CARACTERIZAÇÃO TECNOLOGICA DE FARINHA DE GRÃO-DE-BICO IN NATURA (CICER ARIETINUM L) E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE EMULSIONANTE
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Pinheiro Soares, W. (IFMT-BLV) ; Cristina Silva de Britto, G. (IFMT-BLV) ; Silva Chitarra, G. (IFMT-BLV)
Resumo
O objetivo deste trabalho foi realizar análises tecnológicas em farinha de grão-de-bico in natura. Foram realizadas análises físico de granulometria, capacidade de absorção de óleo (CAO, %), capacidade de retenção de óleo (CRO), atividade emulsionante (AE, %), estabilidade de emulsão (EE, %), índice de absorção de água (IAA,), índice de solubilidade em água (ISA, %), volume de intumescimento (VI), onde todas as determinações procederam em triplicata, assim os resultados (média±desvio padrão) obtidos tenderam: CRA 23,31±0,22 %, CAO 2,62±0,50 %; AE 54,66±0,18 %; EE 54,66±0,18 %; IAA 3,13±0,12 %; VI 3,74±0,03 mg/g e granulometria com retenção na peneira de 20 mesh (850mm).
Palavras chaves
Leguminosa ; Substituinte; Farinha
Introdução
Os diversos tipos de grãos existentes, tem sido alvo de aplicação tecnóloga na obtenção de farinhas variadas, já que a população mundial vem demonstrando há algum tempo uma crescente preocupação com a alimentação e seus constituintes. E isso fez com que aumenta-se a procura dos consumidores por alimentos mais ricos em nutrientes que irão conferir ao seu organismo uma melhor atividade metabólica. Em meio aos ingredientes alternativos utilizados, as farinhas provenientes de diferentes grãos têm sido empregadas com maior frequência nos últimos anos, pois além de fornecer proteínas, vitaminas e minerais, proporcionam a incorporação de fibras alimentares, contribuindo para a redução do risco de doenças cardiovasculares, obesidades e diabetes (BUENO, 2012). O grão-de-bico é fonte de fibras, carboidratos, minerais, proteínas e vitaminas. Diferencia-se das outras leguminosas por sua digestibilidade, baixo teor de substancias antinutricionais, além de apresentar a melhor disponibilidade de ferro. Segundo CANNIATTI-BRAZACA (2004) em suas pesquisas com diversas leguminosas, encontrou a melhor disponibilidade de ferro no grão-de-bico.
Material e métodos
Materiais e Métodos Os grãos de bico foram adquiridos íntegros em embalagem plástica de polietileno de 500g no comércio da região de Cuiabá-MT e analisados no IFMT- campus Cuiabá – Bela Vista. Em seguida, os grãos foram triturados em liquidificador, peneirados e armazenados à temperatura ambiente em sacos estéreis de polietileno até o momento das análises. A amostra foi submetida as análises de granulometria (com peneiras 4, 20, 48, 100 e 200 mesh) , capacidade de absorção de óleo (CAO, %), capacidade de retenção de óleo (CRO, g óleo retido/g de amostra), atividade emulsionante (AE, %), estabilidade de emulsão (EE, %), índice de absorção de água (IAA, g água absorvida/g de amostra), índice de solubilidade em água (ISA, %) de acordo com metodologias de Ferreira (2014) e o volume de intumescimento (VI, mL de água/g de amostra) de acordo com Seibel e Beléia (2009). Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados médios comparados com trabalhos disponíveis na literatura.
Resultado e discussão
Pode-se identificar que não houve uma uniformização
no tamanho das partículas da farinha, demonstrado pela retenção de massa nas
diferentes peneiras. Contudo, dentre as 5 peneiras utilizadas, o maior
percentual de volume retido, foi verificado na peneira de 20 mesh, (850mm)
com 55,97%, seguido da peneira 48 mesh (300mm) com 33,46%, demostrando uma
grande variação das partículas, para uso de farinhas sem padronização de
granulometria não é desejável, devido ao tamanho das partículas influenciar
no tempo de cocção, na textura, na cor, capacidade de absorção de água e
óleo, interferindo diretamente na aparência e palatabilidade do produto
final (FIORDA et al, 2013).
O volume de intumescimento encontrado da farinha de grão de bico foi de
3,7985 mL de água/g de amostra, valor inferior à trabalhos disponíveis na
literatura como o realizado por Clemente et al (2012), que encontrou 7,1
mL/g ms em farinha do
Processamento de Laranja
e por SEIBEL e BELÉIA, (2008), 8,7mLg/ms em farinha desengordurada de soja.
De acordo com Clemente et al (2012), o volume de intumescimento está
relacionado com teor de fibras, é o parâmetro que mais influência físico-
quimicamente a propriedade de hidratação, podendo ser conferido pela
presença de celulose, hemiceluose e lignina, que são materiais hidrofóbicos.
Segundo Moura (2011) as farinhas cruas, geralmente, apresentam baixa
capacidade de absorção de água
e solubilidade em água em temperatura ambiente. Justificando assim o valor
baixo encontrado na presente pesquisa 3,1320 g água absorvida/g de amostra.
A capacidade de absorção de água é um indicador
usual de como farinhas podem ser incorporadas em
formulações alimentícias. Já a capacidade de absorção de
óleo determina se o material irá desempenhar bem como
um extensor em produtos cárneos.
A farinha apresentou 268% de CAO, sendo considerado uma matéria prima em
potencial para ser adicionado em novos produtos diversificando o atual
mercado consumidor. Ferreira, (2014) caracterizou tecnologicamente a farinha
do sabugo de milho e encontrou CAO 238,29% e incorporou tal farinha em
produtos cárneos. E relacionou a capacidade de sítios apolares das cadeias
de proteínas aprisionarem óleos, portanto a farinha elaborada apresentou
qualidade e quantidade de proteínas a fim de colaborar com a palatabilidade
do produto cárneo.
A farinha de grão de bico pode ser considerada um bom agente emulsificante
(AE), como substituto de ingredientes em sistema de emulsão, devido
apresentar atividade emulsificante acima de 50%, de acordo relato de Wong e
Cheung (2005) e boa estabilidade de emulsão 50%. Para tanto a atividade
emulsificante quanto estabilidade de emulsão (EE) da farinha de grão de
bico ficou 56%. O volume de intumescimento e o índice e absorção de água
estão relacionadas a interação da matriz proteica da farinha com a água,
tendo inicialmente apenas a retenção de água, seguida da exsudação após
centrifugação. A farinha de grão-de-bico apresentou resultados expressivos
ao relatado na literatura, tal condição pode estar associada ao alto teor de
amido e a sua granulometria. O índice de solubilidade em água indica a baixa
degradação total dos grânulos de amido na farinha.
Conclusões
A farinha de gão-de-bico (Cicer arietinum L) apresentou grande potencial como uma matéria prima de inserção na substituição parcial, para os mais variados produtos, com foco na indústria de panificação e cárneos emulsionados, devido a sua atividade emulsificante, estabilidade de emulsão, capacidade de absorção e retenção de óleo, porém a obtenção da farinha vai interferir diretamente na desempenho final da mesma, sendo assim processo de moagem tem a necessário de um controle afim de obter uma padronização de sua granulometria.
Agradecimentos
IFMT-BELA VISTA
Referências
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