CARACTERIZAÇÃO BIOMÉTRICA E EXTRAÇÃO DO BURITI (Mauritia flexuosa L.)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Costa, A.C. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Damasceno, A.M.S. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Silva, M.L.R. (INSTITUTO FEDERAL DO PARÁ) ; Ribeiro, C.M.F. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, L.H.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Silva, L.M.C. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Freitas, J.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)
Resumo
O presente estudo tem por finalidade investigar a variabilidade biométrica de frutos de buriti (Mauritia flexuosa L.) para determinar a capacidade produtiva de óleo do fruto coletado na cidade de Cametá- PA. Foram avaliados 150 frutos coletados aleatoriamente. Quanto à altura e ao diâmentro dos frutos foram encontrados valores uniformes entre as amostras que variaram de 4,76 a 6,14 de altura e 3,17 a 4,19 de diâmetro obtendo um coeficiente de variação de 10%. Em relação as massas do fruto, cascas, polpa e semente as amostras apresentaram maior amplitude de variação massa da casca e massa da polpa foram de 14,32g e 5,33g, de casca 9,15g e 2,52g de polpa, indicando alta dispersão. Os índices de rendimento da polpa foi de 14,70% e 6,86%. O teor de óleo extraído foi de 9,95%.
Palavras chaves
extração; biometria; rendimento
Introdução
O buriti (Mauritia flexuosa L.) é uma das palmeiras presentes em maior proporção na região Amazônica do Brasil, que fornece materiais para uma variedade de aplicações, como frutos para produzir licores, vinhos e até raízes para uso medicinal. No Brasil está distribuída em grande parte da região Amazônica. Uma alternativa promissora para o aumento na produção brasileira de óleo vegetal encontra-se no buritizeiro, que é uma palmeira oleaginosa nativa, oriunda de Trinidad e Tobago, Venezuela e Brasil, especialmente distribuído em maior proporção na região Amazônica (Durães et al, 2006). Antes da extração é necessário o preparo da amostra, que inclui descascamento, limpeza, secagem, desintegração, floculação e condicionamento ou aquecimento. Estas operações dependem do tipo e da qualidade da matéria- prima (BRENNAN et al., 1990; TANDY, 1991). Análises biométricas constituem um instrumento importante para detectar a viabilidade genética dentro e entre as populações, e na definição das relações entre esta variabilidade e os fatores ambientais, contribuindo assim para programas de melhoramento genético (GUSMÃO et al, 2006). Sendo também utilizada para diferenciar espécies pioneiras e não pioneiras em florestas tropicais (BASKIN e BASKIN 1998). Além disso, essas análises fornecem informações para a conservação e exploração dos recursos de valor econômico, favorecendo o uso racional de espécies vegetais (FENNER, 1993). Objetivou-se neste estudo caracterizar a biometria e extrair o óleo de frutos de buriti (Mauritia flexuosa L.), visando abranger mais informações acerca deste fruto e do óleo que possui elevado interesse na atualidade.
Material e métodos
O trabalho foi realizado no laboratório de Alimentos da Universidade do Estado do Pará-campus XVIII, nos dias 27 e 28 de maio de 2015. Foram avaliados 150 frutos colhidos aleatoriamente, os quais foram coletados na cidade de Cametá-Pa. Um paquímetro metálico foi utilizado para determinação do comprimento, medimos o fruto no sentido longitudinal e a largura do mesmo. Foi feita uma seleção descartando-se os frutos que apresentavam danos físicos. Em seguida os buritis foram pesados em balança analítica obtendo-se a sua massa, a casca, a semente e a polpa foram separadas manualmente e pesadas, reservando-se a polpa para posterior extração do óleo. A polpa foi colocada em uma bandeja e levada para estufa com circulação de ar da marca (in nova) a 60°C por aproximadamente 18 horas para reduzir a umidade próximo a 10 %. Aguardou-se esfriar e colocamos no triturador da marca (quimis), formando uma farinha e reservamos. A extração do óleo foi realizada de acordo com método de Soxhlet baseado IUPAC 1.122 (1979), utilizando hexano como solvente. Utilizou-se para os cálculos da extração de lipídeos em 100g da amostra a Equação 1. Equação 1: (P2-P1) x 100/P0; sendo: P0= Peso da amostra em gramas; P1= Peso em gramas do balão Antes da extração; P2= Peso em gramas do balão após a extração e secagem. Os resultados da extração do óleo foram obtidos utilizando-se planilha eletrônica do excel 2010 de propriedade da Microsoft Inc. Os resultados da biometria dos frutos foram analisados por normalidade e estatística descritiva por meio do programa estatístico ASSISTAT versão 7.7 beta, obtendo assim os valores máximos, médios, mínimos e desvio padrão.
Resultado e discussão
Os resultados da caracterização biométrica do buriti estão descritos na
Tabela 1, que apresenta a média e o desvio padrão dos frutos de buriti e de
suas partes constituintes. Segundo a tabela 1 a altura e ao diâmetro dos
frutos pode-se dizer que apresentou uniformidade entre as amostras. Com
relação a massa do fruto, casca, polpa e semente pode-se observar que as
amostra apresentaram maior amplitude de variação sendo os valores máximo e
mínimo da massa da casca e massa da polpa de 14,32g e 5,33g e 9,15g e 2,52g
respectivamente, com coeficientes de variação acima de 25%.
Quanto aos índices de rendimento (Tabela 2) observa-se que a polpa
apresentou maior amplitude total com máximo e mínimo de 14,70% e 6,86%,
respectivamente. Levando-se em consideração que 10,68% da massa do fruto foi
somente de polpa. A estimativa produtiva dos rendimentos potenciais da fruta
utilizando dados biométricos, se constitui em informações básicas para
qualquer atividade cujo objetivo seja a preservação e uso sustentável desta
frutífera (RIVAS & BARILANI 2004).
Becker et al. (2006) observou em seu estudo com buritis de Roraima
rendimento de 21,57% de casca, 24% de polpa e 45,33% de semente, o estudo
diferiu do índice obtido neste estudo, pois o rendimento de casca e polpa
foram inferiores, enquanto o rendimento de semente foi bem maior.
O teor do óleo extraído do buriti foi de 9,95% demonstrando um baixo
rendimento, visto que uma boa extração de acordo com (YUYAMA et al, 1998). O
óleo de buriti corresponde a 23% da polpa do fruto e apresenta um alto teor
de ácido oléico e ácidos insaturados, sendo superior ao óleo de dendê e de
pequi.
Conclusões
O método de extração por solvente é um método eficiente de fácil aplicação e que apresenta um dos melhores rendimentos, porém, extraiu-se uma quantidade de óleo inferior se comparada com a literatura. Alguns fatores pode ter influenciado nesse resultado como, estado de maturação do fruto e armazenamento. O óleo do buriti é uma ótima alternativa de renda para familías ou para cooperativas que moram próximas a buritizais, que pode comercializá-lo tanto para setores alimentícios como para setores industriais.
Agradecimentos
UEPA
Referências
BASKIN, C. C.; BASKIN, J. M. Seeds: ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. Academic Press, London. 1998.
BECKER, M. M.; SANTOS, V. R. S. D.; FLACH, A.; COSTA, L. A. M. A. Avaliação do potencial do buritizeiro para produção de Biodiesel no Estado de Roraima. Sociedade Brasileira de Química (SBQ). 2006.
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