico sobre alimentos para atletas. Diário Oficial da União. Disponível em: <http://crn3.org.br/Areas/Admin/Content/upload/file-0711201565603.pdf>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2017.
HARAGUCHI, F.K.; ABREU, W.C.; PAULA, H.; Proteínas do soro do leite: composição, propriedades nutricionais, aplicações no esporte e benefícios para a saúde humana. Revista de Nutrição, Campinas, v. 19, n 4, p. 479-488, jul./ago., 2006.
INMETRO. Relatório final sobre a análise em suplementos proteicos para atletas – Whey Protein, 2014. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/Relatorio_Whey_Final.pdf>. Acesso em: 06 de fevereiro de 2017.
LINHARES F.R.; et al. Cadeia produtiva suplementos de proteína: um estudo de caso. Encontro Nacional de Engenharia de Produção: A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos. Salvador, BA, 2013.
QUIROGA, Ana Lúcia Barbosa. Proteína hidrolisada de soro de leite concentrada, isolada e hidrolisada, 2015. Disponível em: <http://aditivosingredientes.com.br/artigos/laticinios/proteina-hidrolisada-de-soro-de-leite-concentrada-isolada-e-hidrolisada>. Acesso em: 17 de março de 2018.