ESTUDO DO NÍVEL PROTEICO, LIPDICO E AVALIAÇÃO DO PEREFIL ENERGÉTICO EM TRÊS FRUTOS DA PRÉ-AMAZÔNIA MARANHENSE

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Alimentos

Autores

Santos Mesquita, J. (UFMA) ; Marques Mandaji, C. (UFMA) ; Márcia Becker, M. (UFMA) ; Palheta Ramos, J. (UFMA) ; Silva Freitas, A. (IFMA) ; Silva Nunes, G. (UFMA)

Resumo

Considerando a imensa diversidade de frutos tropicais do Brasil e as escassas informações sobre suas composições químicas, este trabalho teve como objetivo avaliar três espécies: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia), por meio da determinação de proteínas e lipídios, assim como análise do perfil energético. As amostras avaliadas apresentaram um alto valor energético superiores a 50,8 Kcal 100g-1 e o maior teor em lipídeo foi obtido para a polpa de abricó (1,432 %), enquanto que, o ingá apresentou o maior teor proteico (1,52 %). De modo geral, os resultados fornecem informações da composição química de frutos tropicais pouco conhecidos que poderão ser explorados tanto na indústria de alimentos quanto de cosméticos e/ou farmacêutica.

Palavras chaves

Bromatologia; frutos tropicais ; Pré-Amazônia Maranhense

Introdução

O Maranhão representa uma área de transição entre o Nordeste e a região amazônica. Dessa forma, reúne uma diversificação ecológica com flora rica e variada com valioso potencial genético de espécies nativas produtoras de frutos. Entretanto, dados sobre a realidade social, econômica e o quadro de precariedade da saúde e da nutrição registrado na região contrastam com a sua riqueza em recursos biológicos (MARTINS; OLIVEIRA, 2011). Numa dieta saudável, as frutas desempenham papel de grande destaque pela saúde que nos proporcionam, traduzida em aumento da expectativa de vida, vitalidade e prevenção de inúmeras doenças por serem ricas em uma vasta gama de vitaminas, minerais e fibras (LORENZI et al., 2006), devendo estar presentes diariamente nas refeições. Em caso de comercialização, bem como, para a orientação da educação alimentar por especialistas o conhecimento da composição de frutas é fundamental para a rotulagem nutricional a fim de auxiliar consumidores na escolha dos alimentos. Portanto, esse trabalho objetivou realizar a determinação de proteínas e lipídios, assim como análise do perfil energético de três frutos ainda pouco conhecidos, coletados no Estado do Maranhão: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia).

Material e métodos

Foi contemplada, nesse estudo, os frutos: abricó (Mammea americana), ingá (Inga edulis Mart) e murta (Eugenia punicifolia), adquiridos in natura no município de Paço do Lumiar (MA). O teor de proteína, lipídios e valor da energia total foi realizada de acordo com a Associação de Métodos Analíticos (métodos AOAC), com adaptações. O teor de proteínas foi determinado mediante a análise de nitrogênio pelo método Kjeldahl, que compreende três etapas: digestão, destilação e titulação. Na etapa da digestão 0,1 g das amostras foram tomados em tubos de digestão, adicionados 25 mL de H2SO4 a 0,05 mol L-1, e a mistura (TiO2 e K2SO4; 1:2.) e submetida a digestão. Depois foi feita uma destilação com adição de NaOH a 40 % (m/v). Por fim, a quantidade de nitrogênio presente na amostra foi determinada pela titulação do H2SO4 a 0,05 mol L-1 com NaOH a 0,1 mol L-1, usando vermelho de metila como indicador. Para análise de lipídios foi feita extração direta em Soxhlet empregando como solvente hexano. 3 g da amostra foi tomada e transferida ao aparelho extrato, acoplou-se ao balão de fundo chato previamente tarado a 105 °C, adicionou-se solvente em quantidade suficiente para um Soxhlet e meio, adaptou-se ao refrigerador e aqueceu-se mantendo em extração continua por cerca de 6h. Destilou-se o hexano e aqueceu-se o balão com o resíduo extraído em estufa a 105°C por 1h. O teor de lipídeos foi obtido pela razão entre a massa de lipídeos e de amostra, multiplicada por 100. Os carboidratos totais foram determinados pela seguinte equação: [carboidratos totais = 100 - (umidade + cinzas totais + proteínas + lipídeos)] e o valor da energia total, em Kcal/100 g de amostra, foi estimado considerando o calor de combustão e a disgestibilidade a partir dos teores de proteínas, lipídios e carboidratos, utilizando o coeficiente de conversão de 9 Kcal por grama de lipídeos e 4 Kcal/g de proteínas e carboidratos.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos para os frutos contemplados neste estudo são apresentados na Tabela 1, onde observa-se elevada precisão dos resultados, com coeficientes de variação inferiores a 10 %. Os resultados de cada parâmetro foram submetidos à análise de variância (ANOVA, α = 0,05) seguidas do teste Tukey (5 % de significância), a fim de verificar a existência de diferenças significativas entre as concentrações obtidas. Segundo Moure et al., (2006), embora não sejam reconhecidas como fontes proteicas, a inclusão de proteínas vegetais na dieta humana traz diversos benefícios a saúde em relação aos animais, uma vez que são isentas em gorduras saturadas e aditivos químicos. Os frutos aqui estudados apresentaram os seguintes valores proteicos: 0,44%; 1,52% e 1,17% para o abricó, ingá e murta respectivamente. Uma comparação feita com a literatura mostrou que o fruto ingá apresentou teor de proteína superior aos teores reportados por Rueda (2012) e inferior aos reportados por Caramori, Souza e Fernandes. (2008). Os lipídios desempenham importantes funções no organismo dos seres vivos, sendo os principais depósitos de energia. Na indústria alimentícia, fornecem aroma, sabor e palatabilidade aos alimentos (FOOD INGREDIENTES BRASIL, 2016). O fruto que mostrou o maior conteúdo lipídico foi o abricó (1,432). O conteúdo energético está diretamente relacionado aos teores de lipídeos nas amostras (R2= 0,99). As amostras avaliadas possuem um alto valor energético superiores a 50,8 Kcal 100g-1, podendo assim serem indicadas em dietas hipercalóricas.

Tabela 2 – Caracterização físico-química dos frutos estudados

Médias seguidas da mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

Conclusões

Os resultados dos frutos foram satisfatórios revelando-se fontes promissoras para exploração industrial. As amostras avaliadas possuem um alto valor energético superiores a 50,8 Kcal 100g-1 e o maior teor em lipídeo foi obtido para a polpa de abricó (1,432 %), já o ingá apresentou o maior teor proteico (1,52 %). Este estudo trouxe novas informações sobre composições químicas que auxiliará os consumidores na escolha dos alimentos e contribuirá para a orientação nutricional com princípios de desenvolvimento local e diversificação na alimentação.

Agradecimentos

Referências

AOAC - ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Determination of Lead, Cadmium, Zinc, Copper and Iron in Foods. Atomic Absorption Spectrophotometry after Microwave Digestion. AOAC, Official Methods. 999.10. AOAC, Rockville, MD. 2002.
CARAMORI, S. S.; SOUZA, A. A.; FERNANDES, K. F. Caracterização bioquímica de frutos de Inga alba (Sw.) Willd. e Inga cylindrica Mart. (Fabaceae). Revista Saúde e Ambiente, v. 2, n. 9, p.16-23, dez. 2008.
FOOD INGREDIENTES BRASIL: os lipídios e suas principais funções. Barueri: Insumo Ltda, v. 40, n. 37, maio 2016. Trimestral.
LORENZI, H. et al. Frutas Brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura). São Paulo : Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2006. 672p.
MARTINS, Marlúcia Bonifácio; OLIVIERA, Tadeu Gomes de (Ed.). Amazônia Maranhense: diversidade e conservação. Belém: Museu Goeldi, 2011.
MOURE, A.; SINEIRO, L.; DOMÍNGUEZ, H.; PARAJÓ, J. C. Functionality of oilseed protein products: a review. Food Res Int. 39, 2006.
RUEDA., Jonathan Javier Gutierrez. ESTUDIO INVESTIGATIVO DE LA GUABA Y SUS PROPUESTAS GASTRONÓMICAS.144 f. Monografia (Especialização) - Curso de GastronomÍa, Facultad de HotelerÍa, Turismo PreservaciÓn Ambiental y GastronomÍa, Quito, 2012.

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