Determinação da composição mineral de grãos de soja utilizados na alimentação humana no Brasil.

ISBN 978-85-85905-23-1

Área

Alimentos

Autores

Novaes, M.D.S. (IFMT) ; Passos, A.C.B. (IFMT) ; David, A.S. (IFMT) ; Silva, V.K.C. (IFMT) ; Villa, R.D. (UFMT) ; Oliveira, A.P. (IFMT)

Resumo

O objetivo deste estudo foi quantificar a concentração mineral de grãos de soja utilizados na alimentação humana no Brasil. Inicialmente foram coletados três lotes de seis marcas de soja, sendo as marcas 1 e 2 do tipo convencional, 3 transgênica, 4 sem especificação informada, e 5 e 6 orgânicas. Após, as amostras foram preparadas através de decomposição por via úmida, com quantificação de Ca e Mg em cromatografia de troca iônica, Fe, Zn, Mn e Cu em espectrômetro de absorção atômica em chama e Na e K por espectrometria emissão atômica em chama. No perfil mineral foram encontradas diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre as marcas para K, Fe, Cu, Mn e Zn. Os resultados obtidos indicam diferenças em relação aos rótulos, podendo ser a heterogeneidade atribuída a condições edafoclimáticas.

Palavras chaves

SOJA; MINERAIS; ALIMENTAÇÃO

Introdução

O grão de soja é proveniente da espécie Gycine max (L) Merril e está dentre as cultivares mais plantadas no mundo (BRASIL, 2007; CUNHA et al., 2015). Atualmente, os maiores produtores mundiais de soja são os Estados Unidos, Brasil, Argentina, China, Índia, Paraguai e Canadá. Dados da safra 2016/17 demostram o Brasil na segunda colocação com produção de 114,100 milhões de toneladas (USDA, 2017). De acordo com levantamento realizado pela CONAB na safra 2016/17 o consumo interno de soja em grão pelos brasileiros foi de 47,281 milhões de toneladas (CONAB, 2017). Esse consumo de soja no Ocidente tem aumentado significamente nos últimos anos, com crescimento de 5% ao ano e, este fato se deve ao desejo da população de se alimentar de forma mais saudável, a maior abundância de novos alimentos de soja no mercado, juntamente com o aumento do interesse em alimentos sustentáveis (SOYFOODS, 2018). No Brasil, o Projeto Integrado de Composição de Alimentos coordenado pela Universidade de São Paulo e BRASILFOODS (Rede Brasileira de Dados de Composição de Alimentos) divulga dados nacionais da qualidade de diversos alimentos por meio da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA), sendo os valores orientadores para 100 gramas de grãos de soja de 204 mg de cálcio (Ca), 13,5 gramas de ferro (Fe), 211 gramas de magnésio (Mg), 454 mg de fósforo (P), 1591 mg de potássio (K) e 3,54 mg de zinco (Zn) (USP, 2017). O aumento do consumo de soja pela população no ocidente, as diferentes formas de cultivo e cultivares, a influência da genética e fatores ambientais no grão fazem com que sejam necessários estudos constantes deste alimento. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi determinar a composição mineral de grãos de soja usados para alimentação humana comercializados no Brasil.

Material e métodos

Primeiramente, foi investigado e contabilizado o número de marcas de grãos de soja disponíveis no comércio varejista. Em seguida, por meio do contato com o serviço de atendimento do consumidor das empresas foram confirmados os dados a respeito do tipo dos grãos comercializados. Após isso, três lotes de seis marcas de soja em grão foram coletados, sendo as marcas 1 e 2 do tipo convencional, 3 transgênica, 4 sem especificação informada, e 5 e 6 orgânicas. Em seguida, para garantir a representatividade das amostras as mesmas foram quarteadas e reduzidas a amostras laboratoriais por meio de moagem em moinhos. Na determinação da composição mineral foi realizado o procedimento de preparo de amostras através da decomposição por via úmida segundo Gokmen et al. (2005). A concentração de sódio (Na) e potássio (K) foi determinada por espectrometria emissão atômica em chama (FAES) utilizando-se fotômetros de chama. Já a quantificação dos minerais ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e cobre (Cu) foi realizada em espectrômetro de absorção atômica em chama. E a quantificação do teor de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) foi feita por cromatografia de troca iônica, sendo que inicialmente as amostras digeridas foram diluídas para ajuste do pH na faixa de 2,33 a 2,54 e filtradas com membrana de porosidade 0,20 µm. Todas as leituras foram feitas de acordo com as recomendações do fabricante. A fim de verificar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os resultados médios obtidos as variáveis primeiramente foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Após Análise de variância (ANOVA) aplicou-se o teste de Tukey (p = 0,05) para os dados normais e Teste de Kruskal-Wallis para dados não normais utilizando o programa ASSISTAT® versão beta 7.7.

Resultado e discussão

Para o teor de K o grão 2 foi significativamente inferior as amostras 4 e 5, e a soja 4 também apresentou diferenças significativas (p ≤ 0,05) em relação à amostra 1 (Tabela 1). Todas as sojas tiveram quantidades de K inferiores aos valores encontrados na literatura e o orientado pela TBCA (USP, 2017). A marca 2 apresentou concentração de Cu significativamente superior em relação ao grão 5 e apenas as amostras 1 e 5 tiveram quantidade menor que 1,17 mg 100g-1, valor orientado pela TBCA (USP, 2017). Em relação ao teor de Zn, a soja 6 teve diferenças significativas (p ≤ 0,05) em relação as demais amostras, com maior concentração de 4,94 mg 100g-1 e todos os grãos, exceto a soja 1, apresentaram valores superiores ao orientado pela TBCA (USP, 2017). Para a concentração de Fe, a amostra 5 diferiu significativamente (p ≤ 0,05) da soja 3 e 6, e todos os valores foram inferiores ao apresentado no rotulo da marca 2 e 5 e ao orientado pela TBCA (USP, 2017). Teores médios de Fe próximos a este trabalho foram encontrados por Ciabotti et al. (2006) e Magalhães et al. (2015). O mineral Mn apresentou diferenças significativas (p ≤ 0,05) entre a amostra 4 e os grãos 1, 2, e 5; e entre a soja 1 e as marcas 3 e 6; e com exceção da amostra 1, todos os valores obtidos de Mn foram superiores ao orientado pela TBCA (USP, 2017). No caso da concentração de Na, todas as sojas obtiveram valores menores que o LQI de 8,35 mg 100g-1, e o orientado na TBCA (USP, 2017). As elevadas concentrações observadas para Ca e Mg podem estar relacionadas às praticas agrícolas realizadas no solo de plantio, como a calagem (SILVA et al., 2012; CAIRES & FONSECA, 2000). As divergências obtidas neste estudo podem ser devido ao solo de cultivo, tipo de semente, genótipo e condições climáticas (BOHN et al., 2014).

Tabela 1 -

Composição mineral (valores médios ± desvio padrão) de grãos de soja comercializados no Brasil.

Conclusões

Foram encontradas diferenças entre os resultados obtidos no presente estudo e o informado no rótulo pelas empresas, sendo importante que as mesmas se atentem ainda mais a apresentar quantidades corretas evitando uma propaganda enganosa à população. Diante do exposto, a avaliação da composição mineral de grãos de soja utilizados para consumo humano ofertados no mercado brasileiro, é de suma importância com intuito de garantir a qualidade nutricional, saudabilidade e a valorização econômica do produto, uma vez que este tipo de leguminosa tem sido cada vez mais adquirida pelos brasileiros.

Agradecimentos

IFMT, FAPEMAT, CNPq, CAPES, UFMT.

Referências

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GOKMEN, S., TUZEN, M., MENDIL, D., SARI, H. & HASDEMIR, E. Determination of some metals in (Zea mays L.) popcorn genotypes. Asian Journal of Chemistry, 17, 689-696, 2005.
MAGALHÃES, W.A., MEGAIOLI, T.G., FREDDI, O.S., SANTOS, M.A. Quantificação de nutrientes em sementes de soja. Revista de Ciências Agroambientais, 13(2), 95-100, 2015.
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SOYFOODS – ASSOCIATION OF NORTH AMERICA. Soy Products – Sales and Trends. 2018. Disponível em: http://www.soyfoods.org/soy-products/sales-and-trends. Acesso em: 05 jan. 2018.
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