Extração aquosa do óleo da castanha do baru utilizando tecnologia ultrassônica
ISBN 978-85-85905-23-1
Área
Alimentos
Autores
Roseno, T.F. (IFMT) ; Arvani, D.M. (IFMT) ; Silva, R.N. (UNEMAT) ; Brum, F.B. (UNEMAT) ; Guedes, S.F.G. (UNEMAT) ; Loss, R.A. (UNEMAT) ; Porto, A.G. (UNEMAT) ; Barros, W.M. (IFMT)
Resumo
A castanha do baru e seus subprodutos, têm-se destacado devido ao seu potencial nutritivo e econômico. A energia ultrassônica pode ser utilizada na melhoria dos processos, contribuindo para a redução do tempo e aumento do rendimento. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o método de extração aquosa do óleo da castanha de baru com emprego de tecnologia ultrassônica. A castanha de baru foi triturada e submetida a análises da composição química e extração aquosa do óleo. Os resultados da composição química mostram que a castanha de baru é rica em lipídeos e proteínas. Na extração utilizando ultrassom verificou-se o aumento do tempo não resultou em diferenças pronunciadas no teor de óleo no resíduo, de maneira que 15 minutos é suficiente para a extração aquosa do óleo da amêndoa de baru
Palavras chaves
Dipteryx alata; Cerrado; Ultrassom
Introdução
A castanha do baru e seus subprodutos, têm-se destacado por mostrar seu potencial nutritivo e econômico, formando matéria-prima disponível para elaboração de novos produtos alimentícios, tornando-se economicamente importante para famílias rurais em virtude de sua disponibilidade natural em regiões do cerrado, somando renda satisfatória no aproveitamento do fruto. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a produção no ano de 2012 foi de 93 toneladas e em 2013 foi de 91 toneladas (ROCHA; CARDOSO SANTIAGO, 2009; CANUTO, 2015; SOUSA; NASSER; SOARES, 2013). Tanto pela composição em ácidos graxos, quanto pela quantidade de tocoferóis encontrados, o óleo da amêndoa de baru torna-se economicamente viável sendo plausível o seu emprego como óleo vegetal ou gordura hidrogenada para consumo humano, assim como matéria prima na indústria de alimentos, química e farmacêutica. O óleo de baru é frequentemente usado por apresentar propriedades sudoríferas, tônicas e reguladoras de menstruação, podendo ser utilizado como antirreumático, além de contribuir para a redução das frações de lipoproteínas de baixa densidade e de muito baixa densidade, causadores pelo aumento do colesterol sérico. Atualmente o óleo de baru é comercializado tanto na sua forma líquida quanto em cápsula (LIMA, 2012; DRUMMOND, 2008). Utilizando ondas sonoras de alta frequência, a extração assistida por ultrassom é um método de obtenção do óleo com solvente. As vantagens na utilização do ultrassom estão na simplicidade, custo inicial baixo, uso de diferentes solventes, além de reduzir o tempo para realiza-las (COELHO, 2015; FREITAS, 2007). Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o método de extração aquosa do óleo da castanha de baru com emprego de tecnologia ultrassônica.
Material e métodos
Foi utilizada a castanha de baru integral foi adquirida na Cooperativa Mista de Produtores Rurais de Poconé Ltda, em Poconé, MT. A castanha de baru foi triturada em processador de alimentos e mantida a -8ºC até o momento de realização dos experimentos. As castanhas in natura foram submetidas à análise de composição química, sendo que a umidade, cinzas, proteínas e lipídeos foram determinados conforme métodos oficiais do Instituto Adolfo Lutz (2008). Os carboidratos foram determinados por diferença coma as demais frações, onde: Carboidratos = 100 – (umidade + Cinzas + Lipídeos + Proteínas). Para avaliar a extração do óleo de baru em meio aquoso utilizou-se reator laboratorial com agitação mecânica e relação de castanha de baru integral moída:água (soluto:solvente) de 1:10 (KHOEI E CHEKIN, 2016). O pH da mistura reacional foi ajustado para 6, a velocidade de agitação foi de 400 rpm e os tempos de extração estudados foram 15, 30, 45, 60, 70, 80, e 90 minutos. Todos os ensaios foram incubados em banho ultrassônico com frequência de 40 kHz e realizados em triplicata. Após a extração, a suspensão foi centrifugada a 2500 rpm por 20 minutos, e a fração precipitada (resíduo da extração) foi seca em estufa com circulação forçada de ar a 60°C por 36 horas. O resíduo seco foi submetido a análise do teor de lipídeos pelo método de Bligh e Dyer (1959). Foi considerada a melhor condição de extração aquela com menor teor residual de óleo, uma vez que o restante havia sido extraído. As médias do teor de óleo foram comparadas pela análise de variância (ANOVA), aplicando-se o teste de Tukey (p<0,05) utilizando o software Assistat 7.7 (Licença gratuita).
Resultado e discussão
Os resultados da composição química da amêndoa do baru encontram-se na
Tabela 1, pode ser observado que os lipídios formam a porção majoritária nas
amêndoas, sendo esta também rica em proteínas e carboidratos.
De maneira geral, a composição química das amêndoas apresentou pequenas
variações em relação aos trabalhos reportados na literatura, sendo que essa
variação pode estar relacionada com as características geográficas,
climáticas, genéticas e agronômicas (BORGES, 2013; CZEDER, 2009; LIMA, SOUZA
e TAKEUCHI, 2010; TAKEOMOTO et al., 2001)
A Tabela 2 apresenta os teores de óleo obtidos no resíduo da extração aquosa
assistida por energia ultrassônica do óleo da castanha de baru.
Na extração assistida por ultrassom (Tabela 1) observa-se que o tempo não
influenciou de maneira pronunciada no teor de óleo no resíduo da extração.
Como as respostas estão expressas em termos de porcentagem de óleo
remanescente no resíduo da extração, quanto menor a quantidade presente
nesse resíduo, mais favorável é a resposta para o processo, pois assume-se
que o restante do óleo foi transferido para o solvente de extração. Desta
forma, o tempo de 80 minutos foi o que melhor contribuiu para a extração. No
entanto, esse resultado não diferiu estatisticamente dos tempos de 30, 60 e
90 minutos com percentuais de óleo de 35,28%, 34,18% e 35,69%,
respectivamente. Assim, por razões econômicas e energéticas sugere-se
utilizar o menor tempo (15 minutos) para a extração aquosa do óleo da
amêndoa de baru.
Composição química da amêndoa de baru in natura
Conclusões
Os resultados mostraram na composição química valores próximos ao encontrado na literatura. É possível extrair óleo da castanha de baru empregando água como solvente em sistema assistido por energia ultrassônica.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e a Fundação de Amparo à pesquisa (FAPEMAT) pelo apoio financeiro e estrutural para realização d
Referências
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