Avaliação das variáveis que interferem na extração aquosa do óleo da castanha do baru (Dipteryx alata)
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Macedo, D.A. (IFMT) ; Roseno, T.F. (IFMT) ; Silva, R.N. (UNEMAT) ; Brum, F.B. (UNEMAT) ; Guedes, S.F. (UNEMAT) ; Porto, A.G. (UNEMAT) ; Loss, R.A. (IFMT) ; Barros, W.M. (IFMT)
Resumo
O óleo da amêndoa do baru se apresenta como uma boa alternativa nutricional e tecnológica para o aproveitamento do fruto. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o método de extração aquosa do óleo da castanha de baru. O processo de extração foi avaliado em função das condições estabelecidas pelo delineamento composto central rotacional 2^4-1, onde as variáveis foram o pH, temperatura, velocidade de agitação e tempo. Das variáveis independentes estudadas apenas a temperatura apresentou efeito estatisticamente significativo na extração aquosa do óleo da castanha de baru, sendo que as condições experimentais que melhor favorecerem a transferência da massa do soluto para o solvente foram a temperatura de 70ºC, pH 6, agitação de 400 rpm e tempo de 45 minutos.
Palavras chaves
Subprodutos; Potencial nutritivo; Eficiência de extração
Introdução
O baru, Dipteryx alata, é uma árvore com ampla ocorrência no serrado brasileiro, participando do grupo das espécies nativas utilizadas pela população local, complementando a renda familiar e para consumo próprio (SANO; RIBEIRO; BRITO, 2004). A castanha do baru e seus subprodutos, têm-se destacado por mostrar seu potencial nutritivo e econômico, formando matéria-prima disponível para elaboração de novos produtos alimentícios (CANUTO, 2015; SOUSA; NASSER; SOARES, 2013). O óleo encontrado na amêndoa do baru apresenta 76,5% de sua constituição em ácidos graxos insaturados, sendo os ácidos oleico (44,5%), seguido do linoleico (31,7%) os principais identificados, e em quantidades inferiores encontra-se o palmítico (7,16%) e esteárico (5,33%) (PINHO et al., 2015; SANCHEZ 2014; CRUZ, 2010). O elevado teor em ômega 3, 6 e 9 encontrados no óleo, confere propriedades bioativas por suas ações anti-inflamatórias, antivirais, antimicrobianas e anticarcinogênicas. Além disso, apresenta uma alta quantidade de tocoferóis, sendo encontrados o α- tocoferol (5 mg/ 100 g) seguido do γ-tocoferol (4,3 mg/ 100 g) e um teor médio de 14 mg/ 100 g de tocoferóis totais, atuando como antioxidantes naturais, prevenindo a oxidação dos ácidos graxos insaturados presentes no óleo (BORGES, 2013). Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar as variáveis que interferem na extração aquosa do óleo da castanha de baru.
Material e métodos
Foi utilizada a castanha de baru integral obtida junto a Cooperativa Mista de Produtores Rurais de Poconé Ltda. – COMPRUP da cidade de Poconé (MT). A castanha de baru foi processada através de trituração em processador de alimentos até a obtenção de uma fração finamente dividida e homogênea, a qual foi mantida a -8ºC até o momento de realização dos experimentos. Para avaliar a extração do óleo de baru em meio aquoso utilizou-se reator laboratorial dotado de sistemas de agitação e relação de castanha de baru integral moída:água (soluto:solvente) de 1:10 (KHOEI E CHEKIN, 2016). Todos os ensaios foram incubados em banho termostatizado para a manutenção das temperaturas. O meio reacional foi submetido a condições variáveis de pH (5 a 12), temperatura (20 a 85ºC), velocidade de agitação (300 a 950 rpm) e tempo de agitação (5 a 60 minutos), conforme estabelecido no delineamento composto central rotacional 24-1, com três pontos centrais, totalizando 19 experimentos. Após a extração, a suspensão resultante foi centrifugada a 2500 rpm durante 20 minutos, sendo a fração precipitada (resíduo da extração) levada à estufa com circulação forçada de ar a 60°C por 36 horas. O resíduo seco foi submetido a análise do teor de lipídeos conforme Bligh e Dyer (1959). Foi considerada a melhor condição de extração aquela com menor teor residual de óleo, uma vez que o restante havia sido extraído. Os dados do DCCR foram analisados no software Statistic 7.0.
Resultado e discussão
A Tabela 1 apresenta a matriz do Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR)
2^4-1 com as variáveis reais e codificadas, utilizado para a extração aquosa do óleo
da castanha de baru.
Pode-se notar pela Tabela 1 que o ensaio 3 foi o que levou a menor porcentagem de
lipídios no resíduo do baru (29,67%) a 70°C de temperatura, pH 6, 400 rpm por 45
min, favorecendo a extração.
Os resultados da Tabela 1 foram tratados estatisticamente, sendo possível observar
que das variáveis estudadas e dentro do intervalo que estas foram avaliadas, apenas
a temperatura apresentou efeito estatisticamente significativo (p<0,05), sendo este
efeito negativo, ou seja, quanto menor a temperatura, maior será o teor de óleo no
resíduo. Como a resposta esperada é um menor teor de óleo no resíduo, a utilização
de temperaturas mais elevadas pode favorecer o processo. As demais variáveis não
apresentaram efeito significativo. Desta forma, para a condição ótima de pH
selecionou-se menor valor estudado (5,0), uma vez que seu efeito foi positivo. Já
para o tempo e a velocidade de agitação, o efeito foi negativo, de maneira que seria
esperado que o tempo de 60 min e uma agitação de 950 rpm fosse selecionada como
condição ótima. Porém, ambas as variáveis estão diretamente relacionadas com o gasto
energético do processo, e como estas não apresentaram influencia estatisticamente
significativa, o tempo de 45 minutos e velocidade de agitação de 600 rpm foram
selecionados como as condições que mais favorecem a extração de óleo da castanha de
baru. A extração na condição otimizada (pH 5,0, 70°C, 600 rpm e 45 minutos) foi
realizada em triplicata e obteve uma porcentagem de óleo no resíduo de 30,18% (±
0,21), valor este coerente com o obtido no planejamento experimental.
Matriz do Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) 2^4-1, com as variáveis reais e codificadas para a extração de óleo da castanha de baru.
Conclusões
É possível extrair óleo da castanha de baru utilizando água como solvente, sendo que das variáveis independentes estudadas apenas a temperatura apresentou efeito estatisticamente significativo na extração aquosa do óleo da castanha de baru.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a Fundação de Amparo à pesquisa (FAPEMAT) pelo apoio financeiro e estrutural para realização des
Referências
BLIGH, E. G.; DYER, W. J.; A rapid method of lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology, v. 37, n. 8, p. 911-917, 1959.
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